Desafiado pelo presidente, Joaquim Francisco, então governador de Pernambuco, mergulhou no mar para provar que não havia contaminação por cólera. Relembre
Na época, a população ficou com medo de frequentar as praias do litoral pernambucano
Após renunciar ao cargo de prefeito do Recife, Joaquim Francisco disputou o Governo do Estado, em 1990, vencendo no primeiro turno pelo PFL, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB). Em 1992, o então governador precisou lidar com uma séria crise sanitária: a cólera. Ele determinou a interdição de todo o litoral pernambucano por oito dias como precaução e para que medidas com relação à doença fossem tomadas.
A transmissão da cólera ocorre através da ingestão de água ou alimentos contaminados e, na época, ela foi atrelada à ingestão de peixes, crustáceos e moluscos. A população ficou com medo de frequentar as praias pernambucanas, o que causou dificuldades para pescadores e comerciantes da região, além de afetar diretamente o turismo no Estado.
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Mesmo com a liberação das praias sendo autorizada pelo Ministério da Saúde, posteriormente, houve bastante resistência da população em voltar a frequentar as praias do litoral do Estado. Foi então que o governador Joaquim Francisco decidiu que entraria no mar de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, na tentativa de convencer as pessoas de que não havia mais risco de contaminação.
Relatos da época apontam que Joaquim ficou cerca de dez minutos na água, e o momento foi acompanhado pela imprensa. A imagem do governador com trajes de banho ganhou grande repercussão nos noticiários. Na ocasião, o chefe do Executivo estadual também foi a um restaurante localizado no bairro do Pina, na Zona Sul do Recife, para comer frutos do mar e peixe, também como estratégia de assegurar que o consumo estava liberado.
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Muitos anos depois, o ex-secretário de Imprensa do governo de Joaquim Francisco, o jornalista Magno Martins, revelou que a ideia do chefe do Executivo de mergulhar no mar de Boa Viagem, partiu do então presidente da República, Fernando Collor. O ex-governador de Alagoas recebeu apoio de Joaquim na corrida presidencial, que também retribuiu o gesto no pleito estadual. No entanto, o governador de Pernambuco foi um dos primeiros gestores a romper com Collor.
Falecimento
Joaquim Francisco de Freitas Cavalcanti faleceu aos 73, nesta terça-feira (3), no Hospital Português, onde estava internado desde 14 de junho. Ele estava tratando um câncer de pâncreas. O governador Paulo Câmara (PSB) e o prefeito do Recife, João Campos (PSB), decretaram luto oficial de sete dias em Pernambuco e no Recife, respectivamente, em homenagem ao político.
O corpo do ex-governador será cremado nesta quarta (4), no Cemitério e Crematório Morada da Paz, em Paulista, Grande Recife. A cerimônia de cremação será restrita aos familiares.