Convidado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para ocupar a presidência do Banco do Nordeste (BNB), o ex-governador de Pernambuco, Paulo Câmara (sem partido), terá a missão de fortalecer a instituição para alavancar o desenvolvimento regional nos próximos anos.
Desde a recessão de 2015-2016 e da pandemia da covd-19 (2020-2021), o Nordeste vem enfrentando recordes de desemprego, crescimento da fome, avanço da pobreza e aumento da desigualdade social. O Banco do Nordeste é um ativo importante para ajudar a reverter este cenário.
Com 70 anos de história no Nordeste, o BNB é reconhecido como o maior banco de desenvolvimento regional da América Latina. Tem abrangência nos nove Estados nordestinos (Bahia, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe, Maranhão e Piauí), além de parte de Minas Gerais e Espírito Santo.
Presidir o Banco do Nordeste significa um forte capital político, sobretudo no governo Lula, que se comprometeu a atacar as desigualdades regionais no País. O banco tem o poder de dinamizar a economia, concedendo empréstimo a empresas dos mais diversos portes, dos mais diferentes setores e em vários municípios, permitindo uma interiorização do acesso ao crédito.
O Nordeste também foi o principal responsável pela vitória de Lula sobre o adversário Jair Bolsonaro (PL) nas Eleições 2022. No segundo turno, Lula conquistou 69,34% dos votos válidos da região Nordeste. Isso significa 22,5 milhões de votos contra 9,9 milhões do ex-presidente. Essa diferença de 12 milhões da cotação nordestina fez a diferença na eleição do presidente.
No ano passado, o BNB registrou um crescimento de 23,5% nos desembolsos na sua área de atuação. Os empréstimos com recursos recursos o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) e outras fontes somaram R$ 49 bilhões. O banco empresta recursos a empresas e pessoas físicas para
A maior parte dos desembolsos de 2022 foi realizado com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) e serviu de estímulo a negócios nos setores de infraestrutura (R$ 11,04 bilhões), agricultura (R$ 8,01 bilhões), comércio e serviço (R$ 6,98 bilhões), pecuária (R$ 6,36 bilhões) e indústria (R$ 2,77 bilhões), somando R$ 35,21 bilhões.
Além do FNE, o Banco do Nordeste também concede empréstimo com recursos do Crediamigo (R$ 10,62 bilhões) e de outras fontes (R$ 3,13 bilhões), totalizando um complemento de R$ 13,75 bilhões.
Bahia, Pernambuco e Ceará são os Estados que conseguem conquistar o maior volume de desembolsos. Pernambuco, por exemplo, garantiu desembolsos de R$ 5,6 bilhões no ano passado, um resultado 35% superior ao de 2021.
Na presidência do BNB, Paulo Câmara terá o desafio de aumenar os desembolsos de recursos para fomentar negócios no Nordeste, num momento em que o presidente Lula tem pressa em retomar a economia, reduzir a taxa de desemprego e combater a fome.
Também terá que reavaliar a análise de crédito e a velocidade com que os empréstimos são liberados, uma crítica constante dos clientes do banco. O avanço da inadimplência é outro ponto que merece atenção.
No governo de Pernambco, Câmara foi criticado por um comportamento excessivamente financista, não adiantando o processo de contatação de qualquer obra sem que houvese dinheiro no caixa. Essa atitude de manter o caixa fechado fez com que o Estado tivesse baixíssima taxa de investimento em relação aos vizinhos do Nordeste, por exemplo.
No Banco do Nordeste Paulo terá que abrir o caixa para acompanhar a promessa do governo Lula de olhar para o País, observando e atendendo as necessidades regionais. Nos últimos anos, a região Nordeste voltou a registar déficits em várias áreas e é preciso recuperar o tempo perdido.