Com o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) colocado no páreo para a disputa de 2022, mesmo que os partidos do bloco progressista compostos por PSB, PDT, Rede, PCdoB e PV, continuem se movimentando na busca por uma frente ampla, as estratégias já começam a ser repensadas. No caso do PSB, a conjuntura política de Pernambuco sempre foi fator de peso com reflexos diretos ao âmbito nacional. No entanto, há socialistas que ponderem que a possibilidade de montar um palanque com os petistas ainda seja um debate prematuro, apesar de não ser descartado.
“Nesse primeiro momento, não dá para fazer essa discussão a partir de Pernambuco. Agora também não dá para dizer que esse cenário não terá peso mais na frente, como teve no processo de apoio a Fernando Hadadd no segundo turno em 2018, sobretudo na condição de enfrentamento a (Jair) Bolsonaro”, afirmou um parlamentar socialista, em reserva.
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Com o nome do secretário estadual de Desenvolvimento Econômico e ex-prefeito do Recife, Geraldo Julio, sendo cotado como o principal sucessor do governador Paulo Câmara em 2022, trazer o PT de volta para a Frente Popular poderia ser benéfico. Neste caso, os petistas rifariam mais uma vez uma candidatura própria em troca do apoio do PSB para a presidência. “A aliança de 2018 foi fruto de um processo de discussão, também houve a retirada de uma candidatura nossa em Minas Gerais, de Marcio Lacerda. Então, teve um roteiro discutido para se chegar a uma condição como essa”, frisou o socialista.
Uma fonte próxima ao Palácio do Campo das Princesas, endossa o mesmo discurso. “O que temos agora é que Lula está elegível, mas não sabemos se ele será candidato. A repercussão dessa aliança a nível nacional e com os estados não será de forma automática. Hoje nós temos conversado com o PDT, mas também podemos conversar com o PT, se houver autocrítica e uma posição mais flexível. Nada pode ser descartado”, afirmou.
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A defesa por um candidato “outsider”, embora caminhe para o enfraquecimento com a confirmação de Lula como candidato do PT à presidência, permanece, segundo o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira. “Essas opiniões à queima-roupa (a favor de Lula) diante de um fato inusitado são compreensíveis. Mas é muito cedo, temos mais de um ano pela frente para decidir isso e um ano na política brasileira é uma verdadeira eternidade. Podem acontecer tantas coisas que é precipitado falar qualquer coisa sobre candidatura para 2022. Mas, pelo que apurei, a minha tese de uma frente para agregar as forças políticas econômicas e sociais mais amplas, é a mais apoiada dentro do PSB”, declarou o dirigente, segundo o jornal O Globo.
Inclusive, vale ressaltar que a busca por nomes como o do apresentador Luciano Huck, da empresária Luciana Helena Trajano, do Magazine Luiza, contou com uma participação ativa do prefeito do Recife, João Campos. Esse fato se soma a postura do gestor, enquanto candidato, que não poupou de críticas a então candidata do PT, a deputada federal Marília Arraes, que tinha o apoio expresso do ex-presidente Lula em sua campanha.
Essa postura de Campos acabou por dialogar com o movimento antipetismo durante a disputa no segundo turno. O que leva a incerteza sobre até que ponto caminha a boa relação do filho do ex-governador Eduardo Campos com o líder petista.
Ao comentar sobre a anulação das condenações de Lula, em decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, o prefeito do Recife evitou citar o líder petista diretamente. "A democracia e o respeito à Lei devem prevalecer sobre qualquer paixão política. Essa é uma questão de Justiça, não de ideologia", declarou. Em seguida, Campos afirmou que, "Constituição garante o direito soberano a qualquer brasileiro(a) de ser julgado(a) dentro da legalidade e dos preceitos da imparcialidade e impessoalidade. Independente da coloração partidária".
O fato é que o PSB encontrará muitas resistências em seu ninho durante esse período de um ano e meio para as eleições. Outro parlamentar socialista, em reserva, cravou: “Não é anular ou retirar as ações contra ele (Lula) que vai anular seus equívocos e erros. Não vejo como sendo essa a opção para 2022. Eles não fizeram a mea culpa e nem vão fazer, então não vejo como sendo um caminho para fugir dessa polarização enjoada que fez tanto mal ao Brasil, tanto da parte do PT quanto do Bolsonaro”.
PDT
No possível cenário de aglutinação entre PT e PSB, o PDT do presidenciável Ciro Gomes seria mais uma vez preterido da disputa. Em 2018, os socialistas trocaram o palanque de Ciro por um posicionamento neutro no primeiro turno. Já nas eleições municipais de 2020, a aliança entre PDT e PSB foi repercutida em oito capitais. No Recife, a chapa vencedora foi encabeça por João Campos, com Isabella de Roldão (PDT) sendo eleita a primeira mulher vice-prefeita.
O problema é que com Lula como candidato, ele "engolirá" boa parte do eleitorado do Nordeste, como frisa um socialista, em reserva, pontuando que a base de Ciro Gomes ficaria fragilizada. Dentro do PDT, a repercussão desse tema também é comentada pelos bastidores.
Pedetistas veem com cautela a possibilidade de um afastamento com o PSB. “Muito precipitado. Zerou o processo de Lula, deve ter a instrução na Justiça Federal de Brasília que anda rápido. Em 1 ano e meio, é muito possível que haja julgamento”, diz uma fonte do PDT, ao Blog de Jamildo. “É um aliado nosso de primeira hora (o PSB), mas é um partido autônomo e está no legítimo direito de seus interesses. E o PSB vai aliar aquilo que for pertinente para si”, acrescenta outro pedetista, sob reserva, também segundo publicação do Blog de Jamildo, nessa quarta-feira (9).
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