DIPLOMAÇÃO

Raquel Lyra é diplomada cercada de expectativas e sem abrir nem para os aliados novo secretariado

A vice-governadora eleita e coordenadora da equipe de transição, Priscila Krause (Cidadania), disse que neste momento é importante manter o foco no processo de mudança de governo

Mirella Araújo
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Mirella Araújo
Publicado em 19/12/2022 às 21:50
Guga Matos
Raquel Lyra e Priscila Krause são diplomadas pelo TRE-PE - FOTO: Guga Matos

A governadora eleita de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), a vice-governadora eleita, Priscila Krause (Cidadania), e a senadora eleita Teresa Leitão (PT), foram diplomadas nesta segunda-feira (19), em cerimônia conduzida pelo presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PE), o desembargador André Guimarães.

Em um discurso bastante emocionado, acompanhada dos seus dois filhos, Raquel Lyra recordara do marido, o empresário Fernando Lucena, que faleceu no dia da eleição do primeiro turno, no dia 2 de outubro. Ela também reforçou a legitimidade e o respeito pela vontade expressa da maioria da população traduzida pelo resultado das urnas.

“Quero parabenizar todos aqueles que permitiram eleições dignas, justas e transparentes, e por agir com serenidade contra a disseminação de mentiras e fake news. A verdade venceu e, se Deus permitir, ela sempre prevalecerá”, declarou a governadora eleita, destacando ainda o seu respeito aos poderes Legislativo, Judiciário e às instituições “que precisam estar cada vez mais fortalecidas no estado democrático de direito”.

Desde que foi eleita, Raquel Lyra tem falado sobre construir pontes com todos os poderes constituídos, citando o governo federal através do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e com os municípios, representados pelos prefeitos e vereadores.

Com a diplomação oficializada, cresce a expectativa sobre quem irá compor o secretariado. No entanto, a governadora eleita reprisou o discurso de que tem tempo e irá usá-lo a seu favor.

Sem especificações, Raquel Lyra disse apenas que os nomes vão ter sensibilidade política, mas com capacidade para tirar os projetos do papel. Além disso, ao ser questionada se iria priorizar a nomeação de nomes femininos, Raquel disse que a chapa formada por ela e Priscila Krause, já é uma demonstração histórica de que é necessário ter mais mulheres ocupando espaços de poder e que vai trazer essa visão para o seu governo.

GUGA MATOS/ JC IMAGEM
DIPLOMAÇÃO RAQUEL LYRA, GOVERNADORA ELEITA DE PERNAMBUCO - GUGA MATOS/ JC IMAGEM

ALIADOS AGUARDAM

A vice-governadora eleita e coordenadora da equipe de transição, Priscila Krause (Cidadania), disse que neste momento é importante manter o foco nesse processo de mudança de governo.

Ela também evitou dar qualquer indicativo de quem irá compor as secretarias estaduais e não descartou que a reforma administrativa seja encaminhada após a posse no dia 1º de janeiro, em convocação extraordinária na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).

"Raquel está conduzindo bem esse processo, organizando isso. Ela quem vai anunciar, no momento adequado. O que a gente pode dizer é que a gente está trabalhando, Raquel está dialogando, construindo, e a gente vai apresentar um perfil de primeira", disse Priscila Krause.

O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, defendeu que é necessário respeitar o estilo de cada governante. “Raquel funcionou até aqui, assim. Ela foi prefeita duas vezes de uma cidade relevante como Caruaru, com esse estilo e ninguém muda do dia para noite para atender a expectativa de quem quer que seja. Ao final, tenho certeza que vamos viver um momento novo e as entregas vão vir no momento certo”, declarou.

O presidente estadual do PP e deputado federal reeleito, Eduardo da Fonte (PP), também foi indagado sobre a espera pelas indicações de espaços no governo. O Partido Progressista esteve com Danilo Cabral (PSB) no primeiro turno, mas declarou apoio à Raquel Lyra no segundo turno das eleições.

“A governadora tem seu tempo, se você fizer uma análise também desses últimos 16 anos, esse calendário é o mesmo. As reuniões acontecem mais ou menos entre o dia 20 e vão até o dia 30. Na montagem inicial do primeiro governo de Eduardo Campos, e no primeiro governo de Paulo Câmara, foi esse o calendário”, declarou o parlamentar.

Ele também citou o presidente eleito Lula, afirmando que oficialmente o petista também não conversou com todos os partidos para montar o seu ministério.

O deputado federal eleito Mendonça Filho (União Brasil) também corroborou sobre o respeito ao tempo que Raquel Lyra tem adotado.

“Ela tem legitimidade, sabedoria e estrada suficiente para montar uma boa equipe, compondo os aspectos técnicos, que eu acho que devem prevalecer, com os aspectos políticos que podem também estar presente na medida dos limites estabelecidos pela governadora Raquel Lyra”, afirmou.

AUSÊNCIA

O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), não compareceu a cerimônia de diplomação que também marcou a oficialização dos resultados que elegeram os 49 deputados estaduais, os 25 deputados federais e a primeira senadora mulher a representar o estado no Congresso Nacional, Teresa Leitão

O chefe do Executivo foi representado pela vice-governadora Luciana Santos (PCdoB). De acordo com a comunicação do Palácio do Campo das Princesas, Paulo Câmara teve uma agenda no horário em que ocorria a cerimônia realizada no Teatro Guararapes, no Centro de Convenções. 

"No horário da diplomação acontecia no Palácio do Campo das Princesas o Chamamento para Políticas Públicas de Gênero, evento que contou com a participação de diversos convidados e representantes de entidades ligadas ao tema", comunicou o governo. 

 

GUGA MATOS/ JC IMAGEM
DIPLOMAÇÃO GOVERNO DE PERNAMBUCO, DEPUTADOS FEDERAIS E SENADORA POR PERNAMBUCO - GUGA MATOS/ JC IMAGEM

POLARIZAÇÃO

Em alguns momentos do evento, o clima de polarização entre os presentes ficou evidente e o presidente do TRE-PE, o desembargador André Guimarães, precisou intervir pedindo respeito a cerimônia. Isso porque no momento em que Teresa Leitão subiu ao palco para receber o seu diploma, durante os fortes aplausos, também houve algumas vaias.

Foi então que o coro de "olê, olê, olá, Lula, Lula" começou a ser entoado, sendo rebatido com os gritos de "Lula, ladrão".

"A manifestação começou quando fui muito aplaudida, e aqueles que estão insatisfeito com o resultado democrático da eleição, começaram a insultar Lula. Eu acho uma parte boa, porque me identificam com Lula, e uma parte ruim, porque o povo não aceita nossa vitória", comentou Teresa sobre as manifestações. 

"O presidente do Tribunal foi muito enfático, é permitida as manifestações, mas não a falta de respeito. Foi feito para quem não aceita o resultado das urnas. Lula é nosso presidente e vai tomar posse no dia 1º de janeiro", completou.

Teresa também falou sobre a expectativa para o governo de Raquel Lyra a partir do próximo ano. "Ela pontuou muito bem o momento que nós vivemos de superar essa polarização, de construir pontes. Ela disse isso, mais de uma vez, citou inclusive a interlocução com o presidente Lula, que já disse que assim que tomar posse vai se reunir com os governadores. Esse é o tempo de quem quer fazer política e respeitar a democracia", afirmou. 

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