A postulante à Prefeitura do Recife Marília Arraes (PT) tem procurado cada vez mais evidenciar ao eleitorado recifense uma diferenciação entre a sua candidatura e a do seu adversário e primo João Campos (PSB), que figura no mesmo campo político da esquerda. Na participação da petista na sabatina da TV Jornal, ocorrida na manhã desta sexta-feira (23), ela reafirmou esse posicionamento, ao comentar sobre o cargo que ocupou à frente da Secretaria da Juventude e Qualificação Profissional do Recife no primeiro mandato do prefeito Geraldo Julio (PSB). Segundo ela, a experiência a fez tomar a decisão de ir para a oposição ao PSB.
"Eu vi que essa gestão não prioriza quem é pobre, quem mais precisa, quem está ali em uma situação que está com uma barreira para cair em cima da sua casa, ou em baixo da sua casa, quem está precisando de casa, quem precisa de uma moradia digna, não prioriza aquela pessoas que está dormindo em fila para conseguir marcar uma consulta, que não consegue proceder a um exame. Então tudo isso me fez ter a certeza de que aquele não era meu lado. É importante separar bem quem é do lado de lá e quem somos nós", afirmou a candidata.
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A candidata lembrou o fato de ter sido líder da oposição ao governo de Geraldo na Câmara do Recife, em 2017. Era o seu terceiro mandato como vereadora e ela já havia saído do PSB para filiar-se ao PT. "É necessário que a gente tenha coragem de fazer as mudanças necessárias e tenha compromisso também. Vou dar um exemplo para vocês: Geraldo Julio no primeiro dia que foi candidato a primeira vez esteve na favela do Bode, lá na comunidade do Bode, prometeu fazer mil e uma mudanças e continua do mesmo jeito depois de oito anos. O presidente Lula nos primeiros dias de mandato esteve em Brasília Teimosa e fez a mudança que vocês conhecem. Então, a gente tem compromisso, a gente sabe como é que e principalmente, quem está do lado do povo somos nós", disse.
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Propostas
Questionada sobre o seu programa "Palafita Zero", semelhante ao "Recife Sem Palafitas", implementado na primeira gestão do PT do Recife, a partir de 2001, a candidata falou do compromisso em dar continuidade a essa política pública. Os recursos para viabilizar a propostas devem ser obtidos através do corte de gastos da máquina. Segundo apontou a candidata, são gastos quase R$ 30 milhões por ano pela prefeitura com aluguel de carros.
"O PT conseguiu iniciar um processo de tirar as pessoas das palafitas, isso a cidade do Recife é testemunha. Quem conhece Brasília Teimosa, quem conhece diversas regiões do Recife onde havia as palafitas. Agora, esse tipo de política pública tem que ter continuidade mas parece que o PSB tem uma avidez por apagar marcas de gestões anteriores, mesmo que essa marca seja boa para as pessoas. Não conseguimos dar continuidade porque essa gestão desconsiderou a habitação", disse.
Ela voltou a citar gastos com a Habitação no ano de 2019 no Recife, correspondente à 0,7% do orçamento. "Isso é praticamente suficiente para pagar cargos comissionados da secretaria de Habitação. A Habitação não pode servir simplesmente para cabide de emprego. Mas a gente vai dar continuidade a esse projeto e é possível. Para vocês terem uma ideia, só com carro, aluguel de carro, a prefeitura gasta por ano quase R$ 30 milhões. Isso é questão de prioridade", disse. Essa secretaria até recentemente era comandada pela candidata a vice-prefeita na chapa de João Campos (PSB), Isabella de Roldão (PDT).
Sobre o combate às desigualdades, principal pilar do seu programa de governo, Marília Arraes destacou como prioridade à gestão da saúde, citando, entre outras propostas, a de criar três centros de medicina diagnóstica na Zona Norte, Sul e Oeste/Noroeste do Recife.
"A saúde no Recife está doente. As pessoas dormem nas fila para marcar consulta, não conseguem proceder os seus exames, então nós vamos zerar essa questão de dormir em fila, de não ter equipes de saúde da família o suficiente, vamos ampliar as equipes de saúde da família, que hoje são menos do que era a oito anos atrás. Vamos melhorar a assistência farmacêutica da cidade do Recife e vamos colocar um aplicativo, um sistema eficiente para que as pessoas não precisem mais dormir em fila em pleno ano de 2021", pontuou Marília.
Segundo turno
Na segunda rodada da Pesquisa Ibope/JC/Rede Globo, divulgada no último dia 15 de outubro, permaneceu com os mesmo índice de 14% das intenções de voto registrado na primeira rodada. Além de Mendonça, que caiu de 19% para 18%, Marília agora também briga pela segunda colocação com a Delegada Patrícia (Podemos), que subiu de 11% para 13%. Os três estão empatados tecnicamente, considerando a margem de erro máxima de três pontos percentuais para mais ou para menos. Enquanto isso, João Campos lidera com 33%.
Ao considerar a possibilidade de ir para o segundo turno, a candidata considerou a nova etapa uma a oportunidade de um confronto "cara a cara" com o "candidato do prefeito". "Ai eu quero ver o candidato do prefeito, que esconde que é o candidato do prefeito, fugir do debate. A gente quer debater, confrontar ideias. Não quer candidato que chega com um script pronto, lê no teleprompter, lê num papelzinho, aparece na televisão, chega aqui com tudo pronto para falar em uma sabatina como essa e de repente não mostra de verdade quem é para o Recife. Então, no segundo turno, a gente vai ter a oportunidade de fazer isso", completou Marília.
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