Governo intensifica debate para destravar PEC emergencial

A PEC emergencial trará medidas de contenção de gastos do governo federal
JC, Agência Estado
Publicado em 31/12/2020 às 8:13
Presidente Jair Bolsonaro deverá se reunir com lideranças do governo, nesta quinta-feira (31) Foto: ABR


O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deverá se reunir, nesta quinta-feira (31), com lideranças de governo para tratar da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) emergencial, que trará medidas de contenção de gastos do governo federal. No encontro, o presidente vai definir se o relatório do senador Márcio Bittar (MDB-AC) será liberado na próxima semana.
No dia anterior (30), as lideranças do governo intensificaram a costura política para a apresentação do relatório. Bittar teve uma reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para acertar detalhes técnicos do projeto. A estratégia em negociação é primeiro apresentar o relatório e ver a repercussão para então testar a viabilidade de votar no Senado ainda em 2020.
De acordo com o Estadão, trabalha-se para incluir no texto uma proposta de desindexação de benefícios acima de um salário mínimo. Ou seja, permitir que tenham reajuste menores que a inflação. Com a medida, se abriria espaço no Orçamento para o novo programa social desejado pelo presidente em substituição ao Bolsa Família. As reuniões para o destravamento da agenda econômica animaram os investidores. O dólar fechou nesta quarta, 30, no menor nível em dois meses, a R$ 5,33, e o principal índice da B3, a Bolsa paulista, subiu pelo terceiro dia consecutivo.

ACORDO

Lideranças do Congresso informaram que até hoje deve haver um acordo para solucionar a briga política em torno da instalação da Comissão Mista de Orçamento (CMO). O colegiado até agora não começou os trabalhos porque, de olho nas eleições para o comando da Câmara dos Deputados a partir de fevereiro de 2021, diferentes grupos políticos reivindicam a presidência da comissão sem que haja um consenso. A disputa trava as votações da Câmara e retardam a discussões em torno da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e do Orçamento de 2021.
Uma das possibilidades em discussão é deixar a presidência do colegiado ser definida na votação dos membros da CMO em vez de se escolher o nome por um acordo entre os partidos, como é tradicionalmente feito. Hoje, a presidência da comissão é disputada pelo deputado Elmar Nascimento (DEM-BA), aliado do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e pela deputada Flávia Arruda (PL-DF), indicada pelo Centrão. O nome de Nascimento foi definido em fevereiro pelos maiores partidos da Câmara dos Deputados.
No entanto, com a saída do DEM e do MDB do "blocão", em julho deste ano, o líder desse grupo, o deputado Arthur Lira (PP-AL), decidiu indicar Arruda. O imbróglio tem como pano de fundo a sucessão da presidência da Câmara, já que o controle da CMO tem a capacidade de atrair votos.
Hoje, esse grupo formal da Câmara, é composto por PL, PP, PSD, Solidariedade e Avante, todos da base do governo e com o total de 135 deputados. Apesar das tentativas de entendimento, os parlamentares, no entanto, ainda não bateram o martelo em uma solução que pudesse levar ao fim da obstrução dos partidos da base do governo e a retomada das votações. "Os diálogos seguem de forma permanente, mas sem definição por enquanto", disse o líder do DEM, Efraim Filho (PB).
A Lei de Diretrizes Orçamentárias precisa ser votada obrigatoriamente este ano para evitar um apagão de gastos no início de 2021.

 
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