Ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro criticou, nesta segunda-feira (28), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), por causa da demora para o início da vacinação contra a covid-19 no Brasil. Em publicação nas redes sociais, Moro classificou o governo federal como negacionista.
"Vários países, inclusive da América Latina, já estão vacinando seus nacionais contra a covid-19. Onde está a vacina para os brasileiros? Tem previsão? Tem presidente em Brasília? Quantas vítimas temos que ter para o governo abandonar o seu negacionismo?", escreveu Moro.
O atual chefe da pasta antes chefiada por Moro, André Mendonça, respondeu, afirmando que o ex-juiz, enquanto ministro da Justiça, 'entregou tão pouco'. "Vi que Sergio Moro perguntou se havia presidente em Brasília. Alguém que manchou sua biografia tem legitimidade para cobrar algo? Alguém de quem tanto se esperava e entregou tão pouco na área da Segurança?", respondeu André Mendonça.
No momento em que vários países, inclusive da América Latina, anunciam o início da imunização contra covid-19, o presidente Jair Bolsonaro voltou a minimizar, nesta segunda-feira (28) a demora para liberação e aquisição, por parte do governo, de vacinas. Segundo ele, diante de um mercado consumidor "enorme" no País, os laboratórios é que deveriam estar interessados nos pedidos de autorização junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e em vender a vacina ao Brasil.
"O Brasil tem 210 milhões de habitantes, um mercado consumidor de qualquer coisa enorme. Os laboratórios não tinham que estar interessados em vender para a gente? Por que eles não apresentam documentação na Anvisa?", indagou Bolsonaro a um grupo de apoiadores no Palácio da Alvorada, em Brasília (DF). "Pessoal diz que eu tenho que ir atrás. Quem quer vender (que tem)", emendou.
Bolsonaro voltou a repetir a história de que as bulas de vacinas apontam que a responsabilidade sobre o uso do medicamento e possíveis efeitos colaterais são do consumidor e também que não irá tomar vacina, pois já contraiu covid-19.
Segundo o presidente, "o cheque de R$ 20 bilhões" para a compra de vacinas já foi assinado por ele.
"Tem muita gente de olho nesse dinheiro", disse ele, sem citar nomes. "Impressionante como uma ou outra pessoa que a gente conhece, não vou dizer o nome aqui, jamais se preocuparia com a vida do próximo. A preocupação é outra. Não vou falar qual que é", emendou, na mesma linha.
Bolsonaro repetiu que não está preocupado com o início da campanha de vacinação no País, pois o processo depende da Anvisa "Se eu vou na Anvisa e digo 'corre aí', vão falar que estou interferindo", completou o presidente.
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirma que a vacinação no Brasil deve começar em meados de fevereiro.