Eleições

Em Pernambuco, grupo de oposição ainda não tem estratégia para enfrentar o PSB nas urnas em 2022

Geraldo Julio, nome mais cotado do PSB para concorrer à sucessão de Paulo Câmara, foi empossado secretário estadual no dia 1º. No bloco opositor, a ideia geral é de que ainda é cedo para discussões sobre eleição

Renata Monteiro
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Publicado em 04/01/2021 às 15:45
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Anderson Ferreira, pré-candidato ao governo do Estado - FOTO: LEO MOTTA/ACERVO JC IMAGEM
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O grupo de partidos de centro-direita, que há duas eleições tenta bater o PSB nas urnas de Pernambuco e do Recife, ainda não definiu que estratégia adotará no pleito de 2022. Em 2018, a coligação Pernambuco Vai Mudar saiu unida em torno da candidatura do então senador Armando Monteiro (sem partido), mas não conseguiu passar para o segundo turno na disputa e viu o governador Paulo Câmara (PSB) reeleger-se com 50,70% dos votos válidos. No ano passado, sem unidade, o grupo lançou cinco candidatos a prefeito da capital, mas o postulante melhor posicionado do coletivo, Mendonça Filho (DEM), deixou a eleição em terceiro lugar, não alcançando a segunda fase da competição.

Enquanto o grupo analisa as possibilidades que tem em mãos, no dia 1º de janeiro Paulo Câmara empossou como secretário de Desenvolvimento Econômico o agora ex-prefeito Geraldo Julio, nome mais cotado no seio socialista para representar o partido no pleito do próximo ano. A pasta, que já foi ocupada por Geraldo no governo Eduardo Campos, serviria como uma vitrine para o possível candidato, dando a visibilidade que ele precisa em todo o Estado para disputar a sucessão de Paulo.

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No núcleo opositor, vários nomes são mencionados como possíveis candidatos em 2022, como o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB), o deputado federal Daniel Coelho (CID) ou os prefeitos Raquel Lyra (PSDB), de Caruaru; Anderson Ferreira (PL), de Jaboatão dos Guararapes; e Miguel Coelho (MDB), de Petrolina, mas ainda não há consenso sobre a estratégia que o grupo deve adotar. Daniel Coelho, por exemplo, acredita que, diferentemente de 2020, o PT deverá estar no mesmo palanque que o PSB na próxima eleição, portanto defende o lançamento de múltiplas candidaturas de oposição, para tentar garantir que um dos nomes do grupo chegue ao segundo turno.

"O PSB deve ter um grande palanque e dificilmente não estará aliado ao PT no pleito de 2022. Portanto, a oposição precisa ter vários nomes para garantir um segundo turno, onde as chances de vitória são boas. É hora de cada partido fortalecer seus projetos e manter diálogo com todos", declarou Daniel. Questionado se pode sair candidato ou apoiar outro nome do Cidadania, o deputado afirmou que "não há nada fechado, nem decidido".

Irmão do prefeito Anderson Ferreira, o deputado federal André Ferreira (PSC) pensa de modo diferente. Na visão do parlamentar, o grupo de oposição precisa "repensar toda a sua estratégia" e, de preferência, se unir em torno de apenas um candidato. "Na última eleição nós cometemos um erro no Recife. Lançamos várias candidaturas, mas se tivéssemos lançado uma só, teríamos chegado ao segundo turno. De todo modo, nós começamos o ano agora, temos muito o que conversar, já temos alguns nomes postos e essa decisão a respeito de candidatura e estratégia deve ser tomada em conjunto pelos partidos que fazem parte do bloco. Isso não pode ser uma decisão individual", pontuou.

Dentro do coletivo há, ainda, quem acredite ser muito cedo para essas discussões. Armando Monteiro é uma dessas pessoas. De acordo com o ex-senador, que disse não ter um projeto para o governo em 2022, não é fácil para um grupo tão plural tomar uma decisão como essa faltando tanto tempo para a votação. "Diferentemente do grupo governista, que tem comando vertical e usa a estrutura do governo para dar suporte a esses projetos políticos, a oposição não tem esse comando, tem atores relevantes que discutem estratégias. De minha parte, estarei alinhado com essas forças, que têm bons quadros para apresentar para a disputa no futuro, como Raquel Lyra, Miguel Coelho, Bruno Araújo (PSDB) e Mendonça", observou. No ano passado, Armando defendeu a escolha de apenas um nome do grupo para disputar o Recife.

Líder do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB) concorda com Armando. Para o parlamentar, "2022 deve ser discutido em 2022". "Nossa principal preocupação em 2021 deve ser com a gestão. Os nossos principais nomes foram eleitos ou reeleitos e devem se concentrar em concretizar compromissos assumidos durante a campanha. É isso o que a população quer, que os prefeitos, deputados e senadores escolhidos por ela encontrem respostas para os grandes desafios que estão aí, como a vacinação, a retomada da economia, a concretização de obras necessárias para o desenvolvimento do Estado, a agenda de reformas. Para o ano que vem, a única certeza que eu tenho é que as últimas eleições municipais prepararam Pernambuco para um novo ciclo na sua política, que tem a ver com um novo ciclo geracional marcado por nomes como João Campos, Anderson, Raquel e Miguel", pontuou FBC.

A opinião do ex-governador João Lyra (PSDB) segue esta mesma tendência. Na visão dele, hoje, políticos das esferas municipal, estadual e federal devem concentrar seus esforços no combate à covid-19 e seus efeitos na economia do País, e não antecipar um debate eleitoral. "A oposição tem que se articular, tem que ter uma coordenação, um objetivo, mas eu acho muito cedo para se falar em eleições de 2022, não vejo condições para se definir candidaturas. Os prefeitos eleitos e reeleitos no ano passado têm uma missão muito importante, que é a preservação das vidas nos seus municípios com o apoio estadual e federal. A nossa prioridade deve ser o enfrentamento à pandemia", cravou.

Sobre o movimento do PSB de colocar Geraldo, seu provável candidato ao governo, em evidência tanto tempo antes do pleito, o ex-governador e ex-prefeito do Recife Gustavo Krause (DEM) disse considerar o gesto um equívoco. "Há uma distância política enorme até 2022. Houve pressa do governo em revelar na pista de corrida um competidor que vai virar alvo de toda a oposição", declarou. A respeito do bloco opositor, Krause afirmou que, neste momento, o grupo deve "ficar quieto, lambendo as suas feridas" até que os cenários nacional e local estejam mais definidos.

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COLEGA DE CHAPA Ferreira alega ter boa relação com Gilson, que, há um mês, não conversava com ele - FOTO:CHICO BEZERRA/DIVULGAÇÃO

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