Michelle Bolsonaro estaria ligada à suspeita de caixa 2, diz site

Segundo o site Metrópoles, foram coletados documentos, relatos e gravações com funcionários do Palácio da Alvorada que mostram esquema de entrega de dinheiro para os familiares de Bolsonaro
Katarina Moraes
Publicado em 04/02/2023 às 9:38
Michelle Bolsonaro Foto: ISAC NÓBREGA/PR


Metrópoles revelou, nessa sexta-feira (3), possíveis evidências que ligam a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro às suspeitas de caixa 2 de Jair Bolsonaro (PL) no Palácio do Planalto - atualmente investigadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Foram coletados documentos, relatos e gravações com funcionários do Palácio da Alvorada, onde a família presidencial viveu. Em entrevistas, alguns contaram como se daria o fluxo de dinheiro vivo entre o Palácio do Planalto e da Alvorada para bancar as despesas privadas da família.

Segundo as entrevistas, a equipe que auxiliava Michelle repassava, várias vezes por mês, recursos na sala do tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Cid, tido como o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Cid é, hoje, investigado pela suspeita de gerenciar o caixa 2 do palácio.

Uma mensagem obtida pelo jornal mostrou Michelle pedindo para que Cid autorizasse a retirada de dinheiro. Ainda, há evidências de que ela recebia envelopes de dinheiro da amiga íntima Rosimary Cardoso Cordeiro com regularidade.

Rosimary, que era assessora de gabinete de um senador bolsonarista, teve o salário triplicado no primeiro ano do governo Bolsonaro.

Reportagem anterior do Metrópoles já havia mostrado Michelle usando um cartão de crédito de Rosimary, que é amiga dela há mais de 15 anos, desde quando as duas trabalhavam em gabinetes da Câmara dos Deputados.

Investigações da Polícia Federal apontaram que as faturas do cartão eram pagas com dinheiro em espécie administrado por Cid.

O salário de Rosi ascendeu quando Michelle se tornou primeira dama. Assessora do senador bolsonarista Roberto Rocha (PTB-MA), ganhava pouco mais de R$ 6 mil até o começo do mandato de Bolsonaro. Logo foi promovida e passou a receber quase R$ 17 mil.

A partir do novo salário, começou a enviar encomendas regulares para Michelle a bordo de carros oficiais da presidência.

Cabia à própria Rosi, tratada na intimidade do palácio pelo apelido carinhoso de Chuchu, acionar os auxiliares de Michelle, como mostra este áudio, em que ela pede para buscar a “encomenda da Mi”:

Desempregada após o término do mandato de Rocha, Rosi será nomeada nos próximos dias como assessora do gabinete de Damares Alves, outra amiga do peito da ex-primeira-dama.

Outras mensagens mostram que a primeira-dama também buscava dinheiro com Cid quando precisava, com recursos em espécie. Uma das despesas regulares pagas dessa forma era a mensalidade do curso de arquitetura de uma meia-irmã da primeira-dama, Geovanna Kathleen, de acordo com o jornal.

Na nuvem de dados de Cid há mensagens que dão o caminho. Em uma delas, um assessor da então primeira diz ao militar que “dona Michelle” havia pedido para “fazer um saque” para pagar um boleto de parcos R$ 584,60.

Cid responde prontamente: “Só peça dinheiro a mando dela!!!”. “Eu estou indo pra rua agora qualquer coisa eu passo no planalto e pego”, escreve na sequência o assessor de Michelle.

Em algumas oportunidades, os valores solicitados eram maiores. Em 11 de janeiro de 2021, por exemplo, um assessor do Alvorada diz a Cid que Michelle pediu para transferir R$ 3 mil na conta dela.

Ao Metrópoles, não responderam Jair e Michelle Bolsonaro. Cid negou que houvesse irregularidades no manejo do dinheiro, assim como Rosimary disse que não enviava envelopes com dinheiro para a primeira-dama.

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