O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, é alvo de uma operação da Polícia Federal na manhã desta segunda-feira (29).
A PF cumpre mandados de busca e apreensão contra Carlos Bolsonaro e outras pessoas suspeitas de recebimento de informações da "Abin paralela". Segundo as investigações, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi usada durante o governo Bolsonaro para monitorar adversários políticos.
A busca e apreensão foi autorizada na casa de Carlos e no seu gabinete na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Imagens da TV Globo mostraram viaturas da PF na residência do vereador, na Barra da Tijuca. “A diligência ocorreu das 7h às 9h, e foi acompanhada pela [equipe de] segurança da Casa e um assessor do parlamentar”, informou nota da assessoria do órgão.
Nessa domingo (28), Bolsonaro afirmou que não espionou adversários. Durante live ao lado dos filhos, o ex-presidente afirmou que as informações não chegavam até ele e defendeu Alexandre Ramagem (PL), ex-diretor da Abin.
Segundo os investigadores, a nova etapa pretende identificar os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente por meio de ações clandestinas da agência. Oito mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos. Cinco deles, no Rio de Janeiro e três em Brasília, Formosa (GO) e Salvador (BA).
De acordo com informações da Polícia Federal, Carlos Bolsonaro é “a principal pessoa da família que recebia informações da Abin paralela”. As investigações indicam ainda que teria partido dele a ideia de criar esse grupo paralelo, que teria usado a estrutura da Agência Brasileira de Informação para monitorar ilegalmente autoridades públicas e outras pessoas.
INVESTIGAÇÕES
Na última semana, o ex-diretor da Abin e deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) foi um dos alvos da Operação Vigilância Aproximada, deflagrada pela Polícia Federal, para investigar organização criminosa que teria se instalado na Abin para monitorar ilegalmente autoridades, jornalistas e políticos.
Esse monitoramento teria sido feito sem autorização judicial, por meio da ferramenta First Mile, utilizada para geolocalização de dispositivos móveis. Delegado da Polícia Federal, Ramagem foi nomeado diretor-geral da Abin em 2019 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele deixou o cargo em março de 2022. As suspeitas levantadas contra Ramagem foram comentadas pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto via redes sociais.
“Está claro que mais essa operação da PF de hoje contra o deputado Alexandre Ramagem é uma perseguição por causa do Bolsonaro. Esse negócio de ficar entrando nos gabinetes é uma falta de autoridade do Congresso Nacional. Rodrigo Pacheco deveria reagir e tomar providências”, declarou Costa Neto. “Isso é pura perseguição e pode acabar elegendo o Ramagem com mais facilidade no Rio de Janeiro”, acrescentou.
A utilização irregular do sistema de geolocalização já havia sido denunciada à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) por operadoras de telefonia. A Anatel confirmou à Agência Brasil que “há três processos a respeito do assunto em andamento”, mas que “os documentos estão com restrições de acesso de acordo com hipóteses previstas na legislação”.
De acordo com a PF, a Operação Vigilância Aproximada cumpriu mandados de busca e apreensão, além de medidas cautelares que incluem a suspensão imediata do exercício das funções públicas de sete policiais federais. A operação é uma continuação das investigações da Operação Última Milha, deflagrada em outubro do ano passado.
As provas obtidas pela corporação à época indicam que o grupo criou uma estrutura paralela na Abin e utilizou ferramentas do Estado para produzir informações para uso político e midiático, “para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da Polícia Federal”.