"Houve equívoco de comunicação na apresentação da proposta", diz Danilo Cabral sobre tarifa única de R$ 2,15 prometida por Paulo Câmara

Danilo Cabral defende a criação de uma agência fiscalizadora do transporte público
Mirella Araújo
Publicado em 30/08/2022 às 16:34
Candidato a governador de Pernambuco, Danilo Cabral participou do podcast Fala Ordinário Foto: Marcus Mendes


A promessa feita pelo então candidato a governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), em 2014, de que o preço da passagem de ônibus seria unificado a R$ 2,15, voltou ao centro do debate nestas eleições.

Apoiado pelo chefe do Executivo estadual, o candidato a governador pelo PSB, Danilo Cabral, afirmou nessa segunda-feira (29), que houve “uma falha na divulgação como foi feita a proposta”, ao ser questionado sobre o assunto, durante entrevista no podcast Fala Ordinário.

“Acho que houve uma falha na divulgação da proposta, porque você não congela tarifa. Está aí o preço do combustível como está, você tem um centro de custo. O que justifica aquela tarifa? Você faz a composição do custo, tem o salário do motorista, o custo de manutenção dos ônibus, do combustível, a tarifa deve pagar tudo isso”, disse Danilo Cabral.

“O que houve lá atrás foi um equívoco de comunicação na apresentação dessa proposta”, completou.

Em 2017, um ano antes de disputar o seu segundo mandato, o governador Paulo Câmara explicou que o bilhete único do Anel A, no valor de R$ 2,15 tinha sido dado como um exemplo porque era o valor cobrado naquela época, mas que o Governo do Estado continuaria em busca dessa unificação.

Após quase oito anos de gestão, a promessa de unificação de todas as tarifas não foi cumprida, e em período eleitoral ou de discussão sobre o aumento no valor das passagens, ela é resgatada nas redes sociais.

Apesar de ter determinado o fim da tarifa D, as demais tarifas continuaram com sucessivos aumentos. Em fevereiro deste ano foi aprovado o reajuste de 9,8%. Com isso, a tarifa do anel A - utilizada por 80% dos passageiros - passou de R$ 3,75 para R$ 4,10, enquanto o anel B, subiu de R$ 5,10 para R$ 5,60

Houve alguns poucos avanços, como a integração temporal - modelo semelhante ao que ocorre em São Paulo. Dos 26 terminais integrados, 19 já funcionam no modelo temporal que permite a integração entre modais, com um valor menor, dentro de um período de duas horas. Isso significa que quem sai do metrô e precisa pegar um ônibus, tem até duas horas para fazer a troca sem a cobrança de uma nova tarifa.

Há também a “tarifa social” que dá desconto de R$ 1 no Vem Comum nos anéis A e B nos horários considerados fora de pico: das 9h às 11h e das 13h30 às 15h30, sendo R$ 3,10 e R$ 4,60, respectivamente.

YACY RIBEIRO/JC IMAGEM - TRANSTORNO Passageiros precisaram esperar horas pela chegada dos coletivos, que saíam lotados

FISCALIZAÇÃO

Superlotação, veículos sucateados, atrasos constantes e falta de segurança. Esses são os problemas mais relatados por quem depende do transporte público para se locomover. Sobre este cenário, Danilo Cabral reconheceu que é necessário reestruturar o sistema público de transporte e que isso não envolve apenas a recomposição das estações e dos terminais integrados, além da ampliação das faixas exclusivas para ônibus.

Durante entrevista ao podcast Fala Ordinário, o candidato a governador Danilo Cabral também afirmou que está estudando uma proposta de implementação de uma agência fiscalizadora do transporte público.

“Nós temos que zerar esse jogo com esses operadores. Quando digo zerar o jogo, é abrir um novo procedimento para contratação, abrindo concorrência e trazer efetivamente competitividade para dentro, porque com essa competição conseguimos fechar o que está em aberto também”, explica.

"Chegamos no ponto em que precisamos aprofundar alguns pontos. Esse Consórcio não cumpre o papel que ele está aí. Ele está precisando ser recomposto. Ele não serve mais a esse momento que estamos vivenciando", disse.

"Nós precisamos dar uma nova governança metropolitana, fazer concurso e colocar gente que tenha condições de fazer essa tarefa. E ainda outro movimento , que esse eu quero fazer, a gente tem que estruturar uma nova agência de fiscalização do transporte público”, pontuou o deputado federal, referindo-se ao Grande Recife Consórcio de Transporte.

A proposta ainda será apresentada em detalhes pelo candidato do PSB, que também defendeu uma punição rígida para as empresas que não ofertarem um serviço de qualidade, conforme estabelecido por contrato. 


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