Eleições 2022

Pré-candidata a governadora, Raquel Lyra mira em deficiências do governo Paulo Câmara e ignora Danilo Cabral

Durante visita ao SJCC, a ex-prefeita de Caruaru disse acreditar que os atuais problemas do Estado estão diretamente ligados à gestão do socialista

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Renata Monteiro

Publicado em 04/05/2022 às 13:41 | Atualizado em 06/11/2023 às 15:16
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Em visita à redação do Jornal do Commercio na manhã desta quarta-feira (4), a pré-candidata a governadora Raquel Lyra (PSDB) demonstrou que o alvo prioritário das suas críticas na campanha deste ano não será o deputado federal Danilo Cabral (PSB), postulante apoiado pela situação, mas o governador Paulo Câmara (PSB), que está na chefia do Executivo pernambucano há quase oito anos. Durante bate-papo com jornalistas do SJCC, a ex-prefeita de Caruaru disse acreditar que os atuais problemas do Estado estão diretamente ligados à gestão do socialista, queixou-se da falta de diálogo do Palácio do Campo das Princesas com as prefeituras e disse que vai trabalhar para que os problemas locais não sejam deixados de lado em nome da nacionalização da disputa.

Ao lado da deputada estadual Priscila Krause (CID), que frequentemente é cotada para ocupar um espaço na majoritária encabeçada pela tucana, Raquel declarou que se for eleita pretende reduzir a distância entre o gabinete da governadora e os municípios, pois dessa maneira considera que gargalos em setores como a educação e saúde, por exemplo, poderão ser sanados com mais facilidade. “O problema do Estado, hoje, é que ele trabalha com os municípios como se seus adversários fossem. Eles sacodem o problema para os municípios, denunciam que é com eles. É preciso liderança”, cravou.

Entre as propostas de governo que já apresentou até o momento, Raquel disse que pretende construir cinco grandes maternidades em Pernambuco. A iniciativa, defende a pré-candidata, evitaria que as gestantes do interior do Estado precisassem fazer grandes deslocamentos para dar à luz os seus bebês, como, segundo ela, já estaria ocorrendo atualmente.

“Eu me reuni recentemente com lideranças da área médica e eles me contaram que existe um plano de rede materno-infantil ao longo do Estado de Pernambuco que é lançado e relançado todos os anos, mas não construíram sequer um leito de maternidade. O Hospital da Mulher não acabou e eles assinaram ontem outra ordem de serviço, como eles fizeram em todas as eleições, dizendo que vão concluir a obra, orçada em R$ 35 milhões”, queixou-se a ex-gestora.

“Esse é o governo da acomodação, e isso é desde o começo. Por conta disso, agora não pode apresentar nada. Ele não pode falar sobre água, sobre emprego, sobre educação, sobre nada”, completou Raquel.

Apontando a falta d’água como um dos principais problemas a serem enfrentados pelo governo estadual, Raquel defendeu um novo modelo de gestão para a Compesa, e não se colocou contrária à adoção de uma parceria público-privada para o setor, desde que isso ajude a população de todas as regiões pernambucanas a terem água nas torneiras. “Eu vivo na região de pior balanço hídrico do País. É onde tem mais gente e menos água. Há um racionamento enorme e mais da metade do que a gente produz acaba se perdendo em uma rede que é da década de 1960. (...) Eu não vou descansar enquanto não tiver água na torneira do povo de Pernambuco”, disparou.

Ao falar sobre articulações políticas, Raquel Lyra reafirmou que está aberta ao diálogo com os demais pré-candidatos e lideranças de oposição, e que nenhuma composição estaria descartada no momento. A respeito da presença de Priscila na chapa, a deputada estadual afirmou que essa possibilidade de fato existe, mas que o martelo só será batido com relação a isso no futuro. Por enquanto, diz a parlamentar, ela é candidata à reeleição na Assembleia Legislativa.

Com um candidato bolsonarista na corrida eleitoral - Anderson Ferreira (PL) - e outros dois disputando o apoio do ex-presidente Lula (PT) - Marília Arraes (SD) e Danilo Cabral -, Raquel declarou que o seu papel na campanha será fazer com que o foco do debate local sejam os interesses dos pernambucanos, não questões nacionais. "Eu fui prefeita, eu sei como o povo vive e ele quer saber como é que os problemas das cidades se resolvem. O que nós vamos fazer é debater os problemas do Estado com quem quer que seja o presidente da República", observou.

'Nosso instrumento de trabalho a partir de 1º de janeiro de 2023', diz Raquel Lyra sobre plano de governo

Pré-candidata a governadora lançou nesta quarta uma plataforma colaborativa para a elaboração do documento. Site já está disponível para acesso da população

Em evento realizado no início da tarde desta quarta-feira (4) no Recife, a pré-candidata a governadora Raquel Lyra (PSDB) apresentou uma plataforma totalmente online que possibilitará à coordenação da sua campanha construir de forma colaborativa o plano de governo da tucana. Além da ex-prefeita de Caruaru, participaram do lançamento o ex-senador Armando Monteiro (PSDB), a deputada estadual Priscila Krause (CID), o ex-governador João Lyra Neto, pai de Raquel, entre outros apoiadores.

Mais cedo, durante passagem pelo SJCC, Raquel Lyra contou que já há alguns meses vem circulando todo o Estado para conhecer as necessidades de cada região e que a ideia, agora, é unir o que se tem identificado presencialmente com o que vier a ser enviado para a plataforma digital. Com base nesses dados, afirmou a pré-candidata, será possível ouvir especialistas em várias áreas e construir o plano de governo que será oficializado na campanha.

“Nós estamos lançando, hoje, as diretrizes do nosso plano de governo. Os princípios, os valores, para que a gente construa juntos as propostas. Nós dividimos o Estado de Pernambuco inteiro para saber como vamos dialogar com cada região. Dialogar do ponto de vista de gestão, porque eu acredito em gestão territorializada, e sobre a construção da cobertura eleitoral e política. Agora, ouvindo especialistas, nós vamos construir as soluções para esses problemas, que podem ser de curtíssimo, curto, médio ou longo prazo”, frisou a tucana.

Para colaborar com o plano de governo da pré-candidata, basta acessar a plataforma online lançada hoje, se cadastrar e preencher as informações solicitadas. O espaço virtual é dividido em dez eixos, como saúde, educação, segurança, mulheres, mobilidade e água e esgoto, por exemplo. A partir da próxima semana, Raquel vai iniciar uma série de debates temáticos para também contribuir com a formatação do programa de governo. O tema do primeiro desses encontros é saúde pública.

Apesar de, pela legislação eleitoral em vigor, precisar entregar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um plano de governo pronto até 15 de agosto, a ex-prefeita de Caruaru garante que a escuta à população seguirá aberta até a eleição. “A gente vai fazer um trabalho intenso do diálogo nas ruas, na plataforma, com os especialistas, para uma interação permanente com os cidadãos pernambucanos. Em 2020, na campanha para a prefeitura, a gente colheu mais de 1500 contribuições. A gente quer multiplicar isso em Pernambuco e entregar aquilo que realmente dialoga com as necessidades do povo”, explicou Raquel, no ato de lançamento.

“Quando a gente constrói um plano de governo ele será não só um documento para entregar ao TSE, mas será o nosso instrumento de trabalho a partir de 1º de janeiro de 2023. É assim que a gente acredita que precisa fazer um Pernambuco diferente, mudar o nosso Estado, olhar pra frente e ir pra cima”, completou a pré-candidata.

Em seu pronunciamento, o ex-senador Armando Monteiro disse se sentir representado pela iniciativa de Raquel. “Eu me sinto muito contemplado por tudo o que eu assisti. Eu compartilho a visão, me identifico com as diretrizes e mais ainda com os valores expressos. Eu acho que começa muito bem esse processo. E preciso dizer que o processo de construção é tão importante quanto o produto final, porque ele dá qualidade, engajamento. E é com essa participação que você pode garantir, ao final, o melhor produto, que é um programa que verdadeiramente expresse os anseios e aspirações da sociedade”, afirmou.

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