Negociação

'Ele falou que tem o projeto de disputar a eleição majoritária em 2022', diz Raul Henry sobre reunião com Miguel Coelho

Atualmente, o MDB está na Frente Popular, coligação que elegeu o governador Paulo Câmara (PSB) em 2018. O grupo político de Miguel, porém, deseja levar a legenda de Jarbas Vasconcelos para a oposição

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Renata Monteiro

Publicado em 07/04/2021 às 18:27 | Atualizado em 07/04/2021 às 18:42
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Durante reunião com o deputado federal Raul Henry, presidente do MDB-PE, o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (MDB), comunicou oficialmente à cúpula da sigla que tem a intenção de construir um projeto majoritário para as eleições de 2022 em Pernambuco. Atualmente, o MDB está na Frente Popular, coligação que elegeu o governador Paulo Câmara (PSB) em 2018. O grupo político de Miguel, porém, deseja levar a legenda de Jarbas Vasconcelos para a oposição, mas tem encontrado certa resistência interna em realizar essa mudança de direção.

“Na reunião nós tratamos de temas gerais, sobre as coisas que o país está vivendo, e depois ele (Miguel) falou que tem o projeto de disputar a eleição majoritária em 2022 e queria que eu tivesse conhecimento disso por ele próprio”, afirmou Raul, após o encontro.

No grupo de centro-direita do qual Miguel faz parte atualmente, além dele, despontam outros dois nomes para a disputa do próximo ano no Estado: o prefeito Anderson Ferreira (PL), de Jaboatão dos Guararapes, e a prefeita Raquel Lyra (PSDB), de Caruaru. Ainda não há consenso no grupo sobre a estratégia que será adotada no pleito, se um ou mais candidatos representarão o coletivo, mas todos avaliam como muito importante a chegada do MDB no conjunto, por se tratar de um dos maiores partidos do país.

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Questionado sobre um possível rompimento com a Frente Popular para abraçar uma candidatura de Miguel, Raul, apesar de não descartar o cenário, afirmou que ainda é cedo para que o tema seja tratado. “Hoje nós temos uma aliança com a Frente Popular, coisa que não dá para se ignorar. Agora, essas circunstâncias da política a gente tem que conversar, amadurecer, aprofundar. A conversa que tivemos não foi conclusiva. Eu mostrei que há essa dificuldade no processo, mas de maneira nenhuma eu excluí a possibilidade de voltarmos a conversar sobre esse assunto”, pontuou o parlamentar.

Ainda de acordo com Raul, além de estarmos no pior momento da covid-19 no Estado, há outras questões que impedem que a discussão sobre o lançamento de uma candidatura própria em Pernambuco seja aprofundada, como a indefinição da cúpula nacional da legenda a respeito da tática eleitoral que ela vai adotar no próximo ano. No início desta semana, por exemplo, veículos nacionais noticiaram que parte do MDB defende que o partido tenha candidato ao Planalto, parte defende o apoio ao nome do ex-presidente Lula (PT), e há ainda uma parcela que quer marchar ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Ao jornal O Globo, porém, o presidente nacional do partido, Baleia Rossi, descartou o apoio a Lula ou a Bolsonaro.

“Nós temos que observar a evolução do cenário nacional (para depois pensar no plano local), porque não sabemos se o partido vai ter um candidato a presidente da República, se teremos uma candidatura de centro que aglutine pessoas como eu, que não desejam caminhar nem por um extremo nem pelo outro. O Brasil precisa ter um candidato que represente aqueles que não querem votar nem no PT nem em Bolsonaro, um projeto novo para o país”, opinou o emedebista.

Novos tempos

Apesar de cultivarem, agora, uma relação amistosa, entre 2018 e 2019 o grupo de Raul e os Bezerra Coelho viveram momentos de muita tensão. Ao se filiar ao MDB, o pai de Miguel, senador Fernando Bezerra Coelho, tentou assumir o comando da sigla em Pernambuco para levá-la para a oposição, uma disputa que chegou até os tribunais, mas terminou com a derrota do político de Petrolina.

Toda essa animosidade, garante Raul, ficou no passado. “Esse assunto é uma página virada. Nós inclusive já fizemos uma convenção unitária no partido, já tratamos publicamente sobre isso, e eu acho que nem na vida nem na política a gente tem que se pautar pelo ressentimento. Isso é algo absolutamente resolvido. Mas nós temos contradições políticas. Em Pernambuco nós estamos na Frente Popular e eles na oposição, e no plano nacional o senador Fernando Bezerra Coelho é líder do governo Bolsonaro, enquanto Jarbas e eu temos uma opinião muito crítica com relação ao presidente. Mas isso não é nada que se transponha para o campo pessoal”, declarou Raul.

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