Menos de 24h após consolidar-se a votação para o Governo de Pernambuco, a ser decidido num segundo turno entre Marília Arraes (Solidariedade) e Raquel Lyra (PSDB), algumas estratégias da deputada federal já são perceptíveis. A diferença entre as candidatas foi de 3,39 pontos percentuais, o que deve traduzir-se numa disputa acirrada até o dia 30 de outubro.
Uma das apostas para garantir a Marília Arraes a vantagem necessária para esta eleição é colar, efetivamente, na imagem de Lula (PT). A deputada deixou a legenda do ex-presidente para se candidatar ao Governo de Pernambuco, mas continuou apoiando o petista e disputou com Danilo Cabral (PSB) o apoio do candidato à Presidência.
Sem Danilo Cabral na disputa, a campanha de Marília Arraes tentará um apoio expresso do petista. Nos bastidores, sabe-se da pré-disposição de Lula com relação a ex-correligionária. Avalia-se, inclusive, que maiores gestos do ex-presidente para a candidata não ocorreram por causa da barreira imposta por Gleisi Hoffmann, desafeto de Arraes e defensora ferrenha da aliança PT-PSB.
Em entrevista concedida nesta segunda-feira (3) à Rádio Jornal, Marília afirmou que vai seguir trabalhando para a eleição de Lula, que disputa o segundo turno contra Jair Bolsonaro (PL) pela Presidência da República. A candidata, então, afirmou que vai procurar abrir um canal de diálogo com o ex-presidente, para garantir-lhe um palanque em Pernambuco.
"Vamos conversar sim. O presidente Lula vai precisar de palanques sólidos nos estados. E aqui em Pernambuco nós é que sempre estivemos ao lado de Lula e o povo de Lula está conosco ", comentou Marília Arraes.
Nesse sentido, uma outra estratégia pode ser criticar Raquel Lyra por uma eventual falta de posicionamento com relação à disputa nacional. O PSDB apoiou oficialmente Simone Tebet (MDB). Nos bastidores, há uma tentativa colocar a ex-prefeita de Caruaru no campo bolsonarista.
"Estamos vivendo um momento crucial para a Democracia brasileira. Quem está contra Lula está com Bolsonaro de alguma maneira. Temos que trazer essa discussão, afinal, quando a pessoa dia 'tanto faz', está sendo conivente com essa política fascista. Quem diz 'tanto faz' ajudou Bolsonaro a ir para o segundo turno", disse Marília na entrevista.
Durante a coletiva concedida após a eleição, Arraes negou que conversaria com Anderson Ferreira (PL) e associou o bolsonarista à adversária: "Ele pretendia montar uma chapa com Raquel Lyra, tinham toda pretensão mas não se entenderam, saíram e se separaram. O projeto era juntos, e não comigo. Anderson escolheu o lado dele, e onde Bolsonaro estiver, eu não estou".
Raquel Lyra, em tempo, encontra-se afastada da campanha. Após a morte repentina do marido da candidata no último domingo (2), quem assume a condução neste momento é sua vice, Priscila Krause (Cidadania). Ela é entrevistada pela Rádio Jornal nesta terça.