Eleições 2022

Simone Tebet fala por que pode vencer Lula e Bolsonaro e promete novo Bolsa Família

Confira a entrevista com Tebet, pré-candidata a presidente da República

Cássio Oliveira
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Cássio Oliveira
Publicado em 22/06/2022 às 13:52
JEFFERSON RUDY/AGÊNCIA SENADO
CONFINATE Senadora, Simone Tebet (MDB) é pré-candidata a presidente - FOTO: JEFFERSON RUDY/AGÊNCIA SENADO
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Pré-candidata a presidente da República pelo MDB, a senadora Simone Tebet (MS) concedeu entrevista à Rádio Jornal, nesta quarta-feira (22), e se disse confiante de enfrentar Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT) nas eleições deste ano.

Eles lideram as pesquisas de intenção de voto, mas Tebet disse que o povo a levará ao segundo turno quando conhecer suas propostas para "reconstruir o Brasil".

Ainda na entrevista, a pré-candidata falou sobre a crise hídrica no Nordeste, pobreza, reforma tributária e defendeu um novo Bolsa Família, com mais recursos para quem tem mais filhos, aliado a um incentivo à educação.

Confira a entrevista com a pré-candidata a presidente Simone Tebet:

Mulheres na política

Nada na vida das mulheres é fácil, especialmente da mulher na política, mas acho que é isso que faz com que a gente surpreenda muita gente. Sou persistente, sou resiliente, afinal sou brasileira. Acredito que estou no caminho certo.

Críticas ao Governo Jair Bolsonaro

Estamos diante de um desgoverno, do pior governo da história do Brasil, um governo insensível, que não sabe o que fazer diante dessa triste realidade, que ajudou a contribuir a termos 33 milhões de brasileiros passando fome, milhões de crianças dormindo ao som dos roncos de seus estômagos vazios, uma legião de pessoas desalentadas, de famílias inteiras desesperadas, de trabalhadores sem emprego, sou candidata a presidente porque acredito que é possível fazer diferente e podemos erradicar a miséria.

A pré-campanha está demorando para decolar

A democracia tem seu tempo, as pesquisas mostram que sou uma das (candidaturas) mais desconhecidas, é verdade, mas que também tenho baixo índice de rejeição. Quando começarmos a nos apresentar ao Brasil como agora, apresentarmos nossas propostas, tenho certeza que o povo nos levará ao segundo turno. E no segundo turno zera o jogo, tudo começa em pé de igualdade. Por isso, estou extremamente otimista.

Prisão do ex-ministro Milton Ribeiro

Essa operação (que prendeu o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro) mostra efetivamente que a máscara começa a cair do atual governo. um governo que sempre dizia e batia no peito que não havia corrupção. Mas quando aparecem denúncias graves de corrupção diz não interferir na Polícia Federal. Afinal, há ou não há corrupção, que governo é esse?

Senado não deve revisar a Lei das Estatais por conta do aumento nos combustíveis

O Senado vem sendo essa casa revisora que está impedindo retrocessos no Brasil. Nós aprovamos a Lei das Estatais no Senado, na época do Governo Temer e temos que bater o pé de que todos os avanços devem ser preservados e nenhum retrocesso pode passar no Senado. Não me preocuparia neste momento, é obvio que são questões importantes, as estatais cumprem papel muito importante ao Brasil, mas o Senado saberá ouvir a sociedade e ver o quanto foi importante essa lei que busca garantir que se tenha ingerência politiqueira, partidária, dentro das estatais, que garante que elas tenham compromisso com a sociedade em eficiência, garantir qualidade, transparência, afinal o dinheiro é do povo e o povo precisa saber para onde está indo.

Orçamento secreto

Trocaria a discussão da Lei das Estatais por conseguir mudar a lei que garante ao relator do orçamento confiscar dinheiro suado do povo em forma de
impostos e distribua ao seu bel-prazer. São R$ 16 bilhões do orçamento secreto, imagina tanto dinheiro faltando nos postos de saúde, para remédios, para zerar a fila das cirurgias, faltando dinheiro para a educação e esse recurso sendo distribuído em currais eleitorais.

Desafios no interior do País

Sou do interior do interior do Brasil, sei o que é nascer em estado desigual, não tão desigual quanto os do Nordeste, é verdade. Dei aula como professora de direito público e depois fui deputada estadual e prefeita da minha cidade, uma cidade do interior, o que me ajudou a saber as dificuldades. Sei da necessidade de abrir vaga de creche para uma mãe trabalhar, conseguir zerar a fila nos hospitais de cirurgias, conseguir garantir do asfalto à drenagem, esgoto, que salva vida, que impede mortalidade infantil.

Desigualdade

O maior problema do Brasil, hoje, sem dúvida, é a desigualdade. Erradicar a fome é a principal meta, mas o problema da desigualdade no Brasil é enorme, pois, aqui, a desigualdade é diferente das outras do mundo. São várias facetas, se discrimina pela cor da pele, pela região em se que mora, pela religião que tem, pelo sexo que nasceu, a cara mais pobre do Brasil é de mulher, não de homem, quem nasce no Norte e Nordeste também se discrimina. Esse Brasil discrimina seus filhos. Só vamos ser o Brasil que queremos, garantindo dignidade, quando enfrentarmos de frente esse problema. É preciso tratar diferente os desiguais. Há a desigualdade digital no Norte e Nordeste, nessas regiões está a maioria das escolas sem internet, a maioria das casas sem conectividade. O governo precisa estar protegendo mais quem mais precisa, será assim meu governo.

Transferência de renda

Precisamos de um programa de transferência de renda permanente, voltar a falar em Bolsa Família, ampliado, melhorado. Precisamos de uma grande política nacional desenvolvimento nessas regiões (Norte e Nordeste). No Bolsa Família vamos garantir mais recursos a quem tem mais filhos e a quem mais precisa, quem é mais miserável. É prioridade absoluta uma transferência de renda, mas, diferente do feito no passado, além da transferência de renda, precisamos fazer e não foi feito em 20 anos, por isso também combato o ex-presidente (Lula), garantir uma educação, um ensino infantil a médio de qualidade. Ensino infantil não é só com o prefeito, o governo federal pode garantir vaga em creche para que as mães possam trabalhar. Que o jovem que esteja no ensino médio escolha saia com ensino técnico e tenha dois caminhos, ou universidade ou um curso que lhe dê emprego para sustentar a família.

Meio Ambiente

Podemos estar no centro da discussão do mundo, pois temos o que o mundo não tem, temos Floresta Amazônica, responsável pelas chuvas. É importante lembrar que o Meio Ambiente e o agronegócio nãosão contraditórios, um depende do outro, temos condições de pela primeira vez entregar o que o mundo precisa que é o carbono zero, questão que pode trazer dinheiro para dentro do Brasil, o que precisamos é cuidar da Amazônia e proteger as nossas florestas

Crise hídrica

Se fala de seca e é verdade, sou da época em que falávamos sobre o Brasil ser o país da água doce. Mas temos o Velho Chico aí, como tenho o Rio Paraná no meu Estado, mas vemos o quanto estão sofrendo com desmatamento ilegal, não cuidamos do meio ambiente, é preciso garantir o desenvolvimentismo sustentável, cuidando da nossa agricultura e do meio ambiente, da agricultura de subsistência. Temos cinco milhões de propriedades rurais no Brasil, mas 3,5 milhões não estão organizadas. O governo precisa voltar os olhos à agricultura familiar. Precisamos de uma política que cuide dos menores em qualquer lugar do Brasil, evitando desperdícios, colocando a Embrapa a serviço com a tecnologia, ajudando com linhas de crédito diferenciadas, obvio que atendendo a grande indústria, mas tem que colocar uma linha de financiamento muito específica para o homem do campo, o mais humilde. Esse não gera tantos empregos, mas depende dessa agricultura para sua subsistência.

Projeto

Falo há anos no Senado e tenho o plano nacional de desenvolvimento regional para saúde, educação, geração de emprego e renda, industrialização, agronegócio, sempre com olhar específico para regiões distintas, o que fazer no Norte, no Nordeste, em bolsões de miséria do Centro-Oeste, temos um projeto pronto, que está sendo recheado e aborda essa questão. Temos de ter olhar especial ao Nordeste, com recursos de financiamento e ações proativas para que a região se iguale, na condição de qualidade de vida, aos demais Estados.

Vai discutir ética na campanha

Vou defender a ética, o combate à corrupção, sempre, porque vamos lembrar o que é corrupção, é pegar o dinheiro suado do povo que paga impostos que vão aos cofres da União e esse dinheiro deve servir às pessoas, dar educação, saúde de forma eficiente, garantir segurança pública, obras de saneamento, asfalto, drenagem, casas populares. A corrupção impede o povo de ter qualidade de vida. Quantas famílias estão nas filas da casa própria porque o governo federal atual decidiu fazer casa para quem ganha acima três salários e está se lixando para famílias que ganham até um salário mínimo e meio. A corrupção tira comida da mesa do trabalhador. Corrupção precisa ser combatida e tenho certeza que indiretamente no voto o eleitor levará isso em conta na hora de escolher o próximo presidente.

Polarização entre Lula e Bolsonaro

Eu tenho coragem e amor suficiente para reconstruir o Brasil. Para reconstruir o País se passa pela unificação, o Brasil precisa de paz, garantir segurança jurídica institucional para trazer investimentos necessários, gerar emprego e renda. Estamos diante de candidaturas de dois (Lula e Bolsonaro) que pontuam e são rejeitados, tem uma franja. Essa eleição é a mais importante desde a redemocratização e há muita coisa em jogo. Ou nós começamos a resolver os problemas do Brasil agora ou estamos fadados ao insucesso. Não é escolha de Sofia entre o menos rejeitado no sentido de ruim e péssimo. Por isso, estou extremamente otimista com nossa candidatura, uma mulher poderá dizer o que quer para o Brasil aos filhos e companheiros e havendo ainda 30% que não decidiram o voto, nós temos convicção de que podemos estar no segundo turno e ganhar as eleições.

Pode dialogar com Ciro Gomes?

Me dou bem com Ciro, gosto dele, acho que foi um excelente governador, uma pessoa extremamente preparada, mas temos divergências na pauta econômica. Portanto, desde que haja certa convergência em alguns pontos, em momento, estaremos conversando o importante.

Reforma tributária

A reforma tributária precisa ser aprovada porque hoje quem mais paga imposto no Brasil, proporcionalmente, é o mais pobre, pois paga no consumo. É inadmissível que eu, como senadora, pague na cesta básica o mesmo que um desempregado paga. É fundamental tirar o imposto do consumo e trazer mais para quem tem renda maior. Se ganha mais, paga mais imposto.

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