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'Tem mais militares no governo Bolsonaro do que nos 23 anos de ditadura', afirma Lula no Recife

Pré-candidato à Presidência, Lula desembarcou no Recife no domingo (15) para uma série de agendas com lideranças pernambucanas

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Luisa Farias

Publicado em 16/08/2021 às 14:51 | Atualizado em 16/08/2021 às 17:33
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Atualizada às 17h01

Durante a coletiva de imprensa que concedeu nesta segunda-feira (16) no Recife, o ex-presidente Lula fez uma análise da relação entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e as Forças Armadas. O petista disse considerar a postura do seu possível adversário nas urnas em 2022 como um desprestígio aos militares, ao nomear uma série de militares a cargos públicos. 

"Hoje tem mais militar no governo do que durante os 23 anos de regime militar. Agora isso só tem porque o Bolsonaro é medroso. Porque ele não tem relação com a sociedade civil. A sociedade civil com que ele se relacionava era com milicianos. E parece que é uma coisa de toda a família", afirmou o ex-presidente. 

O petista se mostrou favorável à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da deputada federal Perpétua, em tramitação na Câmara dos Deputados, que proíbe a nomeação de militares da ativa a cargos civis da administração pública. 

Papel das Forças Armadas

O mais recente episódio envolvendo o presidente e as Forças Armadas foi o desfile militar em frente ao Palácio do Planalto e ao Congresso Nacional, em Brasília, em 10 de agosto, data em que os deputados votavam a PEC do Voto Impresso.

O gesto foi visto como uma tentativa de intimidação do presidente sobre os parlamentares para a aprovação da proposta. O clima atual é de tensão entre os poderes, por conta de ameaças de Bolsonaro ao sistema eleitoral. O Voto Impresso não teve votos suficientes na Casa Baixa. 

O ex-presidente disse ficar "inquieto" com o que chamou de "excesso de discursos" sobre as Forças Armadas. Ele ressaltou o papel constitucional do Exército, Marinha e Aeronáutica e lembrou do projeto de regulação do funcionamento das Forças Armadas, aprovado em 2010, no final do seu segundo governo. 

"As Forças Armadas existem para garantir a soberania nacional com possíveis inimigos internos. Ela tem que tomar conta das nossas fronteiras terrestres, ela tem que tomar conta das nossas fronteiras marítimas, ela tem que tomar conta do nosso espaço aéreo e ela precisa proteger o povo brasileiro. é isso que ela tem que fazer, e não se meter em política. Se quiser se meter na política, tire a farda, vai virar um cidadão comum e pode ser candidato a qualquer coisa", afirmou o petista. 

Ele aproveitou para citar o episódio da ida do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello à CPI da Covid para prestar depoimento, e a possibilidade dele ir fardado. Na véspera da ida de Pazuello, o comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira, informou ao presidente da CPI, senador Omaz Aziz (PSD) que ele não iria fardado. 

"É assim que eles pensam. Eles botaram na cabeça que são superiores, eles botaram na cabeça que eles são mais honestos, e a CPI está mostrando o que aconteceu com a quantidade de coronéis que em nome de institutos e de ONGs estavam montando uma verdadeira quadrilha de comprar vacina", afirmou Lula. 

O petista afirmou ainda que não teve problema com os militares durante os seus oito anos de mandato, e que não cultiva relação com eles atualmente, porque não tem essa prerrogativa. "Não há porquê conversar com os militares, não há porquê conversar com o Ministério Público, não há porquê conversar com a Polícia Federal. Eles são instituições do Estado, eles têm funções a cumprir e eles têm respeitar o regulamento e a Constituição. É isso. Quando eu ganhar, eu vou conversar porque aí vou ser chefe deles e vou dizer o que eu penso e qual é o papel deles", disse. 

 

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