Criticada por alianças com bolsonaristas e socialistas, Raquel Lyra rebate: 'nosso guia é o meu plano de governo'

Em entrevista nesta segunda (17), Raquel também não poupou críticas a Marília Arraes e ao governador Paulo Câmara (PSB): 'A coerência na política cobra o seu preço', disse
Renata Monteiro
Publicado em 17/10/2022 às 15:55
Raquel Lyra participou de sabatina na Rádio Folha nesta segunda (17) Foto: Américo Nunes/Divulgação


Candidata a governadora de Pernambuco pelo PSDB, Raquel Lyra afirmou nesta segunda-feira (17) que as alianças que firmou com partidos e lideranças políticas no pleito deste ano não estão condicionadas ao apoio dela a qualquer candidato à Presidência da República, ou a espaços em um eventual governo seu. Raquel, que não vai abrir seu voto para presidente no segundo turno, vem sendo criticada pela campanha de Marília Arraes (Solidariedade) por essa decisão e constantemente associada à imagem do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do governador Paulo Câmara (PSB). Apesar de os socialistas estarem oficialmente com a aliada de Lula (PT) no Estado, alguns deles têm divulgado que vão votar na ex-prefeita de Caruaru.

Durante participação em sabatina da Rádio Folha pela manhã, Raquel Lyra reafirmou que não pretende divulgar a sua escolha na disputa nacional. A candidata também disse que é o governador, não o presidente, quem vai cuidar das estradas do Estado, quem vai colocar água nas torneiras dos pernambucanos e que está disposta a construir pontes com quem quer que seja o escolhido pelos eleitores brasileiros para chefiar o País a partir de 2023.

Quando questionada se as lideranças conservadoras, bolsonaristas e socialistas que declararam apoio ao seu projeto teriam espaço no governo caso venha a ser eleita, a ex-prefeita de Caruaru afirmou que os pilares da sua gestão serão o seu plano de governo e que todos os que aderiram à sua campanha concordam com eles.

"Eu estou aqui com o meu plano de governo na mão. Ele foi construído de forma colaborativa sobre educação, saúde, segurança, geração de emprego. São 68 páginas e é esse o nosso guia. Todos os apoios que vieram, não houve negociação de nada, a não ser a mudança que Pernambuco precisa. Não negociei espaços no governo. (...) Todo mundo sabe como eu faço política e vou continuar fazendo. Esses são valores inegociáveis", afirmou Raquel.

A tucana também cuidou de afastar rumores de que teria se distanciado da família Coelho, que declarou apoio a ela no segundo turno, após Miguel, ex-prefeito de Petrolina, não conseguir avançar na corrida estadual. Os boatos de um possível afastamento entre eles ganharam força no último domingo (16), após nenhum membro do clã sertanejo ter comparecido ao grande ato político que ela realizou em Caruaru.

"Não é verdade (que os Coelho não foram convidados). Quem pôde estar lá, estava", cravou a candidata, afirmando, em seguida, que iria se encontrar com Miguel ainda nesta segunda, para um almoço.

Raquel disse, também, que ainda não conversou com o antigo aliado, Anderson Ferreira (PL), que ficou em terceiro lugar no primeiro turno, sobre uma possível aliança nesta fase do pleito. A tucana frisou que está construindo uma frente política com apoiadores de Lula e Bolsonaro e que seu objetivo é "unir o Estado para garantir que Pernambuco possa viver dias melhores".

Na entrevista, Raquel também não poupou críticas a Marília Arraes e ao governador Paulo Câmara (PSB). "A coerência na política cobra o seu preço. O povo está atento a todos os movimentos de quem faz política. (...) Houve uma briga ferrenha em 2020 e agora uma aliança para se manter no poder, um vale-tudo pela eleição. O legado que Paulo Câmara deixa para Pernambuco é muito ruim, ele passou por três presidentes e não foi capaz de entregar soluções para o nosso Estado. (...) O PSB e Paulo Câmara fizeram de tudo para se manter no poder e se encastelou no Palácio e em troca de apoio político, dividiram o governo, e agora vão apoiar a nossa adversária a troco de que? Se manter no poder de novo?", disparou a tucana.

Perda do esposo

Visivelmente emocionada, Raquel Lyra falou sobre os seus sentimentos após a morte do esposo, Fernando Lucena, no dia da eleição do primeiro turno, e contou que resolveu retomar a campanha ao Governo de Pernambuco por conta do incentivo dos filhos, João e Fernando.

"Fernando, Nego, como eu sempre chamo, foi um companheiro de vida. Eu comecei a namorar com ele eu tinha 14 anos de idade e ele 15, numa festa lá no Macambira ele dançou a valsa dos 15 anos comigo. Ele sonhou comigo todos os meus sonhos, era o cara que mais dizia 'siga em frente que eu estou aqui para segurar a onda'. Ele fazia a coordenação da minha campanha junto com a minha mãe e o nosso time do Agreste. A gente fez uma carreata linda, ele dirigiu o carro aqui no Recife, seguimos até Caruaru. Mas não sei por qual ironia do destino, a vida o levou", detalhou a ex-prefeita.

Raquel contou, ainda, que não tem sido fácil retomar os trabalhos tão pouco tempo depois da perda. "Foram 30 anos juntos, construímos uma família linda, e quando uma coisa dessas acontece, a gente se questiona sobre muita coisa. E eu quero agradecer a todo apoio que eu recebi até aqui. Aos meus filhos, que eles mesmos me disseram, 'mãe, nós estamos aqui, quando você vai trabalhar? Você precisa seguir'. (...) A gente sonhou junto muita coisa, e também sonhou junto mudar Pernambuco. Eu sei que se ele estivesse aqui comigo, iria dizer 'vai dar certo, siga em frente'. E eu estou seguindo", afirmou.

"Mas eu não estou seguindo sozinha e talvez não tenha as mesmas pernas e a mesma voz do primeiro turno, porque eu tenho um vazio imenso dentro de mim. Às vezes me perguntam, 'Raquel, é difícil dormir?'. E eu respondo que o difícil é acordar e me deparar com essa realidade. Não foi um sonho ruim, não é um filme que vai acabar e de repente eu vou encontrá-lo de novo. Eu sou muito grata a tudo o que vivi com ele e tenho buscado exercer essa gratidão todos os dias, para ficar aqui de pé e para seguir a minha missão, que era a missão dele também", completou.

Apoios de prefeitos

Mais cedo, a equipe de campanha de Raquel divulgou que a ex-prefeita de Caruaru já tem o apoio de 110 prefeitos de todas as regiões de Pernambuco. São gestores da Região Metropolitana, como Elcione Ramos (Igarassu), Célia Sales (PTB - Ipojuca), Keko do Armazém (PL - Cabo de Santo Agostinho), Professor Lupercio (SD - Olinda) e Edmilson Cupertino (PSB - Moreno).

Da Zona da Mata, há o apoio dos prefeitos de Catende (Dona Graça/PSDB), Vicência (Guiga/Cidadania), Carpina (Manuel Botafogo/PDT), Vitória de Santo Antão (Paulo Roberto/MDB), Palmares (Júnior de Beto/PP), Escada (Mary Gouveia/PL) e Ribeirão (Marcelo Maranhão/PSB), entre outros. Do Agreste, prefeitos como Lucielle (União Brasil - Bezerros), Rodrigo Pinheiro (PSDB - Caruaru), Canhotinho (PSDB - Sandra Paes), Gustavo Adolfo (PSB - Bonito), Roberto Asfora (PL - Brejo da Madre de Deus), por exemplo, já fecharam com a tucana.

E do Sertão, dentre os inúmeros prefeitos, pode-se também citar a presença de Márcia Conrado (PT - Serra Talhada), Sandrinho Palmeira (PSB - Afogados da Ingazeira), Wellington Maciel (MDB - Arcoverde) e Ricardo Ramos (PSDB - Ouricuri).

"Raquel Lyra também já conta com o apoio robusto de 29 deputados estaduais e 13 deputados federais, entre eleitos e com mandato", diz a equipe da tucana.

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