Eleições 2020

Segundo turno: Recife, Paulista e mais 55 cidades no País decidem o futuro neste domingo (29)

Eleitores de 57 cidades brasileiras voltam às urnas hoje para escolher em definitivo os seus prefeitos para os próximos quatro anos

Marcelo Aprígio
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Marcelo Aprígio
Publicado em 29/11/2020 às 2:00
Arte sobre fotos de Arnaldo Carvalho e Yacy Ribeiro/JC Imagem
No Recife, disputa entre João Campos e Marília Arraes será voto a voto - FOTO: Arte sobre fotos de Arnaldo Carvalho e Yacy Ribeiro/JC Imagem
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O segundo turno das eleições ocorre neste domingo (29) em 57 cidades brasileiras. Em Pernambuco, mais de 1,3 milhão de eleitores retornam às urnas no Recife e em Paulista para escolher quem vai comandar as prefeituras das duas cidades pelos próximos quatro anos.

As regras para o dia da votação no primeiro turno continuam valendo para este segundo turno. O eleitor pode, por exemplo, demonstrar sua preferência por partido, coligação ou candidato através de uma manifestação individual e silenciosa, com o uso de bandeiras, broches, adesivos e camisetas. Por outro lado, é proibida a distribuição de materiais gráficos nesse dia; realização de atos de campanha, como caminhadas ou passeatas, e também a chamada "boca de urna", que é a promoção ou pedido de votos para determinado candidato ou partido.

Na primeira fase das eleições municipais deste ano, em todo o Estado, a Polícia Federal registrou onze prisões em flagrante pelos crimes de transporte irregular de eleitores ou compra de votos, previstos nas Leis 6.069/74 e 4.737/65; e ainda 21 Termos Circunstanciados de Ocorrência pelo crime de propaganda irregular (boca de urna), previstos na Lei 9.504/97. Ao todo, 32 pessoas foram conduzidas à presença de autoridade policial no dia da votação, por irregularidades identificadas.

Uma das grandes novidades deste ano, a justificativa no dia da eleição pelo e-Título decepcionou no primeiro turno ao apresentar instabilidade no dia da votação. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) trabalha para que o problema não se repita e, inclusive, fez uma mudança: não será possível fazer o download do aplicativo no dia da eleição. Os eleitores tiveram até as 23h59 de ontem para baixar o aplicativo.

As medidas de segurança sanitária em razão da pandemia do novo coronavírus, como uso obrigatório de máscara e horário ampliado para a votação, seguem valendo para o segundo turno. O que também continua é a ampliação do horário de votação em uma hora, indo das 7h às 17h. O TSE orienta que idosos e pessoas que fazem parte do grupo de risco votem das 7h às 10h, quando terão preferência na hora do voto.

Haverá apenas uma mudança neste segundo turno, quando o eleitor deverá votar apenas para prefeito (dois dígitos) e não mais nos vereadores. O eleitor deverá digitar o número do candidato. Na tela, aparecerão foto, número e a sigla do partido do candidato escolhido. Verificada as informações, aperte a tecla verde (confirma). Há ainda as opções do voto nulo e branco. É permitido levar uma cola eleitoral para o local de votação.

PANORAMA

Pelo menos 17% dos eleitores recifenses aptos a comparecer às urnas devem votar branco ou nulo ou ainda não escolheram em quem votar para a Prefeitura do Recife neste segundo turno das eleições. Se considerarmos o universo total de eleitores, seriam quase 197 mil pessoas com intenção de invalidar o voto ou que deixaram a escolha para a última hora. Os dados são da pesquisa Ibope divulgada na última quarta-feira (25).

"Quando a gente analisa historicamente as eleições, vemos que a decisão tardia é muito mais comum em cargos proporcionais — vereadores, por exemplo. Isso acontece menos nos cargos majoritários. Mas esse caráter plebiscitário, de segundo turno, de sim ou não para um candidato ou outro, influenciou e aumentou o número de indecisos para prefeito este ano, o que só deve ser resolvido, de fato, na hora de votar", avalia o cientista político e professor da Asces-Unita Vanuccio Pimentel.

A cientista política e professora da Faculdade de Ciências Humanas de Olinda (Facho) Priscila Lapa analisa que a eleição deste ano tem características diferenciadas que podem justificar a decisão tardia. "Temos alguns elementos que deixam as pessoas indecisas neste ano, em especial. Candidaturas fortemente rivais, o debate por vezes violento e até superficial. Quando você tem um antagonismo muito forte, os extremos se tocam, e a percepção média do eleitor acaba por enxergar um nivelamento que confunde", pontuou Carvalho.

Perfeito exemplo de uma eleitora nessa situação, a empregada doméstica Adilza Ferreira, 46 anos, está, segundo ela, "mais que indecisa" para esta segunda fase. A recifense diz que tem horas que quer votar em João Campos (PSB), mas depois acredita que Marília Arraes (PT) seja uma melhor opção. "Sigo fazendo pesquisas para poder decidir meu voto, porque nunca abri mão dele. Se eu tenho o direito de escolher, eu quero dar meu voto a quem achar que possa ser o melhor pra mim e para minha cidade", explica.

Para tentar liquidar a fatura, o candidato socialista apostou, desde o começo do segundo turno, numa campanha cujo objetivo era promover uma forte desconstrução do perfil da adversário, tendo aliado a isso o antipetismo, investindo contra a legenda de Marília.

De acordo com o cientista político e professor da Unicap José Alexandre, essas informações contra a petista, principalmente, se recebidas pelos eleitores de última hora podem ser determinantes para a decisão entre os candidatos. "O movimento de eleitores de um candidato para outro, ao meu ver, é incomum, até porque os próprios candidatos se esforçam para se mostrar como antagônicos. Nesse caso, os brancos, nulos e abstenções podem ser essenciais", analisa o especialista.

A empresária Juliana Soares, 40, é mais uma das indecisas que podem mudar de opinião de última hora. "Estou pensando muito em votar branco, mas tem uma candidatura que rejeito menos do que a outra. Não queria nenhum dos dois, mas também nunca invalidarei meu voto. Vou esperar até o fim para decidir. Nunca passei por isso", desabafa Daniela.

Já o advogado Lúcio Freire, 39, decidiu viajar com a família no dia da eleição para não comparecer às urnas neste domingo. "Eu, particularmente, não me sinto nem um pouco representado pelos dois que estão na disputa. Por isso, escolhi aproveitar o fim de semana com minha esposa e filhos longe do Recife, para poder justificar o voto", conta Freire.

"A taxa de alienação política sempre vai existir. É da democracia. Você também pode escolher não se posicionar. Mas, este ano, essa taxa pode ser maior devido à pandemia, que vem apresentando aumento no número de infectados, e à agressividade assistida durante a campanha neste segundo turno", pontua o cientista político José Alexandre.

PRIMEIRO TURNO

No primeiro turno, como apontavam projeções de analistas políticos, o número de votos nulos/brancos ficou em 13,85% (128.376 eleitores) e foi superior ao da última eleição municipal, em 2016, quando o índice foi de 12,01%.

Mais de 230 mil eleitores não compareceram às urnas no domingo do primeiro turno, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O nível de abstenção, de 19,89%, é mais alto se comparado às eleições de 2016, quando 11,31% do eleitorado não votou. O índice é formado por aqueles que estavam aptos, mas escolheram não votar.

BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
Página gráfica das eleições 2020 - FOTO:BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
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Domingo de segundo turno no Recife e em Paulista - FOTO:Bruno Campos/JC Imagem

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