De passagem pelo Recife, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta quinta-feira (3) que os deputados "já têm feito sacrifício", ao ser questionado se a reforma administrativa da Câmara, apresentada nessa quarta-feira (2), previa redução dos salários dos parlamentares. Maia afirmou ainda que o Legislativo é o único dos três poderes que permanece com o teto salarial de R$ 33 mil, e não de R$ 39 mil, como os demais.
"Os salários dos deputados já estão reduzidos em relação ao teto de gastos. É que as pessoas só fazem a crítica. Quando a gente não aumenta o salário do deputado ninguém aplaude. Lembrando que o único dos três poderes que não estão no teto de R$ 39 mil, mas de R$ 33 mil é o Legislativo", disse o democrata.
» Maia apresenta reforma administrativa de cargos da Câmara
"Então, os deputados já têm feito sacrifício, tem trabalhado. Os deputados têm feito sua parte e vamos continuar fazendo com a reforma administrativa da Câmara que apresentamos na tarde de ontem (quarta, 2)", completou Maia.
O presidente da Câmara afirmou ainda que, na reforma da Previdência, o único sistema que não teve regra de transição foi o de deputados e senadores. "Nós fomos direto de 60 anos para 65", declarou o político.
Rodrigo Maia esteve no Recife, nesta quinta-feira, para participar de uma reunião com o governador Paulo Câmara (PSB) e com o Comitê dos Secretários de Fazenda dos Estados (Comsefaz), cujo coordenador é o secretário estadual da Fazenda, Décio Padilha.
Após o encontro, Maia falou à imprensa e defendeu a reforma administrativa do governo federal, a qual chamou de “boa” e afirmou que ela não vai “retirar nada dos servidores, mas valorizá-los”.
» Veja os principais pontos da proposta de reforma administrativa enviada ao Congresso
“Eu não li o texto ainda, mas acho que a base da proposta é boa. O país precisa discutir isso. [A reforma administrativa] não é um debate com pressa, mas com a urgência que o Brasil necessita. O Brasil precisa que o gasto público tenha uma maior qualidade”, afirmou Rodrigo Maia.
O líder democrata afirmou ainda que o governo acertou ao não tratar da estabilidade dos atuais funcionários públicos, mas apenas dos futuros. “Eu defendo que a estabilidade não pode ser plena, nem para todas as categorias. E proposta do governo, pelo que vi nos sites de notícias, traz isso. Ela também acerta ao não enfrentar a questão da estabilidade para os atuais servidores, porque não adianta ficar conflitando com o modelo atual, mas criar um novo modelo que possa trazer mais qualidade para o serviço público”, disse.
» Aposentadorias podem ser janela para a reforma administrativa, aponta estudo
O deputado rechaçou ainda a ideia de que a reforma é prejudicial aos funcionários públicos. “Diferente do que alguns imaginam, esta não é uma reforma para tirar nada do servidores, mas para valorizá-los. Porque, à medida que o serviço público melhora, o servidor também é beneficiado”, argumentou Maia.
Segundo Maia, "sempre há ajustes a serem feitos", mas a reforma administrativa precisa ser aprovada rapidamente, assim como a tributária, para que o país siga um caminho de crescimento. "Vamos trabalhar para criar logo a comissão especial", afirmou Maia, em relação a reforma administrativa.
Questionado sobre a ausência do Judiciário na reforma, Maia explicou que divergências quanto à possibilidade de um poder mexer na estrutura do outro fez com que o servidores da Justiça ficassem de fora. "O importante é que consigamos trazer o Judiciário por decisão deles, porque eles também precisam de uma modernidade", defendeu o presidente da Câmara.