Com o slogan “Recife acima de tudo” - que lembra em muito o “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos” que em 2018 foi o mote da campanha à presidência de Jair Bolsonaro (sem partido) -, o ex-governador Mendonça Filho e a deputada estadual Priscila Krause tiveram suas candidaturas a prefeito e vice-prefeita homologadas na tarde desta quarta-feira (16), durante convenção do Democratas. O evento, que precisou ser feito de forma mais enxuta, de modo a obedecer as regras de distanciamento social em vigor no Estado, contou com a presença de filiados, candidatos a vereador e vários aliados de primeira hora dos democratas pernambucanos, como o ex-senador Armando Monteiro Neto (PTB) e o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PL).
Além de apontarem o que consideram falhas na gestão do prefeito Geraldo Julio (PSB) e criticarem a indicação do filho do ex-governador Eduardo Campos, João Campos (PSB), para a sucessão do socialista, em vários momentos do encontro Mendonça e Priscila deixaram clara a intenção de, caso eleitos, trabalharem para estreitar os laços entre a administração municipal e o governo federal. Durante toda a convenção também foi possível escutar uma música interpretada pelo cantor Alcymar Monteiro com versos que diziam que “Mendonça é Bolsonaro, e Bolsonaro é Mendonça”.
“Eu quero que o Recife possa se abrir para parcerias com o governo federal, com o governo Bolsonaro. Por que essa política da rinha política permanente do atual prefeito e do governador? Por que ficar apenas na politicagem eterna com o governo do presidente Jair Bolsonaro? Quem sai perdendo é o povo”, afirmou Mendonça Filho, perto do fim da convenção. Desde que lançou a sua pré-candidatura, o ex-governador já se reuniu com nove ministros de Bolsonaro e tem alinhado suas pautas às do presidente, para quem deu seu voto no segundo turno em 2018. Naquela mesma eleição, o então candidato do PSL venceu Fernando Haddad (PT) no Recife.
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Assista abaixo a convenção:
Em entrevista após o evento, Mendonça foi questionado se estava preocupado em ser cobrado por seus adversários por alguma das muitas polêmicas que envolvem o presidente da República, mas disse que não vai “cair nessa”. “Essa tática do PSB é manjada e velha. Eles são surfistas políticos. Viviam pendurados no pescoço de Lula (PT) quando ele tinha prestígio, depois em Dilma (Rousseff, PT). Apoiaram o impeachment e depois se esconderam desse fato. Eles ajudaram a tirar o PT do poder, votaram em Aécio Neves (PSDB) para presidente. Vivem escamoteando os problemas do Recife pregando uma nacionalização artificial da campanha, mas eu não vou entrar nessa”, cravou o candidato.
Mendonça, porém, não é o único postulante do grupo de oposição do qual faz parte que trabalha para vincular a sua imagem à de Bolsonaro. Alberto Feitosa (PSC) e Marco Aurélio (PRTB) também reivindicam o posto de candidato do presidente, sendo que este último não tem economizado críticas ao se referir ao movimento de aproximação do democrata com o chefe do Executivo nacional. O ex-ministro da Educação, contudo, disse não estar preocupado com esse tipo de ataque. “Eu não me preocupo com outros candidatos. Agora uma coisa é certa, com esse grande número de candidaturas, é muito provável que tenhamos segundo turno. Mas procure uma vaga para outro candidato no segundo turno, pois uma delas já está garantida e é de Mendonça e Priscila. Nós vamos elevar e qualificar o debate”, destacou.
Oligarquia
Denunciando por diversas vezes o que chama de “oligarquia” dos Campos-Arraes no Recife, Priscila, que é filha do ex-governador e ex-prefeito Gustavo Krause, diz que o seu caso e o do próprio Mendonça, filho do ex-deputado federal José Mendonça, não podem ser encarados da mesma forma. “Tradição familiar é diferente de uma família se locupletar, e é o que a gente está vendo acontecer aí. Estamos falando de tradições, não de jeitinhos. O que a gente vê é uma família buscar, de todas as formas e sem nenhum pudor, a perpetuação do poder. Tradição é você respeitar os momentos, as vocações e, acima de tudo, a coisa pública, e não é o que a gente vê, não é a postura que a gente vê do lado de lá. Com muita tranquilidade eu digo isso, o que a gente vê em Pernambuco hoje é a formação de uma oligarquia, que nada tem a ver com as melhores tradições pernambucanas”, argumentou a parlamentar.
Com a homologação da sua candidatura, Mendonça afirmou que deve anunciar ainda nesta semana o escolhido para a coordenação do seu plano de governo. A partir daí, ele conta que os trabalhos em torno das propostas que trará para o Recife serão iniciados. “Vamos formar grupos temáticos para discutir infraestrutura, habitação, saneamento, educação, saúde, transporte público, mobilidade, zeladoria da cidade, tudo coordenado por um nome muito qualificado”, explicou o democrata.
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