Por falta de interlocutores experientes e com poder para tomar decisões, além da dificuldade da própria governadora de lidar com a classe política, o Governo apanhou um ano e cinco meses na Assembleia de uma oposição firme, bem preparada e alimentada pelo presidente da casa, Álvaro Porto, que se afastou do Palácio, mas muito inferior à bancada governista. Esta semana a chave mudou de lado.
Acossados pelos oposicionistas que formaram um bloco de 16 parlamentares, os governistas formaram o seu com 22 deputados o que garante fôlego à governadora que chegou ao ponto de quase perder o controle das comissões de Justiça e Finanças. Na última semana, nas votações para aprovação nessas comissões do projeto de extinção das faixas da PM, por exemplo, o governo só venceu com o voto de minerva dos presidentes dos dois colegiados.
"Nunca imaginei presenciar um Governo tão fraco na Alepe como o atual", comentou um parlamentar governista, adiantando que, por conta disso, o projeto das faixas salariais, que tinha tudo para passar com facilidade, e é uma excelente iniciativa da governadora esperada pelos policiais há dez anos, foi transformado em algo negativo pela oposição.
Embora entendam que o prejuízo já causado pela Alepe à administração da Raquel vai demorar a ser debelado, governistas festejaram a formação do Bloco. "Agora, sim, temos força para partir pra cima", afirmou um deles.
O vice-líder do Governo, deputado Joãozinho Tenório, considerado primordial nos entendimentos para convencer os partidos a integrar o colegiado - teve apoio do secretário da Casa Civil, Túlio Vilaça – acha que agora a bancada governista vai agir mais coesa na defesa do Governo. Esta semana nas comissões de finanças e administração se ouviu, pela primeira vez, deputados dos partidos da base se referirem à administração de Raquel como “nosso Governo” para combater a posição de oposicionistas.
Na verdade, quem poderia imaginar que legendas como o Solidariedade, da deputada federal Marília Arraes, faria parte do bloco? Ou que o MDB, agora de braços dados com o prefeito João Campos, faria o mesmo? A formação do colegiado vai permitir, como fez a oposição, mudar a composição de comissões e até reverter decisões tomadas esta semana.
O deputado Joãozinho Tenório acha que, além disso, o Bloco vai dar mais força e certeza ao governo dos votos com os quais pode contar. Ele ressalta também que, embora o PSB, PSOL e Republicanos tenham feito seu bloco particular, o Governo tem votos no próprio grupo que eles formaram. Dos 13 deputados do PSB, por exemplo, dois são contados na base governista (Dannillo Godoy e France Hacker) e outro, o deputado Aglaison Victor, tem estado do lado do Governo em votações importantes. Da mesma forma, os dois deputados do Republicanos, William Brígido e Mário Ricardo, votam com o Governo.
Além da força que ganha com a formação do novo Bloco, o Governo contaria hoje com o apoio de mais de 30 dos 49 deputados. Uma maioria que fará grande diferença nas votações em plenário. É esperar pra ver.