CONJUNTURA

Para João Campos a "polarização excessiva" sai enfraquecida destas eleições

O prefeito eleito do Recife continuará debatendo com os partidos do campo progressista o futuro do país para 2022. Em Pernambuco, PSB considera resultado das urnas positivo e não descarta manutenção do diálogo com o PT.

JC
Cadastrado por
JC
Publicado em 02/12/2020 às 19:46
JAILTON JR./JC IMAGEM
João Campos defende um diálogo amplo em busca da unidade destacando que em seu palanque recebeu apoio de 11 partidos, e que alguns possuem "visão de mundo diferente" - FOTO: JAILTON JR./JC IMAGEM
Leitura:

Atualizada às 20h10

Desde que foi eleito prefeito do Recife, João Campos (PSB) tem sido enfático ao afirmar que irá se dedicar integralmente para governar a cidade pelos próximos quatro anos. Entretanto, o socialista já demonstra que não se furtará em debater os rumos do Brasil para 2022. Vice-presidente nacional de Relações Federativas do PSB, João Campos ressalta que as eleições municipais mostraram que a “polarização excessiva” saiu enfraquecida da corrida eleitoral.

>> "Isso vai ser um tema discutido durante a transição", diz João Campos sobre o Carnaval do Recife em 2021

>>Em reunião com Geraldo Julio, João Campos quer saber das ações que estão em curso na prefeitura do Recife

“Que bom que o Brasil pôde dar um recado nas urnas de que essa estridência não leva a nada e a canto nenhum. Nós precisamos debater os problemas do Brasil, os caminhos para o Brasil e naturalmente só fazemos isso se soubermos ouvir quem pensa diferente”, afirmou Campos, ressaltando também o bloco formado pelo PSB, PDT, Rede, PV e PCdoB, que a nível nacional tem se unido como uma via sólida de centro-esquerda. 

Em entrevista nesta quarta-feira (2), ao jornalista Datena, da Rádio Bandeirantes, João Campos foi questionado sobre como vê o presidenciável Ciro Gomes (PDT) como liderança no Nordeste dentro de um cenário de disputa pela presidência da República. Neste segundo turno das eleições municipais do Recife, tanto o líder pedetista quanto o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), e a ex-candidata à presidência Marina Silva (Rede), declararam apoio à candidatura do socialista.

Em sua resposta, o futuro prefeito afirmou que a polarização política saiu enfraquecida com o resultado obtido nas urnas. "Vemos que blocos mais extremistas perderam força e eu colocaria como tema prioritário analisar o que cada partido pode fazer para construir com a discussão nacional. Essas grandes lideranças que citei têm condições de ter essa importante atuação", declarou. Ele mostrou que a partir do bloco formado pela Frente Popular, no Recife, com 12 partidos e alguns com um viés mais distinto do PSB, seria possível construir uma unidade para enfrentar essa onda mais conservadora.

A avaliação dos resultados obtidos nas urnas e a conjuntura política nacional será debatida pelo PSB no dia 11 de novembro. O Diretório Nacional, através do presidente Carlos Siqueira, convocou todos os socialistas a participarem de uma reunião virtual, às 14h, para tratar das perspectivas do partido para o futuro e a deliberação sobre o XV Congresso Nacional. O partido tem feito o discurso da “autocrítica” abrindo a discussão para uma autorreforma interna da sigla.

TRANSIÇÃO DE GOVERNO

Os nomes dos integrantes que formam a equipe de transição do governo do prefeito Geraldo Julio para o prefeito eleito João Campos (ambos do PSB) deverão ser publicados na edição do Diário Oficial (D.O) até a edição deste sábado (5). Apesar de terem um tempo menor neste período, de três meses para 30 dias , devido ao adiamento das eleições por causa da pandemia da covid-19, os indicados das duas equipes não haviam sido divulgados no primeiro encontro que ocorreu entre os gestores.

O chefe de gabinete do prefeito, Rodrigo Farias, o secretário de Planejamento e Gestão, Jorge Vieira, e o secretário de Infraestrutura, Roberto Gusmão, são alguns possíveis indicados da equipe atual para participarem desse processo. Nesta terça-feira (1º), eles também participaram da reunião com Geraldo Julio e João Campos. 

Além do repasse completo do retrato da atual gestão, com informações detalhadas sobre os andamentos dos projetos, ações planejadas, estruturação administrativa e o quadro financeiro do município, também será discutida na transição a formação da nova composição do Executivo. O prefeito João Campos foi eleito com apoio de 11 partidos, que integram a Frente Popular do Recife e devem ser contemplados com espaços nas secretarias.

“Primeiro é um compromisso de capacidade técnica. A gente tem que ter para determinada área indicada uma pessoa que tenha uma estrita capacidade técnica para entregar aquela solução. Depois tem dois pontos que não podem ser excluídos, que é a sensibilidade social e uma sensibilidade política. Você não pode achar que alguém que vai exercer cargo público, ele tem que ser isento de sensibilidade política”, declarou, durante a entrevista à Rádio Bandeirantes.

FORTALECIMENTO DO PSB

O PSB sai destas eleições com um saldo de 53 prefeitos eleitos, 36 vice-prefeitos e um número recorde de 492 vereadores. Para o presidente estadual da legenda, Sileno Guedes, mesmo com um recuo no número de prefeitos em comparação a 2016, o resultado é positivo e fortalece a legenda para as próximas disputas.

De acordo com o dirigente, o PSB conseguiu recuperar cidades importantes como Salgueiro, com Dr. Marcones Sá; Garanhuns, com o deputado Sivaldo Albino; Gravatá, com Padre Joselito; e São Lourenço da Mata, com Vinícius Labanca. Além de dar continuidade ao projeto socialista no Recife, com a vitória de João Campos. “ É o conjunto da Frente Popular, que continua majoritariamente. Houve um recuo do número de prefeitos, mas esse recuo é compensado pela presença do PSB nas eleições importantes”, declarou Guedes, ao JC.

Ele também atrelou essa baixa a fatores como o cenário atípico provocado pela pandemia da covid-19, e pela troca de partidos de alguns prefeitos eleitos pelo PSB, no pleito anterior, a exemplo de Miguel Coelho que foi reeleito em Petrolina pelo MDB. Além de outros candidatos que migraram para legendas que compõem o arco de partido aliados aos socialistas.

Sobre o PT, Sileno Guedes não descarta o diálogo com seus integrantes, mas corrobora do posicionamento adotado pelo prefeito eleito João Campos de que “não haverá indicação política do Partido dos Trabalhadores” em seu governo. O dirigente socialista, inclusive, credita à população recifense o papel de colocar PT na oposição ao escolher João Campos e não Marília Arraes (PT) para gerir a cidade pelos próximos quatro anos.

“Essa fala é muito apropriada, não podemos ser diferentes. A população colocou o PT na oposição e não cabe ao prefeito eleito desfazer esse movimento, que quem fez foi o eleitor. Agora, nós estamos dialogando com outras forças de centro esquerda, em caráter nacional, e o diálogo com o PT é mantido”, afirmou Guedes.

Enquanto Marília Arraes tenta viabilizar um bloco de oposição forte para 2022, e possíveis nomes da direita também começam a ganhar forças para a disputa ao Governo do Estado, no PSB, o sucessor natural do governador Paulo Câmara, é o prefeito Geraldo Julio.

Para Sileno, ainda há muito tempo para tomar definições, mas destacou que o gestor terá papel importante no futuro político do partido. “Geraldo é um grande quadro, um grande prefeito do Recife e fez entregas que nenhum prefeito fez. Não tem como discutir o futuro de 2022 agora. Ele tem nos ajudado até hoje e vai continuar nesse papel”, afirmou.

Divulgação
Presidente estadual do PSB, Sileno Guedes, celebra o resultado positivo das eleições para o partido, que continua possuindo a maioria das prefeituras do Estado. - Divulgação

FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM
A sede da Alepe, onde já foram gastos quase R$ 30 milhões antes da pandemia. Acharam pouco. - FOTO:FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM
JAILTON JR./JC IMAGEM
PARTIDOS Líder no PSB, Campos reforça importância do diálogo político - FOTO:JAILTON JR./JC IMAGEM

Comentários

Últimas notícias