O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) garantiu que o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, ficará no governo.
"Ele vai continuar sendo meu ministro porque eu confio nele", afirmou Lula a jornalistas nesta quinta-feira (12).
Múcio é alvo de uma fritura interna após os atos golpistas do último domingo, que resultaram na invasão do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF). Para auxiliares próximos ao presidente, o ministro da Defesa foi leniente com os acampamentos de bolsonaristas no QG do Exército, a "incubadora dos golpistas", segundo definiu o ministro da Justiça, Flávio Dino.
Ainda assim, Lula reconheceu que Múcio pode ter falhado. "Se eu tiver que tirar cada ministro na hora que ele comete um erro, sabe, vai ser a maior rotatividade de mão de obra da história do Brasil. Todos nós cometemos erros", declarou o presidente.
O deputado André Janones usou suas redes sociais para anunciar na noite de quarta-feira, 11, em tom alarmista, que nas próximas horas o ministro da Defesa, José Múcio, entregaria uma carta de demissão.
Múcio desmentiu a informação. "Fogo amigo", respondeu ao Estadão o ministro. Alguns minutos depois, o próprio Janones publicou outra mensagem alegando que Múcio tinha desmentindo a informação.
Nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com a missão de distender a relação do novo governo com as Forças Armadas, José Múcio negociou com os comandantes das três Forças a data da posse, abortando um plano dos ex-comandantes do governo Bolsonaro de se negar a passar o cargo para os sucessores.
A atuação do ministro vem sendo criticada por petistas no episódio dos acampamentos de golpistas na frente dos quartéis do Exército. Enquanto Múcio defendia que ali estavam apenas pessoas fazendo uma manifestação, o ministro da Justiça, Flávio Dino, dizia que ali estavam cometendo crime. Após a ocupação e depredação de prédios públicos em Brasília no domingo, 8, Múcio passou a defender o desmonte dos acampamentos.
O Estadão apurou que o ministro da Defesa tem atuado com cautela em relação aos militares. Chegaram a ele relato de que a tropa está pacificada, mas não inteiramente convencida do resultado da eleição que levou Lula à presidência. O discurso de José Múcio tenta evitar adesão de oficiais aos movimentos extremistas.
Na Defesa, a avaliação é de que Janones está sendo usado pelo PT que quer assumir a Pasta. O deputado se aproximou de Lula nas eleições e acabou sendo descartado pelo novo governo.
Janones alega que não quer cargo no Executivo, mas chegou a declarar que queria apoio de Lula para assumir a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante da Câmara. Os petistas já avisaram, porém, que o pedido do deputado não será atendido.
Reportagem de Eliane Cantanhêde, no Estadão, aponta que Múcio tem usado uma referência futebolística e repetido que foi colocado em campo para jogar na defesa, não no ataque.
Ainda de acordo com Eliane, Múcio levou o ministro da Justiça, Flávio Dino, para almoçar com os comandantes do Exército, da Marinha, da Aeronáutica e do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas, como parte do processo de pacificação.
O pernambucano pretende levar um ministro civil por semana para um entrosamento e o próximo convidado deve ser Rui Costa, da Casa Civil, do PT.
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