Marília Arraes chega ao segundo turno com promessas de mudança de estratégia e o desafio de expandir bases eleitorais

Candidata a governadora irá às urnas em 30 de outubro, quando disputará o cargo com Raquel Lyra, postulante do PSDB no pleito
Renata Monteiro
Publicado em 03/10/2022 às 1:00
Marília Arraes concedeu entrevista coletiva na noite do domingo (2), em um hotel da Zona Sul do Recife Foto: Bruno Campos/JC Imagem


Candidata do Solidariedade ao Governo de Pernambuco, Marília Arraes chega ao segundo turno do pleito deste ano com a promessa de mudanças na sua estratégia de campanha e o desafio de reconfigurar alianças e expandir bases eleitorais. Em coletiva à imprensa na noite deste domingo (2), a postulante comemorou a derrota do PSB na disputa, e indicou que a principal tática que usará para tentar vencer a disputa será a associação da imagem da sua adversária, Raquel Lyra (PSDB), ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Diferentemente do que apontavam todas as pesquisas de intenção de voto lançadas antes da eleição, que mostravam Marília com vantagem de mais de dez pontos percentuais na comparação com o segundo lugar, a candidata conquistou a primeira colocação no primeiro turno com 3 pontos a mais que Raquel. Apenas 165 mil votos separaram a deputada federal da ex-prefeita de Caruaru.

Na entrevista de ontem, Marília disse acreditar que a vitória do seu projeto virá das “propostas, projetos e linhas programáticas” que já tem apresentado e do tempo maior de propaganda de TV característico desta fase da campanha. A candidata disse, também, que pretende ampliar as suas bases, sem detalhar, contudo, de que maneira fará isso, já que Miguel Coelho (União Brasil) já declarou apoio a Raquel e uma aliança com o PSB ou com o PL de Anderson Ferreira foram descartadas pela própria postulante.

Nossos adversários são o PSB, que já derrotamos, e o bolsonarismo, seja ele declarado ou não declarado”, disparou Marília. “Anderson escolheu o lado dele. Ele escolheu o lado de Bolsonaro. E onde Bolsonaro estiver, eu não estou”, completou a candidata, em outra parte da entrevista.

Marília Arraes deu a entender, no entanto, que tentará abrir um canal de diálogo com lideranças de partidos que estejam com Raquel Lyra, mas ainda assim dispostos a abrir dissidência. “Cada partido não é uma entidade una, em que está todo mundo agarrado em torno dela. Nós vamos abrir diálogo com os atores políticos de Pernambuco, independentemente se foram candidatos ou não, mas vamos priorizar a defesa da democracia, do presidente Lula e replicar esse projeto aqui em Pernambuco”, pontuou.

A respeito da relação com o PT, partido que deixou após ter a candidatura ao governo rifada, Marília disse que iria conversar ontem mesmo com Lula sobre a campanha de ambos no segundo turno e não descartou ir à mesa com as lideranças do partido no Estado, tendo citado, inclusive, que vai “fazer o possível para unir forças” com os três senadores que estarão no Parlamento a partir de 2023, sendo que dois deles serão Teresa Leitão (PT) e Humberto Costa (PT).

Ao mencionar a adversária, Marília várias vezes ligou Raquel a Bolsonaro, embora o PSDB, partido da ex-prefeita, tenha apoiado Simone Tebet (MDB) no primeiro turno. “Agora chegou a hora de uma nova etapa. Pernambuco vai decidir se vai seguir o caminho de projetos e propostas alinhados à justiça social, ao que o presidente Lula quer fazer no Brasil, ou um bolsonarismo pintado com outras cores”, cravou Marília.

Apesar do posicionamento, a candidata disse estar feliz com o fato de que suas mulheres conseguiram, pela primeira vez na história, chegar ao segundo turno em Pernambuco. “A gente tem a responsabilidade de abrir as portas para as próximas mulheres que virão. Eu sou mãe de duas meninas, estou esperando a terceira e quero que elas vivam em uma sociedade mais justa, mais igualitária do que a que eu vivo hoje. Este é um momento muito importante para o nosso Estado, que nunca teve uma mulher governadora e tem tão poucas mulheres na política”, frisou.

Marília disse, também, que depois de passar por todo primeiro turno sem participar de sequer um debate, fará questão de estar em programas do tipo a partir de agora. “Foi uma estratégia política não ir aos debates, até porque tinham 6 ou 7 candidatos, dois deles laranjas, 4 estavam se digladiando para chegar ao segundo turno e todos mirando em mim. (...) Agora, no segundo turno, é de um pra um. Eu vou participar dos debates sem problema nenhum. Diferente da minha adversária, que há dois anos não participou de nenhum debate”, disse.

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