O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou Jair Bolsonaro (sem partido), na manhã desta terça-feira (29), após ironias à tortura sofrida pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) no período em que foi presa, em 1970, durante a ditadura militar. A apoiadores, Bolsonaro cobrou que lhe mostrassem um raio X da petista para provar uma fratura na mandíbula.
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"Bolsonaro não tem dimensão humana. Tortura é debochar da dor do outro. Falo isso porque sou filho de um ex-exilado e torturado pela ditadura. Minha solidariedade a ex-presidente Dilma. Tenho diferenças com a ex-presidente, mas tenho a dimensão do respeito e da dignidade humana", escreveu Maia no Twitter.
"Dizem que a Dilma foi torturada e fraturaram a mandíbula dela. Traz o raio X para a gente ver o calo ósseo. Olha que eu não sou médico, mas até hoje estou aguardando o raio X", afirmou Bolsonaro.
O pai de Rodrigo Maia é o ex-prefeito do Rio Cesar Maia, exilado no Chile durante a ditadura militar. Ele exilou-se logo depois de sair da cadeia em São Paulo
Cesar fora preso no dia 13 de outubro de 1968 em Ibiúna (SP), junto com centenas de jovens que participavam do clandestino XXX Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE).
Estudante de engenharia em Ouro Preto (MG), Cesar atuava no movimento estudantil e estava em Ibiúna como delegado representante dos colegas universitários.
Em decorrência desse encontro, ele foi condenado a 6 meses de reclusão pela 2ª Auditoria Militar. A perseguição aos militantes contra a ditadura nas universidades foi intensificada depois do congresso.
A própria Dilma Rousseff já havia rebatido Bolsonaro e disse que o presidente da República não tem respeito pela vida. "A cada manifestação pública como esta, Bolsonaro se revela exatamente como é: um indivíduo que não sente qualquer empatia por seres humanos, a não ser aqueles que utiliza para seus propósitos. Bolsonaro não respeita a vida, é defensor da tortura e dos torturadores, é insensível diante da morte e da doença, como tem demonstrado em face dos quase 200 mil mortos causados pela covid-19 que, aliás, se recusa a combater. A visão de mundo fascista está evidente na celebração da violência, na defesa da ditadura militar e da destruição dos que a ela se opuseram", relatou Dilma em nota.
Para Dilma, Bolsonaro mostra, "com a torpeza do deboche e as gargalhadas de escárnio, a índole própria de um torturador" e "ao desrespeitar quem foi torturado quando estava sob a custódia do Estado, escolhe ser cúmplice da tortura e da morte."