Da AFP
O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar a justiça eleitoral brasileira e questionou, sem provas, uma suposta vulnerabilidade das urnas eletrônicas, durante uma reunião com embaixadores em Brasília, nesta segunda-feira (18).
"Queremos corrigir falhas, queremos transparência, queremos democracia de verdade. Estou sendo acusado o tempo todo (...) como uma pessoa que quer dar o golpe. Estou questionando antes, porque temos tempo ainda de resolver esse problema, com a própria participação das Forças Armadas", declarou Bolsonaro, que acompanhou seu discurso com uma apresentação de PowerPoint sobre o sistema eleitoral.
Bolsonaro discursou por quase uma hora diante de dezenas de embaixadores e diplomatas de países como França e Espanha no Palácio da Alvorada, um encontro convocado apenas para discutir o sistema eleitoral brasileiro.
Algumas embaixadas dos principais parceiros do Brasil, como a Argentina, não foram convidadas, sem que um motivo fosse dado.
Bolsonaro tornou as urnas eletrônicas um alvo de ataques devido a uma suposta vulnerabilidade, sem provas.
Em várias oportunidades, o presidente afirmou, sem oferecer provas, que houve fraude nas eleições de 2014 e 2018, quando, ainda segundo Bolsonaro, ele teria vencido no primeiro turno.
Bolsonaro disputará as eleições presidenciais em 2 de outubro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, favorito segundo as pesquisas.
Membros do Partido dos Trabalhadores (PT) e alguns analistas avaliam que a postura de Bolsonaro faz parte de uma estratégia para deslegitimar uma eventual derrota nas urnas e tumultuar o processo eleitoral.
Bolsonaro citou, nesta segunda-feira, uma investigação aberta em 2018 pela Polícia Federal (PF), um mês após a eleição na qual tornou-se presidente, para verificar um ataque de hacker contra os sistemas digitais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O inquérito ainda não foi concluído, mas, segundo o TSE, a PF já deu indícios de que o ataque não acarretou nenhum tipo de manipulação dos resultados eleitorais e pouco afetou o sistema interno do tribunal.
Em audiência no Senado na semana passada, o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, propôs uma "votação paralela" no dia da eleição com uma segunda urna com votos em cédulas de papel.
"Estamos a 3 meses das eleições, as propostas sugeridas pelas Forças Armadas praticamente estancam a possibilidade de manipulação. Não podemos enfrentar umas eleições sob o manto da desconfiança", afirmou.
O Brasil adotou o sistema de urnas eletrônicas nas eleições municipais de 1996. Além de oferecer um resultado mais ágil em comparação com o voto impresso, nenhum problema de segurança foi comprovado até hoje.