Cresce a inquietação no PSB com a indefinição do nome para concorrer ao governo de Pernambuco
A única certeza cravada pelos socialistas é de que o partido não vai abrir mão de ter um candidato a governador de Pernambuco
O discurso de que o ex-prefeito do Recife Geraldo Julio é o candidato natural do PSB para disputar eleições em 2022 para o Governo de Pernambuco continua a ecoar fortemente entre lideranças, militantes e na bancada do partido. Entretanto o processo pela concretização desta escolha começa a inquietar não apenas os partidos que compõem a Frente Popular, mas os socialistas que também anseiam por uma definição.
“Muita gente está fazendo esse movimento pela definição dessa candidatura (de Geraldo Julio), mesmo com a inclinação de que ele não tem interesse em sair candidato. A decisão que a gente tem, e é um consenso, é de que o governador Paulo Câmara vai indicar o candidato do PSB. Nossa questão não é apresentar um nome, mas escolher alguém que possa cumprir e tocar esse projeto em Pernambuco, com as mesmas ideias”, afirmou o presidente estadual do PSB, Sileno Guedes.
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Para o deputado federal Tadeu Alencar, a condução desse processo está próxima e a defesa que tem sido feita tanto pelo partido quanto por aliados é pelo nome de Geraldo Julio, que comandou a Prefeitura do Recife por oito anos. Inclusive, a bancada federal esteve reunida com o governador Paulo Câmara há algumas semanas, para reafirmar esse posicionamento a favor do ex-gestor.
“Eu também quero que essa definição ocorra, a gente também ficar desejando que tenhamos candidato e que possamos apresentá-lo, possamos defendê-lo. Que ele possa participar de debates para dizer o que pensa e o que pretende fazer se ganhar as eleições. Espero que esse processo de escolha, que não é uma coisa fácil, que tem que chegar no momento certo. E está chegando esse momento, mas não podemos ficar o tempo todo falando de eleição quando ainda se tem a gestão para fazer”, disse Alencar, durante entrevista a Rádio Clube, nesta quarta-feira (1º).
“Geraldo foi um bom prefeito para o Recife, fez uma administração com muita competência e diálogo. É um nome inquestionável e respeito ele estar dizendo que não quer, mas acho que esse é um processo que está se esgotando”, destacou o parlamentar. “Vou repetir à exaustão: o processo ainda não se esgotou. Temos um legado a defender e quem melhor pode fazê-lo é o ex-prefeito do Recife”, complementou.
Tadeu também citou o posicionamento público do senador Humberto Costa, de que se o PT e PSB não estiverem juntos no mesmo palanque a nível nacional, em Pernambuco ele é “candidatíssimo”. Para o socialista, apesar de respeitar esse posicionamento, o PSB terá sim um nome para indicar. Sobre essa declaração, o deputado federal Felipe Carreras pontua que “qualquer um tem o direito de ser candidato do que quiser”, mas ele lembra que existe um processo de amadurecimento sobre a aliança nacional entre as duas legendas.
“É um processo que está evoluindo e sendo construído pelo presidente nacional do PSB com o próprio ex-presidente Lula, com líderes das bancadas federais e lideranças políticas nacionais em nome de um projeto para o país. Obviamente Pernambuco é estratégico, temos o governo do estado, da capital, o PSB foi presidido por (Miguel) Arraes, por Eduardo Campos, então temos todas as prerrogativas para ter o candidato do PSB e disso não vamos abrir mão”, afirmou Carreras.
Nos bastidores, as negociações entre as executivas nacionais dos dois partidos já dão Pernambuco como um cenário resolvido. O PSB não abrirá mão da candidatura majoritária e os petistas já sinalizam que vão apoiar esse projeto. Agora, o imbróglio permanece sendo o Rio Grande do Sul, com a pré-candidatura do ex-deputado federal Beto Albuquerque, que diante do seu posicionamento crítico com relação ao PT, tem enfrentado resistência dos petistas para aderirem ao seu palanque.
E em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, onde as articulações passam pela indicação da vice em uma eventual chapa liderada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, disse que a decisão de filiação do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), cotado para assumir essa vaga, não será adotada isoladamente. “Ela só poderá ocorrer no bojo da negociação com o PT e do atendimento das demandas do PSB”, declarou o dirigente à coluna de Igor Gadelha, do Metrópole. Entre as demandas está justamente o pedido para que o PT não lance a candidatura do ex-prefeito Fernando Haddad, em São Paulo, e do senador Humberto Costa, em Pernambuco.