Eleições 2022

Vinte por cento da Câmara do Recife deverá disputar eleição para deputado e deputada

Essa é a primeira eleição para deputados em que as coligações partidárias estão proibidas, o que faz com os partidos escolham candidatos que possam alavancar votos na tentativa de ampliar suas bases no parlamento federal e estadual

Mirella Araújo
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Mirella Araújo
Publicado em 06/03/2022 às 7:00
FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM
ESTÍMULO Sem coligações proporcionais, partidos precisam conquistar mais votos para eleger legisladores - FOTO: FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM
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Com o fim das coligações proporcionais nas eleições de 2022, os partidos políticos estão quebrando a cabeça sobre qual a melhor estratégia a ser adotada para ampliar sua representatividade no Congresso Nacional e Assembleias Legislativas. Dentro desse cenário, vereadores eleitos no pleito de 2020, podem ser bons instrumentos para alavancar votos - o famoso “fazer calda” - com a vantagem de não perderem seus mandatos em caso de derrota nas urnas. Na Câmara de Vereadores do Recife, dos 39 parlamentares, oito poderão concorrer a uma vaga para estadual e para federal.

“É a primeira vez que vai ter essa disputa sem coligação. Então isso faz com que os partidos precisem, antes de definir se vai ter federação ou se não vai, regimentar seus quadros para poder angariar votos e poder atingir o quociente eleitoral para fazer as vagas”, avalia o cientista político e professor da Asces Unita, Vanuccio Pimentel.

Vereadora mais votada da cidade do Recife em 2020, Dani Portela é uma das grandes apostas do Psol para estas eleições. De acordo com a parlamentar, seu projeto de disputar uma cadeira da Assembleia Legislativa de Pernambuco, tem como objetivo “jogar peso” na campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no primeiro turno. "Penso que a minha missão hoje é buscar ampliar a bancada estadual do partido com a reeleição das Juntas Codeputadas. Irei buscar dar o meu máximo para atingir esse objetivo, como fizemos em 2020, desta vez elegendo Lula presidente no primeiro turno", afirmou Dani.

Da mesma bancada psolista da Casa José Mariano, o vereador Ivan Moraes também tentará o mandato de deputado estadual. Inicialmente, Ivan havia apresentado sua pré-candidatura a governador do Estado, e passou por um ciclo de debates interno no partido para definir quem seria o candidato ou candidata. Após votação, o escolhido foi advogado João Arnaldo para disputar o comando do Palácio do Campo das Princesas.

Em seu primeiro mandato como vereadora, a escritora e ex-secretária da Mulher e do Meio Ambiente do Recife, Cida Pedrosa, também tentará representar o PCdoB na Alepe. O partido, inclusive, é um dos que apostam na formação da federação como uma forma de sobrevivência, para superarem a cláusula de barreira. Quem também está em seu primeiro mandato, mas almeja ampliar a bancada do PT na Câmara dos Deputados, é a vereadora Liana Cirne que irá concorrer a deputada federal.

Tendo o cenário nacional como peso central para encarar uma nova disputa proporcional, o pastor Júnior Tércio deverá deixar o partido Podemos, conforme publicação do Blog de Jamildo, para buscar fortalecer o palanque do presidente da República Jair Bolsonaro. Neste caso, há possibilidade dele ir para o PL, sigla que abriga Bolsonaro, ou até mesmo negociar com a União Brasil (UB), presidido pelo deputado Luciano Bivar.

Hoje no Partido Progressista, quem também deverá se filiar nos próximos dias na UB é a vereadora Andreza Romero, que  pretende ser candidata a deputada federal. Já o líder da oposição ao governo do prefeito João Campos (PSB), o vereador Renato Antunes, concorrerá a deputado estadual pelo PSC. Apesar da decisão ainda não ter sido oficializada, o vereador Fred Ferreira, que também é integrante do Partido Social Cristão, tem sido cotado para disputar uma vaga na Alepe.

É importante destacar que o bom desempenho nas urnas no pleito municipal, não significa transferência automática de votos para a disputa estadual e federal. Entretanto, segundo o cientista político Arthur Leandro, esse cenário serve de “teste da viabilidade eleitoral” para os vereadores e vereadoras que estão se candidatando.

“Eles possuem o recall de uma eleição anterior e que foi bastante disputada. Além disso, ainda são figuras lembradas por parte de seus eleitores e essa base da campanha municipal é a mesma base que será acionada na disputa estadual e federal. Nesse caso, faz sentido o vereador trabalhar em uma eleição dois anos depois, porque ele vai buscar os mesmos eleitores”, explicou.

Sobre uma possível decepção de parte do eleitorado que confiou seu voto em uma representação municipal, Arthur afirma que “a conexão política brasileira é muito pessoal”. “O eleitor se sente mais vinculado àquele nome do que a instituição e o cargo que ele ocupa. Então, o processo ascensional do seu candidato, é visto como algo natural e desejável pela maior parte dos eleitores”, disse o docente.

Para Vanuccio Pimentel, as dificuldades impostas nestas eleições vão depender da estratégia do postulante e do partido. “O candidato pode ir para a disputa somente trabalhando na possibilidade de que tem a condição de ganhar, ou, ele entra na disputa consciente de que vai “fazer calda”, como diz o jargão político”, afirmou. Isso significa que os votos têm como objetivo ampliar a base da legenda para eleger o máximo de deputados e deputadas possíveis.

 

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