Estadão Conteúdo
O presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, voltou a minimizar a relevância da "minuta do golpe", apreendida na casa do ex-ministro Anderson Torres pela Polícia Federal. Segundo Costa Neto, o recebimento desse tipo de documento era corriqueiro entre os membros do governo e havia similares "na casa de todo mundo".
"Direto (essas propostas circulavam entre pessoas do governo). Teve advogada que veio conversar comigo dizendo que tinha uma saída (após a derrota do então presidente Jair Bolsonaro). Eu dizia: 'Põe no papel e manda para cá'. E eu não dava bola, porque eu sabia que não tinha. E o Bolsonaro não fez. O pessoal queria que ele fizesse errado", afirmou o dirigente em entrevista ao jornal O Globo.
"Nunca comentei, mas recebi várias propostas, que vinham pelos Correios, que recebi em evento político. Tinha gente que colocava (o papel) no meu bolso, dizendo que era como tirar o Lula do governo. Advogados me mandavam como fazer utilizando o artigo 142, mas tudo fora da lei. Tive o cuidado de triturar."
Essa não é a primeira vez que o presidente do PL trata a minuta como fato desimportante. Na semana passada, após culpar o governo Lula pelos atos de vandalismo em Brasília, Costa Neto já havia informado que documentos semelhantes chegaram a ele. "Mas acontece que além daquele documento, vários outros circularam. As propostas vinham de todo lugar. Aquilo que acharam na casa do ex-ministro da Justiça pode ter sido uma dessas", disse à rádio CBN.
Ainda na entrevista publicada nesta sexta, o presidente do PL afirmou que Torres nunca conversou sobre a possibilidade de contestar as eleições. "Ele nunca falou nesses assuntos comigo. Um dia eu falei: 'Tudo que temos de fazer tem de ser dentro da lei'. Ele falou: 'Tem de ser dentro das quatro linhas da Constituição'", relatou Costa Neto.
Minuta de golpe
A minuta de decreto presidencial apreendida na casa de Torres prevê intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para garantir o "pronto restabelecimento da lisura e correção do processo eleitoral presidencial" de 2022. O texto afirma que elas foram "descumpridas" em "grave ameaça à ordem pública e à paz social". O nome do ex-presidente Bolsonaro aparece no final do texto, que não está assinado. A minuta foi encontrada como parte das investigações sobre o papel de Torres na invasão às sedes dos três Poderes. Ele cumpre prisão preventiva em Brasília, e deve prestar depoimento na semana que vem.