O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, confirmou nesta quinta-feira, 20, que retornou ao País, encurtando a viagem ao Reino Unido, onde estava desde a segunda-feira, 17. Fávaro chegou no País nesta tarde.
"Retornei ao Brasil nesta quinta-feira, depois de extensa agenda no exterior para ampliar as oportunidades do agronegócio brasileiro mundo afora com um saldo muito positivo. Aqui, estou em contato com os ministros Rui Costa, Flávio Dino e Paulo Teixeira. A segurança jurídica do campo é essencial para essa retomada de crescimento do agro e, consequentemente, da economia brasileira", escreveu Fávaro na sua conta oficial do Twitter, sem citar as invasões do MST.
Mais cedo, o Estadão mostrou que o ministro cancelou participação no Lide Conference em Londres e, segundo fontes, teria justificado nos bastidores o retorno antecipado pela crise com as ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Mesmo após acordo com o governo para desocupação dos locais, o MST segue em áreas da Embrapa, em Pernambuco, e da Suzano, no Espírito Santo. O movimento diz que deixará as áreas quando o governo anunciar medidas para assentar as famílias que ocupa estes locais.
Após reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Paulo Rodrigues, disse que a área da Embrapa tomada em Petrolina (PE) será desocupada quando for encontrado outro lugar para abrigar as 800 famílias que estão no local.
A desocupação da área da Embrapa foi pedida por Haddad, segundo o líder do MST. Ele disse que também está em negociação com o governo do Espírito Santo para desocupar fazendas da Suzano em Aracruz.
Durante a reunião com Haddad no gabinete do ministério em São Paulo, o MST, segundo seu coordenador, levou três reivindicações da campanha "Abril vermelho": aumento dos recursos do Incra para compra de terras da reforma agrária; uma política de crédito especial para financiar a agricultura familiar; e a inclusão da reforma agrária na agenda de desenvolvimento - tirando o tema da "agenda do conflito", contou Rodrigues.
Conforme relato do coordenador do MST, Haddad se comprometeu a criar um grupo de trabalho para tratar da situação de terras de devedores da União, e outro para os juros da agricultura familiar. Em entrevista a jornalistas após o encontro, Rodrigues sustentou que, mesmo nos governos anteriores do PT, os assentamentos só saíram quando houve ocupações.
Ele enfatizou a legitimidade da ocupação, comparando a tomada de terras a greves realizadas por sindicatos. "O MST quer defender o direito de fazer luta. A ocupação de latifúndio improdutivo equivale, para nós, a uma greve realizada por sindicato", disse o líder do movimento dos sem-terra, acrescentando que a Constituição, assim como prevê o direito à propriedade, permite o direito de luta dos trabalhadores.
"Enquanto houver latifúndio improdutivo, haverá a luta por reforma agrária", concluiu Rodrigues. Ele atendeu jornalistas quando estava deixando o prédio na avenida Paulista onde fica o gabinete do ministério da Fazenda.