Uma denúncia criminal apresentada na Justiça Federal em Pernambuco afirma que o ex-governador Eduardo Campos (PSB) era beneficiário de pagamentos feitos por uma conta em nome de um tio aberta na Suíça.
De acordo com a acusação, os repasses teriam sido realizados entre os anos de 2007 e 2014, pela empreiteira Odebrecht, em troca de favorecimentos no governo de Campos. Na época, os valores somaram R$ 771,5 mil - correspondente a R$ 4 milhões atualmente. As informações foram publicadas pelo jornal Folha de S. Paulo.
A denúncia, apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) de Pernambuco, é um desdobramento das investigações da Operação Lava Jato. Ela foi resultado de uma cooperação internacional com autoridades da Suíça, que enviaram ao Brasil os dados da conta.
Em setembro de 2022, a juíza federal Amanda Diniz Araújo, aceitou a denúncia e o processo corre sob segredo de Justiça.
Ainda segundo a publicação da Folha de S. Paulo, estão entre os acusados do crime de lavagem de dinheiro: Sandra Leote Arraes, a viúva de um tio do ex-governador, Carlos Augusto Arraes, falecido em 2010.
E o ex-dirigente da Copergás, Aldo Guedes, que também era sócio do ex-governador Eduardo Campos. Já os outros dois acusados no processo, são colaboradores da Justiça.
O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou no último dia 17, a suspensão da ação penal e do sequestro de bens em relação a Sandra Leote. O magistrado atendeu a um pedido da defesa que afirmava que outros processos que têm por base dados do acordo de leniência da Odebrecht foram paralisados.
As obras envolvidas, diz a acusação, são a terraplenagem da refinaria Abreu e Lima e projetos no porto de Suape, como um píer. O PSB de Pernambuco informou que não vai comentar o caso.
Também não quiseram comentar a denúncia os advogados de Sandra Leote Arraes e Aldo Guedes. A defesa de Sandra Arraes disse à Justiça que os depósitos atribuídos à Odebrecht na Suíça ocorreram na época em que o marido dela era o único titular junto ao banco Pictet, mas que só assumiu o controle com a morte de Carlos Augusto, em 2010.
O ex-governador de Pernambuco, Eduardo , morreu em um acidente aéreo, em Santos, no litoral de São Paulo. Na época ele disputava a presidência da República, nas eleições de 2014, e estava viajando para cumprir a agenda de campanha.
O prefeito do Recife, João Campos (PSB), filho do ex-governador Eduardo Campos, se pronunciou através de nota, na noite deste sábado.
O prefeito defendeu a memória do pai e disse que a denúncia do Ministério Público Federal é infundada. Confira a nota na íntegra:
Quem conheceu o meu pai, o ex-governador Eduardo Campos, sabe que não há o menor fundamento na denúncia realizada pelo Ministério Público Federal (MPF), que o acusava, de forma completamente equivocada, de receber propina da Odebrecht por meio de uma conta no exterior. Inclusive, a ação foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF), através de decisão do ministro Ricardo Lewandowski, o que claramente reforça a sua improcedência.
Eduardo Campos era um homem íntegro, correto e dedicado às missões que lhe foram conferidas pelo povo. Sua retidão foi uma marca que o acompanhou durante toda a sua vida pública, pautada, sobretudo, pela sua incansável luta pelo combate às diferentes formas de desigualdade.
O meu pai sempre foi motivado pela vontade de fazer, como ele costumava dizer, a máquina moer para os que mais precisam. Seus mandatos no Legislativo, sua passagem pelo Ministério de Ciência e Tecnologia e suas duas gestões à frente do Governo de Pernambuco compõem a trajetória de um homem que entendia que a política é o principal meio para promover transformações na vida das pessoas. Nunca como um caminho para o próprio favorecimento.
Eduardo Campos foi eleito, seguidas vezes, o melhor governador do Brasil, sendo ainda reeleito com o maior percentual da história. Só consegue isso quem é íntegro, dedicado, competente, fazendo bem feito para quem mais precisa.
João Campos
Prefeito do Recife