Em entrevista concedida à Rádio Jornal na tarde desta quinta-feira (3), o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) tratou temas pertinentes como eleições, declarou que irá apoiar o candidato à majoritária visando que a sigla em 2022 supere a cláusula de barreira. Na sua avaliação, ele disse que o Brasil está se saindo bem no enfrentamento à pandemia do coronavírus. Na ocasião, Mourão também ressaltou não estar substituindo o ministro de Meio Ambiente, Ricardo Salles, após ter assumido a responsabilidade do Conselho da Amazônia Legal.
No Recife, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) já está com apoio declarado ao candidato da sigla, o deputado estadual Marco Aurélio. No entanto, o presidente Jair Bolsonaro ainda não vai subir em palanque. De acordo com Mourão, o apoio será dado a todos os candidatos do PRTB visando 2022, na tentativa de o partido conseguir superar a cláusula de barreira.
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"Já deixei claro que vou apoiar os candidatos do meu partido. O PRTB precisa dar uma ressuscitada. O presidente nacional Levy Fidelix me pediu para auxiliar nisso e vou apoiar os candidatos a prefeito e principais candidatos a vereador, de modo que o partido consiga formar uma base para que em 2022 a gente consiga superar uma cláusula de barreira", declarou.
Para o pleito de 2022, o presidente Bolsonaro estuda concorrer com uma vice mulher na chapa, deixando o atual vice de lado. Questionado para onde iria caso isso aconteça, Mourão disse no momento estar focado na tarefa dada e que não pensa em seguir na vida política, porém, está pronto para acompanhar o presidente. "Só aguardo 2022. Penso que o presidente Bolsonaro candidato à reeleição me convidaria para continuar acompanhando ele nessa trajetória e estou pronto para acompanhá-lo caso ele necessite de outra pessoa no sentido de obter apoio de outras correntes políticas. Por enquanto, não tenho nenhuma visão de continuar na política. Passei 46 anos no Exército e mais quatro na política, são 50 anos de trabalho efetivo, não sei ainda quanto tempo de vida o bom Deus vai me dar, talvez eu precise cuidar um pouco mais da família", enfatizou.
Após ter recebido uma função na questão do meio ambiente para estar mais na linha de frente e tendo maior protagonismo que o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, o vice-presidente da República Hamilton Mourão (PRTB) explicou que o presidente Bolsonaro (sem partido) decidiu atribuir a responsabilidade do Conselho Nacional da Amazônia Legal a ele.
"O presidente Bolsonaro decidiu recriar o Conselho e me atribuiu a responsabilidade de presidi-lo. Passou a ser uma atividade minha tratar de assuntos ligados a área ambiental, uma vez que a Amazônia salva os olhos do mundo todo, do Brasil em particular". Ele fez questão de ressaltar que a sua função é apenas controlar os "diferentes ministérios que possuem políticas públicas voltadas para isso". "Não estou substituindo Ricardo Salles em hipótese alguma", pontuou.
Questionado sobre a imagem que o País tem de não tratar bem o meio ambiente, Mourão foi direto: "existe uma desinformação muito grande". "Quando olhamos o mapa do Brasil, 66% do território ainda é coberto pela vegetação original natival. No caso da Amazônia, é 84% do Brasil, destina 20% para pastagem, a criação de gado, praticamente 8% para agricultura e 3,5% para cidades, infraestrutura e outras obras feitas pelo homem. Somos o País que mais preserva o território com energia limpa, nossa matriz é praticamente metade hídrica, eólica e solar, diferente de parte do mundo".
Para Mourão, a politização de decisões em Brasília é dada pelas seguidas crises de corrupção que envolveram o Executivo e legislativo, o que acabava dando maior responsabilidade para o judiciário "que passou a assumir um protagonismo ultrapassando os limites do seu poder". "Engessando em searas específicas do Executivo e legislativo. Cito a decisão do presidente da República de nomear um diretor da Polícia Federal ser derrubada por uma medida judicial. Isso é uma decisão que, na minha visão, não competia o processo por parte do judiciário, assim como tenho visto que partidos políticos tenham usado o judiciário como auxiliar. Quando não tem o pleito aprovado no Congresso ou o próprio Executivo, vai ao judiciário para judicializar a questão, e ele vai analisar algo que não deveria. É uma questão política, precisamos melhores essa visão, de modo que está ocorrendo o equilíbrio e a harmonia dos poderes".
Com relação a escolha do ministro do Supremo Tribunal Federal para substituir o ministro Celso de Mello, que se aposentará em novembro, Mourão comentou não ter sido convidado por Bolsonaro para ajudar na escolha do substituto. "Tenho certeza que o presidente vem buscando e já tem alguns nomes em mente. Obviamente, gente com conhecimento na área jurídica que tenha estofo e tempo de trabalho nessa área. Óbvio que pessoas que tenham uma visão de mundo parecida com a dela, com uma agenda conservadora. Esses assuntos são tratados pelo cerco mais próximo dele e até o presente momento ele não tratou comigo. Se ele perguntar minha opinião, expressarei no momento desejado".
Questionado sobre o governo Bolsonaro ter começado com um viés mais liberal e, agora, ter dado uma certa guinada mais desenvolvimentista, o vice presidente ressaltou que a plataforma de governo é liberal e citou a reforma da Previdência como exemplo. "A reforma da Previdência foi considerada o passo inicial para que a gente conseguisse reorganizar a economia no País. Tem duas colunas mestras totalmente comprometidas: o equilíbrio fiscal e a produtividade. Uma vez aprovada a Previdência, foram enviadas ao Congresso três propostas de emenda constitucional, o pacto federativo, a dos fundos e a emergencial, para lidar com a questão da gente desregular, desvincular e desburocratizar parte do orçamento. Seria apresentada a reforma administrativa, mas entrou a pandemia".
Com relação a reforma administrativa não se aplicar a militares, ele disse não ter dúvidas de que é uma reforma fundamental. "A proposta foi apresentada dentro dos limites que vemos hoje como aceitáveis pelo conjunto dos representantes da sociedade que estão no Congresso. Vai ser discutido e ainda poderá evoluir, não temos dúvidas de que ela é fundamental para que haja previsibilidade dos gastos brasileiros com seus três níveis e ao longo dos três anos aumentaram muito acima da inflação".
Segundo Hamilton, o Brasil procurou se adaptar para o enfrentamento da pandemia do coronavírus, mas "o enfrentamento no País desigual regionalmente e socialmente não tinha forma de bolo". "Além de ser uma doença que a medicina demorou para compreender a melhor forma para combate-la com as armas existentes, uma vez que até o presente momento não temos medicamento que seja 100% eficaz, nem a vacina e nem a imunização. O governo procurou se adaptar a curva da doença, a capacidade do nosso sistema de saúde, disseminando as melhores práticas e distribuindo recursos para estados e municípios. Não só recursos financeiros, mas humanos, que tivemos que mandar para o Norte pela carência de pessoas", Mourão lamentou pelos 120 mil mortos e fez uma comparação esdrúxula. "Não chegamos a um milhão de mortes, também não chegamos a 50, 60 mil, hoje estamos com pouco mais de 120 mil e de uma forma geral as ações do governo foram positivas".
Na última terça-feira (1º), foi divulgada pela Secretaria de Comunicação do governo federal que tudo será feito pelo poder Executivo, com relação a vacina do coronavírus, "mas impor obrigações definitivamente não está nos planos". Um dia antes da declaração da Secom, o presidente Bolsonaro declarou que "ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina". Perguntado sobre a sua orientação com relação ao tema, o vice presidente disse "o que colocamos é uma obrigação" e relacionou a obrigatoriedade com a ditadura.
"Agora, tem pessoas que, por consciência, não querem tomar e não há como o governo obrigar, a não ser que vivêssemos em uma ditadura, obrigar que todos se vacinassem. Vamos exigir que as pessoas andem com o cartão de vacina na rua? Isso não ocorre no Brasil e foi isso o que colocamos. O presidente e eu, todo o governo, sabemos perfeitamente que a imunização vai passar pela vacinação em massa no País, construída de modo que ocorra dos grupos de maior a menor risco", explicou.