As críticas contundentes que têm sido lançadas em relação aos resultados das últimas pesquisas eleitorais, por discrepâncias com a totalização de votos no primeiro turno das eleições presidenciais de 2022, foram afastadas pelo cientista político Antônio Lavareda, em entrevista à Rádio Jornal. Reconhecendo que os institutos precisarão deixar mais claro à população a finalidade das pesquisas, Lavareda criticou o anúncio do Ministério da Justiça de abrir investigação contra os levantamentos e reforçou que “pesquisa não é prognóstico” do resultado da eleição.
“Quando o pesquisador vai a campo, ele produz uma amostra sobre o total do eleitorado. Pernambuco tem pouco mais de 7 milhões de eleitores. Essa amostra procura ser representativa dos diversos segmentos e o que capta pretende traduzir o tamanho de cada parcela de eleitorado”, explicou ele.
Segundo Lavareda, a apresentação dos votos válidos pelos institutos, que no caso do Brasil pode ser feita na véspera da eleição, tem que ser feita com muito cuidado e “sempre com nota de cautela”.
“‘Olha isso aqui é intenção de voto, amanhã algo pode mudar’. É assim que a sociedade vai ter melhor informação e as pesquisas vão poder cumprir o seu papel correto, que é informar”, diz ele sobre as informações que precisam ser repassadas à população.
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Presidente do Conselho Científico do IPESPE (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas), Antônio Lavareda vê como “uso político” a atuação do Ministério da Justiça, que se prontificou a abrir uma investigação sobre os institutos de pesquisa e suas metodologias para coleta dos dados que são apresentados.
“Esse episódio do ministro da justiça é apenas um episódio lamentável de utilização do ministério pelo atual presidente na sua campanha eleitoral. É uma coisa lastimável. Se prosperar vai deixar a imagem do Brasil mais uma vez muito negativa no cenário internacional”, afirmou.
Para o segundo turno, o cientista político acredita que os resultados das pesquisas com tantas interferências sobre as estimativas, como ocorreu nesse primeiro turno.
“Os institutos têm seu trabalho mais facilitado, sem muitas interferências entre votos totais registrados nas pesquisas e totais registrados no eleitorado, a partir da votação do TSE, mas continua valendo a nota de cautela. Pesquisa é pesquisa, não é prognóstico”.