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BOLSONARO NO JORNAL NACIONAL: presidente diz que números da economia são 'fantásticos'

Bolsonaro também afirmou que suas promessas para a economia foram frustradas pela pandemia, pela seca e pela guerra da Rússia contra a Ucrânia

Cadastrado por

JC

Publicado em 22/08/2022 às 21:05 | Atualizado em 23/08/2022 às 0:42
Bolsonaro no Jornal Nacional - REPRODUÇÃO DE VÍDEO/TV GLOBO

Com Estadão Conteúdo 

Questionado no Jornal Nacional, nesta segunda-feira (22), sobre a situação econômica do Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que "os números da economia [brasileira] são fantásticos, levando em conta o resto do mundo."

O âncora William Bonner perguntou também quais serão os planos de Bolsonaro para cumprir promessas para recuperar a economia em um eventual novo governo.

"Os planos foram frustrados na economia por uma seca enorme que tivemos no ano passado e pelo conflito da Ucrânia com a Rússia. Você vê o Brasil como o único país do mundo com deflação. Se fosse apenas o Brasil com esse problema, eu seria o responsável. A grande vacina foram as reformas, a reforma da Previdência, modernização das normas regulamentadoras. Pretendemos diminuir impostos ainda neste mandato."

Saiba como foi a entrevista de Bolsonaro ao Jornal Nacional

O presidente manteve o discurso de questionamento às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral brasileiro. Pressionado a assumir o compromisso de aceitar o resultado das eleições, Bolsonaro relutou. Disse que respeitaria, mas impôs uma condição: "Desde que as eleições sejam limpas e transparentes."

Logo no começo da entrevista, citou supostos dados de um inquérito da Polícia Federal sobre as urnas que, até agora, não encontrou indício relevante de fraude. Mesmo assim, Bolsonaro afirmou: "Eu quero é transparência nas eleições. Vocês, com toda a certeza, não leram o inquérito de 2018 da Polícia Federal que está, inclusive, inconcluso. Se você pode colocar uma tranca a mais na sua casa para evitar que ela seja assaltada, você vai fazer ou não? Esse é o objetivo do que eu tenho falado sobre o Tribunal Superior Eleitoral."

Em comparação com a sabatina de 2018, os âncoras William Bonner e Renata Vasconcellos foram menos aguerridos nas perguntas e mais cordiais no tratamento ao entrevistado. Mas mantiveram o tom enfático e a constância crítica nos questionamentos. Bolsonaro trazia uma cola na palma da mão esquerda.

O presidente tentou logo dizer que Bonner estava fazendo "fake news" ao lembrar que o presidente xingara ministro do Supremo. O jornalista sorriu. E lembrou ao presidente que ele chamou de "canalha" o ministro Alexandre de Moraes. Bolsonaro, então, justificou-se dizendo que Moraes conduzia uma investigação ilegal admitiu pôs em dúvida a legitimidade do ciclo eleitoral das eleições de 2014 e 2018 sem apresentar provas e disse que quem irá decidir a questão da transparência na auditoria das urnas eletrônicas no Brasil será as Forças Armadas.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afirma que "nenhum caso, até hoje, foi identificado e comprovado" e que órgãos como o Ministério Público e a Polícia Federal "têm a prerrogativa de investigar o processo eleitoral brasileiro e já realizaram auditorias independentes".

Bolsonaro também foi questionado sobre medidas de isolamento social adotadas por diversos países do mundo para evitar o colapso de hospitais, como os vistos em Manaus, e que foram criticadas por ele e por integrantes do governo federal. O presidente negou que tenha havido erros ou omissões do governo.

"Menos de 48 horas estavam chegando cilindros em Manaus. Foi algo atípico. Não faltou da nossa parte recursos bilionários para prefeitos e governadores para a construção de hospitais de campanha".

Bolsonaro aproveitou as perguntas sobre a pandemia de covid-19 para criticar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid "Aquela CPI do circo feita por Omar Aziz e Randolfe Rodrigues não quiseram investigar o desvio de recursos enviados para governadores do Nordeste. Lamento as mortes. Não poderia ser tratado como começou a ser tratado. No protocolo do Mandetta, tinha o tratamento precoce, mas só em casos graves. Eu discordei dele", disse.

Em outro momento, Bonner questionou Bolsonaro se ele "sempre foi do Centrão" ou "nunca foi do Centrão". "No meu tempo não existia Centrão. No meu tempo, esses partidos não eram tidos como do centrão. Estamos em um governo sem corrupção. Nomeamos ministros com perfil técnico. Eu não aceitei pressões de lugar nenhum para escalar ministros. Estamos governando sem corrupção ou indicação política", disse.

Renata aproveitou a resposta sobre a escolha de ministros com perfil técnico para questionar Bolsonaro sobre as constantes trocas no comando do Ministério da Educação e a prisão do último ministro, o pastor Milton Ribeiro, envolvido em um escândalo de favorecimento de pastores na distribuição de verbas revelado pelo Estadão, além de suposta participação em crimes de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência.

"Por muitas vezes, depois que a pessoa chega, a gente vê que ela não leva jeito para aquilo. Ele teve acusação e foi preso, inclusive. Conseguiu o habeas corpus em seguida. O MP do DF foi contra a prisão dele porque não tinha nada contra ele. Outra história: a questão de ter dois pastores, um no gabinete dele, não tem problema. Agora, se ela faz besteira... Nós começamos a investigar o caso dos pastores com a CGU. Não foi a Polícia Federal", disse o presidente.

A âncora citou os casos de trocas de ministros da Educação e questionou quais os critérios utilizados para a escolha dos chefes da pasta. "As pessoas se revelam quando chegam. Atualmente, eu tenho um excelente ministro. O ideal seria não ter rotatividade", respondeu Bolsonaro.

Sobre os casos de corrupção no atual governo, Bonner questionou Bolsonaro sobre acusações de interferência na Polícia Federal.

"Quem me acusou de interferência na PF foi o ex-ministro Sérgio Moro. Falou que a prova estava numa sessão reservada nossa. A sessão foi gravada. Eu não tinha obrigação de entregar a fita. Entreguei a fita. Foi revelada, até com muitos palavrões. Não acharam nada. Ninguém comanda a PF, dessa forma como você está falando", disse.

Ao falar de meio ambiente, o presidente negou que o Brasil é um país destruidor de florestas, disse que há abusos do Ibama ao destruir equipamentos apreendido pelo órgão por derrubar árvores ilegalmente na Amazônia, acusou que potências europeias também lidam com incêndios em suas florestas e admitiu que maior parte dos incêndios no Brasil é de origem criminosa.

"Quando se fala em Amazônia, por que não se fala na França, que há mais de 30 dias está pegando fogo. Assim como Espanha e Portugal. Califórnia pega fogo todo ano. Brasil, infelizmente, não é diferente. Grande parte disso aí é criminoso, eu sei disso "

Jair Bolsonaro  inaugurou a série de entrevistas do Jornal Nacional, que receberá os principais candidatos à Presidência ao longo da semana, marcada ainda pelo início da propaganda eleitoral no rádio e na TV, na sexta-feira, 26. Já no domingo, 28, os eleitores poderão acompanhar na TV Bandeirantes o primeiro debate entre os principais concorrentes ao Palácio do Planalto.

Nos bastidores, o presidente indicava que se recusaria a dar a entrevista ao Jornal Nacional. Ele demorou a confirmar a participação nos termos definidos pela emissora, de que a entrevista fosse presencial, nos estúdios do telejornal, no Rio de Janeiro.

Em e-mail enviado no dia 4 de agosto, a assessoria manifestava a disposição de Bolsonaro de conceder a entrevista, mas no Alvorada, alegando que "em função da campanha e de compromissos assumidos anteriormente, a agenda presidencial impossibilita a ida ao RJ, no dia 22 de agosto".

Segundo a emissora, no dia seguinte, a assessoria de Bolsonaro explicou que o pedido foi para manifestar uma preferência, mas que o candidato não se recusava a ir ao Rio de Janeiro para a entrevista. Sendo assim, a Globo confirmou a entrevista.

Segundo interlocutores, Bolsonaro viu no convite uma oportunidade para se comunicar com a faixa mais pobre do eleitorado, que, segundo as pesquisas, tem se mostrado mais propensa a votar em Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Todos os outros convidados também aceitaram as regras. Ciro Gomes (PDT) será entrevistado na quarta-feira (24). Na quinta-feira (25), será a vez de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Simone Tebet (MDB) fechará a rodada na sexta-feira (26).

O quartel-general do presidente insistiu para que ele passasse por um media training, ensaiando as perguntas e respostas da entrevista no Jornal Nacional, mas Bolsonaro recusou.

Polêmica em 2018

Foi no Jornal Nacional, em 2018, que Bolsonaro reforçou uma fake news que já circulava nas redes sociais. Segundo o então candidato à Presidência, o livro Aparelho Sexual & Cia faria parte de um "kit gay" distribuído nas escolas durante os governos petistas. A alegação ganhou notoriedade e foi um dos grandes temas da campanha daquele ano.

Na ocasião, o então deputado federal fez, ainda, questionamentos a respeito do salário de Renata Vasconcellos, provocou William Bonner sobre seu divórcio com Fátima Bernardes e alegou que a TV Globo sobrevivia de "recursos da União".

 

 

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