No momento em que cresce a pressão sobre o posicionamento que o MDB adotará nas eleições de 2022 - se irá permanecer no palanque do PSB ou encabeçará uma chapa majoritária própria no campo da oposição - alguns movimentos dentro da legenda deixam claro que há uma divisão a respeito do futuro e o embate será inevitável. O prefeito do Recife, João Campos (PSB), se reuniu na manhã desta quarta-feira (31), com o senador pernambucano Jarbas Vasconcelos (MDB).
Os dois fizeram questão de registrar a reunião virtual, à convite do prefeito, em suas redes sociais. Eles falaram sobre o processo de imunização contra a covid-19 no Recife e as negociações pela aquisição de novas doses através do Consórcio Nacional de Vacinas das Cidades Brasileiras (Conectar) - instituído pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP) e do qual João Campos tomou posse como vice-presidente de Relações Institucionais. Dias antes desse encontro, Jarbas Vasconcelos já havia dito publicamente que Campos tem se revelado um bom gestor nestes quase 100 dias à frente da Prefeitura do Recife, com ações positivas de enfrentamento à pandemia não só na área da saúde, mas econômica e social também.
Dentro do MDB, há uma leitura de que estas sinalizações de Jarbas mostram que o partido deverá permanecer onde está, ou seja, na Frente Popular liderada pelo PSB - tanto do âmbito municipal quanto do estadual. Esse aceno se dá diante dos rumores de que o grupo do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB) poderia estar se reaproximando dos socialistas, o que minaria os planos de lançar o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (MDB), como candidato a governador em 2022.
No entanto, o deputado federal Fernando Filho (DEM), descartou essa possibilidade e cravou que seu pai e seus irmãos estarão no palanque da oposição, na disputa pelo Governo do Estado. "A gente sabe dessas conversas que rolam no meio político, de pessoas mais ligadas ao Governo do Estado que torcem, trabalham ou espalham (essas informações). Não podemos dizer nunca, mas isso (uma nova aliança com os socialistas) não é o que está posto pelo nosso comportamento, pelas nossas entrevistas, pelas nossas andanças. Isso não é o que está no nosso mapa, do ponto de vista político e eleitoral. Nós queremos construir (para 2022) uma proposta e um projeto diferentes do que está aí em Pernambuco", afirmou Filho, durante entrevista ao radialista Alberes Xavier no programa Cidade em Foco, da Rede Agreste de Rádios.
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Em reserva, uma fonte afirmou que o presidente estadual do MDB, o deputado federal Raul Henry, não tem tocado nesse assunto dentro do partido, em respeito a crise sanitária vivenciada pelo país, onde os esforços precisam estar centrados na vacinação e nas medidas que possam auxiliar a população neste momento. No entanto, não tem sido descartado o peso político da figura de Bezerra Coelho nas hostes eemedebistas. “Não vamos falar disso agora, seria uma estupidez. Agora, não podemos desprezar a capacidade que Fernando Bezerra possui, mas existe uma ala forte que defende que o partido permaneça onde esta”, frisou o emedebista. Também há quem enxergue que Miguel já esteja se colocando como candidato ao pleito majoritário o que torna o “embate mais na frente” inevitável.
DISPUTA
O ingresso de Fernando Bezerra Coelho ao MDB, trouxe uma divisão de grupos políticos dentro do partido entre os que faziam oposição e os que pertenciam à base do governo do PSB. Houve, inclusive, uma disputa acirrada pelo comando da sigla emedebista envolvendo Bezerra Coelho e o senador Jarbas Vasconcelos. Enquanto Fernando declarou que o ex-governador era uma “alma movida pelo ódio”, o senador havia acusado Coelho de ser um “adesista de ocasião”.
Os ânimos foram apaziguados com a posse do deputado federal Raul Henry no comando do diretório estadual do partido, no entanto, a divisão de grupos permaneceu. Nas eleições de 2018, a ala dos Coelhos apoiou candidatos de oposição, enquanto uma outra ala ligada ao deputado federal Raul Henry e ao senador Jarbas Vasconcelos, permaneceu no palanque do governador Paulo Câmara (PSB). Nas eleições municipais de 2020, o cenário foi o mesmo e enquanto no Recife, o MDB apoiou a candidatura de João Campos para prefeito, os socialistas marcharam contra a reeleição de Miguel Coelho, em Petrolina.
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