O debate com os candidatos ao Governo de Pernambuco que a TV Globo promoveu na noite desta terça-feira (27) foi marcado por embates duros entre Danilo Cabral (PSB) e Miguel Coelho (União Brasil), que trocaram acusações de inabilidade administrativa e envolvimento em esquemas de corrupção.
Segundo a pesquisa Ipec divulgada horas antes do programa, os postulantes estão tecnicamente empatados com Raquel Lyra (PSDB) na segunda colocação da corrida eleitoral e brigam entre si para chegar ao segundo turno do pleito.
Foram convidados para o programa Marília Arraes (Solidariedade), Danilo, Raquel, Miguel, Anderson Ferreira (PL), João Arnaldo (PSOL) e Pastor Wellington (PTB). A emissora seguiu determinação da legislação eleitoral, que exige que sejam convidados candidatos de partidos com representação no Congresso Nacional de, no mínimo, cinco parlamentares.
Marília e Anderson não compareceram ao programa, mas segundo as regras da emissora, os presentes poderiam realizar perguntas a eles mesmo assim. A ausência da dupla não foi ignorada e vários postulantes ao governo aproveitaram o espaço para criticar o movimento dos adversários, que têm evitado comparecer a debates já há algumas semanas.
“Infelizmente a candidata Marília se ausenta, e mais do que isso, ela também foge de perguntas que nós fizemos nos debates e que ela não quer responder”, disparou Danilo Cabral. Raquel Lyra, por sua vez, disse que Marília foge do debate e ressaltou que o vice dela é Sebastião Oliveira (Avante), “o secretário responsável pelas péssimas estradas de Pernambuco”.
Nos momentos de enfrentamentos diretos entre os postulantes, chamou atenção os embates entre Danilo e Miguel. Em um dos trechos mais tensos, o socialista questionou o filho do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB) sobre doações de campanha que ele e os irmãos receberam de Emival Ramos Caiado, empresário de Goiás que estava na lista suja do trabalho escravo do Ministério do Trabalho.
“Por que um empresário assim doaria para a sua campanha?”, perguntou Danilo Cabral. Em resposta, Miguel Coelho rememorou as operações da Polícia Federal envolvendo compras durante a pandemia da covid-19 no Recife.
“Todas as doações que a nossa campanha recebeu, seguiram estritamente o que a legislação eleitoral permite”, justificou. “Já que você está indo para o jogo baixo e do desespero, você deveria falar sobre as sete operações da PF no PSB, até no Palácio foram pela primeira na história, manchando a história de Pernambuco. Você inclusive foi condenado pelo Tribunal de Contas sobre a obra da navegabilidade, aproveita e explica isso também”, cravou Miguel Coelho.
Em outro momento, enquanto defendia as gestões de governadores da Frente Popular e cobrava o adversário sobre os investimentos que fez na área da saúde em Petrolina enquanto foi prefeito da cidade, Danilo afirmou que Miguel é bom fazer “migué”.
“Você não cuida da saúde, não construiu um hospital, a sua política de saúde é transferir responsabilidade, mesmo tendo recebido R$ 300 milhões de orçamento secreto. Dava pra fazer 2 ou 3 hospitais de grande porte ou 30 unidades de pronto atendimento. Sabe qual é a política de saúde de Miguel? Ambulância. É levar os doentes para o Dom Malan, que é do Estado, ou para o hospital da Univasf, que é do governo federal. Ele falou do hospital da criança no outro debate, disse que tinha entregue, agora se corrigiu, disse que assinou ordem de serviço. Esse é o Miguel, de muito migué”, provocou o socialista.
João Arnaldo também não deu trégua ao filho de FBC, e durante o debate declarou que o senador “ajudou Bolsonaro a destruir o Brasil”. A declaração foi feita quando ele dirigiu a Miguel uma pergunta sobre a educação em Petrolina.
Miguel tentou revidar aos ataques citando ações adotadas por ele durante a sua gestão em Petrolina, mencionando propostas para o Governo de Pernambuco e afirmando que João Arnaldo deveria "colocar mais amor no coração".
Apesar do trabalho que tem sido feito pela campanha de Danilo no sentido de desassociar a imagem dele da do governador Paulo Câmara (PSB), mal avaliado pela população do Estado, Raquel fez questão de afirmou na noite desta terça-feira (27) que afirmar que é difícil acreditar "que um candidato que representa a continuidade de Paulo Câmara vai fazer diferente" do que o atual chefe do Executivo faz. No programa, ela também lembrou que Danilo foi secretário de Planejamento de Paulo.
O debate da TV Globo se estendeu até depois da meia-noite. O programa foi dividido em quatro blocos, sendo que o primeiro e o terceiro tinham temas livres, o segundo e o quarto tiveram temas determinados e o quarto foi usado para as considerações finais dos postulantes. Na quinta-feira (29), às 11h, será a vez da TV Jornal sediar um debate com os candidatos ao Governo de Pernambuco.