MARIELLE FRANCO

Quem mandou matar Marielle? Veja linha do tempo da investigação do assassinato da vereadora

Cinco anos depois do assassinato de Marielle, parentes da parlamentar apostam na mudança de clima político no Brasil para que os investigadores do crime cheguem ao motivo e ao mandante (ou mandantes)

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Amanda Azevedo

Publicado em 14/03/2023 às 16:06 | Atualizado em 14/03/2023 às 20:40
O ex-bombeiro Maxwell Simões, mais conhecido como Suel, teria participado do planejamento do crime e da ocultação das provas - Renan Olaz/CMRJ

Da Estadão Conteúdo

Um duplo homicídio, dois suspeitos presos, cinco anos de investigações - quatro deles aparentemente sem nenhum avanço significativo. E muitas perguntas ainda por responder.

O caso do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, metralhados em um carro no Estácio, bairro da região central carioca, na noite de 14 de março de 2018, desafia os investigadores. O motivo do crime, possivelmente político, e o seu mandante são os principais pontos a esclarecer no caso.


Uma pequena legião de suspeitos e teorias já passaram pelos autos da investigação conduzida pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio. Ao entrar em seu quinto ano, as apurações têm pouco a apresentar além dos ex-PMs Ronnie Lessa e Élcio Queiróz.

Encarcerados preventivamente, eles negam ter participado do crime. Policiais e promotores, porém, alegam ter, contra ambos, provas suficientes para levá-los a júri popular. Falta responder a duas perguntas: quem e por que mandou eliminar Marielle Franco?

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Confira linha do tempo sobre o caso Marielle

Março de 2018: duplo homicídio

A vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, eleita em 2016 com 40 mil votos, e seu motorista, Anderson Gomes, são executados à tiros por volta das 21h do dia 14 de março de 2018.

Maio de 2018: primeiros suspeitos

O vereador Marcello Siciliano (PHS) e Orlando Oliveira de Araújo, acusado de chefiar uma milícia, são investigados pelo crime. Siciliano chegou a ser preso, mas foi descartado como suspeito.

Agosto de 2018: investigador substituído

O procurador-geral de Justiça do Estado, Eduardo Gussem, informa que o promotor responsável pelo caso Marielle, Homero Freitas, seria substituído. Freitas foi promovido a procurador de Justiça

Outubro de 2018: primeiras pistas

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) identificou o tipo físico do atirador que matou Marielle e Anderson e locais por onde o carro utilizado para o crime teria percorrido até a execução.

Novembro de 2018: investigação investigada

A PF começa a investigar uma organização de "agentes públicos e milicianos" que atuariam para obstruir a investigação. O pedido foi da procuradora-geral da República, Raquel Dodge.

Novembro de 2018: políticos envolvidos

O secretário de Segurança Pública do Rio, general Richard Nunes, afirma que a Polícia identificou envolvidos no crime, inclusive milicianos. O general disse crer na participação de políticos.

Março de 2019: suspeitos presos

A Polícia Civil e o Ministério Público prendem o PM reformado Ronnie Lessa, acusado de fuzilar Marielle e Anderson, e o ex-PM Élcio Queiroz, possível motorista do carro usado no crime.

Março de 2019: armas apreendidas

Policiais civis apreendem 117 fuzis modelo M-16 desmontados na casa de Alexandre Motta Souza, amigo de Ronnie Lessa. Foi a maior apreensão do gênero no Estado.

Setembro de 2019: fraude processual

Raquel Dodge apresenta denúncia de irregularidades na condução das investigações. Ela cita desvio das apurações com inserção de declarações falsas e fraude processual.

Outubro de 2019: operação Submersus

A Operação Submersus cumpre mandados de prisão contra Ronnie Lessa e mais quatro suspeitos. São acusados de obstrução de Justiça, porte de arma e associação criminosa.

Março de 2020: júri popular

Fica decidido que o policial militar reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Queiróz serão levados a júri popular. A decisão é do juiz Gustavo Kalil, da 4ª Vara Criminal do Rio.

Maio de 2020: federalização negada

STJ nega, por unanimidade, a federalização do caso Marielle Franco. O pedido de federalização do caso fora feita pela então procuradora-geral da República, Raquel Dodge.

Junho de 2020: bombeiro preso

O cabo-bombeiro Maxwell Simões Correa é preso por atrapalhar as investigações. Um dia após as prisões de Lesa e Queiroz, Maxwell e outros ajudaram a ocultar armas de fogo de Lessa.

Setembro de 2020: delegado novo

O delegado Moisés Santana assume a Delegacia de Homicídios da capital e o caso no lugar de Daniel Rosa. Quando houve o crime, o titular da Homicídios era o delegado Giniton Lages.

Março de 2021: investigações reestruturadas

O MP do Rio anuncia a reestruturação nos Grupos de Atuação Especializada. Voltam à equipe que investiga o caso as promotoras Simone Sibílio e Letícia Emile.

Julho de 2021: quarto delegado

O delegado Henrique Damasceno é anunciado pela Polícia Civil como o novo titular da Delegacia de Homicídios (DH) da capital fluminense. A investigação chega ao seu quarto delegado.

Julho de 2021: nova condenação

A Justiça condena Ronnie Lessa e outros suspeitos por destruição de provas. Segundo o MPRJ, Lessa e os outros quatro condenados jogaram armas no mar da Barra da Tijuca.

Agosto de 2022: Lessa condenado

Ronnie Lessa é condenado a cinco anos de prisão por tentativa de tráfico internacional de armas. Lessa começaria a cumprir a pena já em regime fechado, se sentença e a preventiva fossem mantidas

Agosto de 2022: condenação mantida

A condenação de Ronnie Lessa a cinco anos de prisão por tráfico internacional de armas é mantida. Lessa começa a cumprir a pena já em regime fechado e a prisão preventiva desse caso foi mantida.

Janeiro de 2023: procurador reconduzido

O governador do Rio, Cláudio Castro (PL), decide reconduzir Luciano Mattos para novo mandato à frente do MP estadual. Castro escolhe o segundo da lista tríplice votada pela corporação.

Fevereiro de 2023: investigação federal do caso Marielle

Após requisição do novo ministro da Justiça, Flávio Dino, a PF abre inquérito para apurar o assassinato de Marielle e Anderson. A nova apuração foi negociada com o MP do Rio.

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