A chapa puro-sangue formada pelo ex-governador Mendonça Filho (DEM) e pela deputada estadual Priscila Krause (DEM) para a corrida pela prefeitura tem sido encarada por aliados da dupla e analistas políticos como uma escolha acertada da coligação Recife Acima de Tudo (DEM, PSDB, PTB e PL). Apesar de a parlamentar não ter sido a primeira opção do grupo para a composição, pois segundo o próprio Mendonça o vereador André Régis (PSDB) era cotado para o posto, o pensamento predominante é de que o cenário político atual somado à experiência de quase 20 anos que ela possui na vida pública a credenciam para a vaga.
Na avaliação do cientista político Elton Gomes, da Faculdade Damas, alguns fatores devem ser considerados para se entender a escolha de Priscila para a vice de Mendonça além da competência da deputada, como o fato de que outras cinco chapas possuem alguma mulher na sua composição e a falta de representatividade local dos demais partidos da coligação. “Em Pernambuco, as legendas que estão na coligação dele (Mendonça) não têm a mesma força (que possuem nacionalmente). E reforçando os aspectos de personalismo da vida pública e de mandonismo local que são caracterizadores da política do Nordeste brasileiro, aconteceu que com a decisão partidária e de um projeto de poder de Mendonça e Priscila, se estabeleceram condições para que se pudesse explorar, dentre outras coisas, a imagem feminina para poder contrabalançar outras candidaturas importantes, no espectro de direita representada pela delegada Patrícia Domingos (Pode) ,na esquerda, por Marília Arraes (PT). Esse foi o cálculo político realizado”, explicou.
Priscila foi vereadora por três vezes e está no seu segundo mandato de deputada estadual. Em 2016, concorreu à Prefeitura do Recife, mas como recebeu apenas 47.399 votos, não conseguiu se eleger. Dentre todos os candidatos a vice da capital pernambucana no pleito deste ano e até mesmo entre alguns cabeças de chapa, Priscila é a que possui mais experiência em cargos públicos. “A gente tem propostas, serviços prestados para enfrentar uma eleição, para ganhar essa eleição. E o mais importante, para fazer uma boa gestão na cidade do Recife. O caminho é longo, mas eu estou muito confiante”, afirmou Priscila após a convenção do DEM.
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Para Ernani Carvalho, cientista político da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a bagagem pessoal da deputada deve ajudar os democratas durante a campanha rumo à prefeitura. “O fato de ter sido vereadora e de ter uma postura atuante na Câmara Municipal, conhecendo muito bem a cidade, faz diferença, pois a eleição municipal tem uma dinâmica diferente, vereadores costumam puxar votos para os prefeitos que apoiam. Isso para não falar que ela é muito capacitada”, detalhou Carvalho.
Pai da deputada, o ex-governador de Pernambuco e ex-prefeito do Recife Gustavo Krause (DEM) não pôde participar da convenção da última quarta-feira por conta da pandemia, mas encaminhou um vídeo para a organização do evento celebrando a composição e falando sobre a sua visão a respeito da parlamentar. “A política chegou na minha vida quase que acidentalmente, mas no caso de Priscila não, ela correu atrás. Ela teve mais juízo do que sorte, enquanto eu tive mais sorte do que juízo. (...) Hoje ela não é filha de Gustavo, não é filha de um papai que foi político, ela tem a sua personalidade conquistada, a sua respeitabilidade, a sua competência, estudou muito, tem estudado muito e acho que ela pode ser de muita valia em uma gestão pela cidade do Recife, porque está ao lado de um grande candidato”, declarou Krause, na ocasião.
Ao falar sobre a correligionária no dia da homologação das suas candidaturas, Mendonça Filho referiu-se a Priscila como “uma irmã” e ressaltou que, caso sejam eleitos, ela não terá um papel “decorativo” no governo. “Eu tive a sorte, a bênção de receber de Armando (Monteiro, PTB), de Bruno (Araújo, PSDB) e de Anderson (Ferreira, PL) o aval para que ela (Priscila) estivesse na minha chapa. E não vai ser uma vice decorativa, vai estar ao meu lado restabelecendo a dignidade da cidade, devolvendo ao recifense o orgulho que ele tinha da sua cidade”, disse o democrata.
Raquel Lyra (PSDB), prefeita de Caruaru, e Priscila são amigas desde o período em que trabalhavam juntas na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), quando estavam em campos opostos, pois a gestora municipal era filiada ao PSB. Apesar das diferenças políticas da época, a agora tucana conta que a sua admiração pelo trabalho da democrata nasceu a partir daquele momento. "Priscila, você tem o meu carinho, o meu respeito, eu tenho a honra de poder ser sua eleitora, lhe carreguei para Caruaru para você nos ajudar e hoje vocês não têm Priscila só para vocês no Recife. Em Caruaru, quando nos falta a voz daqueles que se curvam aos desmandos e à falta de investimentos muitas vezes em saúde, em segurança, sobra a voz de Priscila para defender os interesses do nosso povo. Se Caruaru perder - e espero que perca - você como deputada estadual, não perderá a sua voz. Recife receberá uma grande vice-prefeita", afirmou Raquel.
“Priscila Krause parece ter uma formação sólida, pois contou com uma legenda na qual ela não teve que lutar por espaço, diferentemente do que ocorreu com a Marília Arraes. Ela construiu uma carreira dentro da sua sigla, tanto que no Democratas ela foi muito bem assessorada, recebeu conselhos políticos de pessoas como Joaquim Francisco, como o próprio pai dela, Gustavo Krause, pessoas que conhecem as instituições formais e informais do processo político. Ela tem uma atuação parlamentar muito destacada e figura hoje como uma das poucas deputadas realmente de oposição ao governo Paulo Câmara”, destacou Elton Gomes.
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