Da Agência Estado
O delegado federal Bruno Calandrini, responsável pela investigação sobre o gabinete paralelo de pastores no Ministério da Educação (MEC), disse acreditar que houve vazamento do inquérito.
"Os indícios de vazamento são verossímeis e necessitam de aprofundamento diante da gravidade do fato aqui investigado", escreveu em manifestação enviada na sexta-feira, 24, à Justiça Federal em Brasília.
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Calandrini cita ligações do ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, interceptadas na investigação. Para o delegado, as conversas "evidenciam" que ele "estava ciente" de que seria alvo de buscas. O documento diz ainda que o ex-ministro demonstrou "extrema preocupação" com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, apontados como lobistas no MEC.
"Nos chamou a atenção a preocupação e fala idêntica quase que decorada de Milton com Waldemiro e Adolfo e, sobretudo, a precisão da afirmação de Milton ao relatar à sua filha Juliana que seria alvo de busca e apreensão, informação supostamente obtida através de ligação recebida do Presidente da República", explica o delegado.
Em uma das conversas, o ex-ministro da Educação indicou ter recebido um telefonema do presidente Jair Bolsonaro (PL) para alertá-lo sobre o risco de abrirem buscas contra ele. "Ele (Bolsonaro) acha que vão fazer uma busca e apreensão em casa", afirma. No dia da ligação, Bolsonaro estava viajando com o ministro da Justiça, Anderson Torres, a quem a Polícia Federal (PF) transmite informações diárias de suas missões.
A ligação não é a única que acendeu o alerta sobre uma possível interferência de Bolsonaro na investigação para vazar de informações a Milton Ribeiro. No dia da operação, a mulher do ex-ministro, Miryan Ribeiro, que também foi grampeada, disse a um interlocutor ainda não identificados pela PF que o marido "já estava sabendo"
"Ele estava, no fundo, ele não queria acreditar, mas ele estava sabendo. Eu falei: 'Pra ter rumores do alto é porque o negócio já estava certo'", afirma ao comentar a prisão.