Ex-candidato a governador de Pernambuco pela Frente Popular, o deputado federal Danilo Cabral destacou a necessidade de o PSB fazer uma avaliação autocrítica sobre os resultados das eleições em Pernambuco.
O parlamentar, que disputou como candidato a governador pela primeira vez, quebrou o ciclo de hegemonia de 16 anos do governo socialista, após perder as eleições no primeiro turno, tendo recebido 18,06% dos votos.
De acordo com Danilo Cabral, nestas eleições de 2022, a disputa majoritária ocorreu de forma inusitada já pelo número de candidaturas competitivas disputando o comando do Palácio do Campo das Princesas.
“Tivemos alguns desafios, que já sabíamos desde o início, de que por parte da população havia um certo sentimento de alternância. Isso foi manifestado na urna também, pela quantidade de candidaturas da oposição, e os resultados que nós tivemos. Ou seja, a urna apontou um desejo da população de experimentar, considerando os 16 anos que temos da Frente Popular de Pernambuco, um novo conjunto político”, afirmou Cabral.
“Apesar de entendermos que temos um conjunto de transformações que foram feitas nas vidas dos pernambucanos que legitimava a gente a continuar governando o Estado e a aprofundar as mudanças que fizemos aqui também”, completou, em entrevista à Rádio Folha, nesta sexta-feira (4).
Dentro desse processo de autocrítica, Danilo Cabral chama atenção para uma reflexão sobre o que poderia ter provocado essa perda de conexão entre o governo do PSB e a população, reconhecendo ainda o índice de avaliação negativa que a atual gestão de Paulo Câmara possui.
“Faltou uma comunicação melhor daquilo que foi a execução dos nossos 16 anos. O governo de Eduardo representou um momento, e o governo de Paulo representou um outro momento”, disse Cabral, citando também as dificuldades enfrentadas pelo governo desde 2014 com as crises econômica, política, social e, mais recentemente, a sanitária.
Durante a entrevista, Danilo Cabral fez questão de destacar a importância do papel exercido pelo PSB na eleição do ex-presidente Lula (PT) e que a defesa por uma ampla frente democrática se materializou com a convocação do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) para conduzir o processo de transição do governo.
Esse movimento não tem deixado dúvidas sobre o espaço que o partido socialista terá na condução do governo Lula nos próximos quatro anos. No entanto, a defesa pela autocrítica se dá por uma avaliação do resultado das eleições proporcionais. Na Câmara dos Deputados, por exemplo, a bancada federal sofreu uma diminuição significativa de seus representantes, passando de 31 para 14 deputados federais.
No caso de Pernambuco, apesar de ter mantido as cinco cadeiras, os deputados federais que possuem uma ligação histórica e mais orgânica com a legenda, não foram reconduzidos. Outro ponto que será discutido dentro do partido na próxima semana será o posicionamento que deverá ser adotado nos estados.
O governador Paulo Câmara participa, na próxima semana, de uma reunião com a Executiva Nacional para discutir a questão. Danilo Cabral já afirma que a própria população colocou o PSB no campo da oposição, diante do resultado das urnas que deu a vitória para a ex-prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB).
“Nós, enquanto oposição, foi esse papel que a população nos colocou também, vamos fazer de forma responsável, para contribuir. Oposição não é só a crítica pela crítica, nem torcer para o quanto pior, melhor. Não espere isso da minha pessoa. Espero que ela (Raquel Lyra) tenha sucesso, consiga honrar com seus compromissos”, afirmou.
Em resposta aos comentários feitos pela governadora eleita Raquel Lyra, de que “abrirá a caixa preta” do Executivo quando assumir a gestão, Danilo Cabral disse que o estado “está com a casa arrumada”.
"Quem atesta isso é a Secretaria do Tesouro Nacional, que mostra que Pernambuco hoje é um estado equilibrado. Nós elevamos a nossa avaliação para captação de operação de crédito. Só em 2023, o governo do estado poderá ter um empréstimo de R$ 3 bilhões", disse.
O deputado também lembrou que a nova gestão receberá um grande volume de obras em andamento, com recursos em caixa. "Nossa leitura é de que Raquel Lyra terá condições de cumprir os compromissos firmados com a população pernambucana", acrescentou.