O ex-presidente Michel Temer disse, nesta quinta-feira (7), que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria admitir que se expressou mal ao comparar o alto número de mortes de civis palestinos durante a ofensiva israelense em Gaza com o Holocausto perpetrado por Adolf Hitler contra judeus na Alemanha. No entanto, o ex-mandatário acha que a exigência por parte de Israel de um pedido de desculpas de Lula é "um exagero".
"Para o presidente pedir desculpas, acho que há um certo exagero. O que ele poderia ter feito era, logo em seguida, quando repercutiu negativamente, vir a público e dizer que tinha sido mal interpretado. E talvez mal interpretado por ter se expressado mal", avaliou, ao chegar à "Brazil Emirates Conference", realizada pelo Lide em Dubai. "Isso deveria ter sido feito já no dia seguinte, para paralisar qualquer reação", completou.
Para Temer, a fala de Lula e a reação do governo israelense levaram a um embate desnecessário entre as diplomacias dos dois países. "Ainda há tempo para a diplomacia brasileira dizer que (o tema) foi mal expressado, mal interpretado. Mas todo o respeito e toda a tristeza por aquele evento tão trágico, como foi o Holocausto", acrescentou.
O ex-presidente lembrou que a tradição diplomática do Brasil sempre foi pelo multilateralismo, ou seja, "se dar bem" com todos os países. "No episódio Israel-Palestina, a posição tradicional do Brasil é propor a paz, que se consegue pela criação dos dois Estados. Eu sempre tomei essa cautela em todas as vezes que ia falar sobre isso na ONU ou em conferências internacionais".
Pesquisa
Como mostrou o Broadcast Político nesta quarta-feira, 6, o índice de aprovação de Lula piorou de 54% para 51%, de acordo com pesquisa Genial/Quaest realizada entre os dias 25 e 27 de fevereiro, já após as declarações do presidente sobre o conflito. Já a desaprovação à atuação de Lula aumentou de 43% para 46% no mesmo período.
Segundo o levantamento, os índices foram puxados principalmente pela opinião dos evangélicos no que diz respeito às declarações de Lula sobre o conflito entre Israel e Palestina. A comparação com o Holocausto foi considerada exagerada por 60% dos entrevistados e por 69% dos evangélicos.
Ainda ontem, o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, admitiu que a declaração do chefe do Executivo sobre a atuação de Israel em Gaza teve impacto na pesquisa, mas reforçou que o governo não irá alterar o seu posicionamento sobre a guerra.