PF cumpre mandados em operação que mira suposto caixa 2 de José Serra

Investigação da Polícia Federal aponta um esquema de Caixa 2 na ordem de R$ 5 milhões na campanha de José Serra ao Senado Federal nas eleições de 2014
JC
Publicado em 21/07/2020 às 7:27
O senador José Serra Foto: WILSON DIAS/AGÊNCIA BRASIL


Atualizada às 8h44

A Polícia Federal cumpre na manhã desta terça-feira (21) mandados de prisão e de busca e apreensão no âmbito de uma investigação sobre crimes eleitorais que envolve o ex-governador de São Paulo, José Serra. Trata-se de uma nova fase da Operação Lava Jato, em parceria com o Ministério Público Eleitoral (MPE), que investiga suposto caixa 2 na campanha de Serra ao Senado Federal nas eleições de 2014.

>> PF cumpre mandados contra José Serra em desdobramento da Lava Jato

A operação conta com cerca de 10 equipes da PF, entre eles agentes do Grupo de Pronta Intervenção da PF, grupo de elite, que cumprem quatro mandados de prisão temporária e 15 de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, Brasília, Iatiba e Itu, no estado de São Paulo. Também foi determinado o bloqueio de contas bancárias de investigados. 

Um dos alvos de mandado de prisão é o empresário José Seripieri Júnior, fundador e ex-presidente da Qualicorp, empresa de planos de saúde. A investigação apurou que um acionista de uma empresa da área de saúde estaria envolvida em um esquema de Caixa 2 na ordem de R$ 5 milhões, através de pagamento para colaboradores da campanha de José Serra em 2014. Esse acionista seria a pessoa que ordenava os pagamentos, feitos de forma simulada, para tentar encobrir a origem ilícita do dinheiro. 

Após compartilhamento de informação desses colaboradores, o caso foi remetido para a primeira instância da Justiça Eleitoral de São Paulo, uma vez que os supostos crimes teriam sido cometidos antes de José Serra ser eleito senador e, com isso, ter foro privilegiado. 

No decorrer das investigações, a PF também apurou a existência de outros pagamentos, em quantias elevadas e realizados por grandes empresas, uma delas do setor de nutrição e outra do ramo da construção civil. Todos esses pagamentos seriam destinados a uma das empresas supostamente utilizadas por Serra para a ocultação do recebimento das doações.

MPF

José Serra e a sua filha, Verônica Serra foram denunciados no início de julho pela Operação Lava Jato por lavagem de dinheiro internacional. Eles também foram alvos da Operação Revoada, da PF, que cumpriu mandados de busca e apreensão em São Paulo e no Rio de Janeiro. 

A denúncia é referente ao período em que José Serra foi governador de São Paulo. Ele teria usado seu cargo entre 2006 e 2007 para receber da Odebrecht pagamentos indevidos em troca de benefícios relacionados as obras do Rodoanel Sul.

As investigações apontam que Jose Amaro Pinto Ramos e Verônica Serra constituíram empresas no exterior, ocultando seus nomes, e por meio delas receberam os pagamentos que a Odebrecht destinou a José Serra.

A forca-tarefa acredita que, no esquema, podem ter sido lavados dezenas de milhões de reais ao longo dos últimos anos. Com as provas colhidas até o momento, o MPF obteve autorização na Justiça Federal para o bloqueio de cerca de R$ 40 milhões em uma conta na Suíça.

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