João Campos promete armar Guarda Municipal do Recife de forma 'gradual' e com câmera corporal
'Com uma equipe treinada, um protocolo específico e reforço da Corregedoria, vamos fazer um processo seguro', disse o Prefeito do Recife
Nas vésperas da eleição municipal, o prefeito do Recife João Campos (PSB) disse, pela primeira vez, que irá iniciar um plano de armamento da Guarda Municipal da capital. A confirmação ocorreu durante sabatina promovida pelo UOL/Folha de S. Paulo, nesta quinta-feira (4).
De acordo com Campos, o processo será gradual, começando por grupos específicos para um "teste". Também ocorrerá simultaneamente à implementação de câmeras corporais acopladas no fardamento (bodycam).
"Vamos começar um estudo para poder ter um novo ciclo de grupamento tático da Guarda, com cursos de formação específicos", disse. "Com uma equipe treinada, um protocolo específico e reforço da Corregedoria, vamos fazer um processo seguro. Esse é um compromisso para um segundo governo", disse.
"Quero deixar claro que não podemos confundir o papel da Guarda Municipal com o papel da Polícia Civil ou militar. Existem componentes totalmente distintos", reforçou.
2026
João Campos evitou confirmar se será candidato ao Governo do Estado em 2026. "Não podemos falar de uma eleição lá na frente sem ter enfrentado uma agora. O meu pai (Eduardo Campos) dizia que cada eleição é uma eleição. O meu foco é a eleição de 2024 e não vou falar de 2026."
Sobre a almejada vaga de vice em sua chapa de reeleição, o prefeito reforçou que a discussão está ocorrendo com a Frente Popular. "Essa discussão não é feita apenas por dois partidos (PSB e PT), mas por mais. Ela está sendo feita de forma muito tranquila, muito equilibrada. O dia da decisão será o das convenções partidárias".
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O prefeito ainda foi questionado sobre suas possíveis ambições a cargos nacionais no futuro: "Fico feliz pelo reconhecimento que a gente tem tido aqui na cidade, no convívio com as pessoas. [...] Mas não sou uma personalidade que fica pensando lá na frente, em cinco ou dez anos. Vivo cada dia de uma forma intensa".
Derrota do PSB no Estado
"De maneira geral, a política passa por um momento de transformação muito rápida. Isso tem ocorrido no mundo todo. [...] O nosso partido tem um programa reformulado, com uma estratégia partidária importante. Temos interesse em ter um partido que não é só feito de tamanho, mas que guarda coerência e sobretudo capacidade de construção".
Sobre um possível afastamento do eleitor de direita devido à relação com Lula (PT), Campos disse que a população já sabe que "sou um eleitor do presidente". "É difícil tirar projetos do papel sozinho. É uma honra poder contar com o apoio de um presidente da República, algo absolutamente natural".
Também amenizou as ferrenhas críticas que fez ao Partido dos Trabalhadores em 2020, quando concorreu contra Marília Arraes no segundo turno para a Prefeitura: "Se deu por um contexto acirrado. As decisões políticas que levaram à conjuntura daquelas duas candidaturas no segundo turno não foram as mais acertadas. Isso naturalmente elevou a temperatura da eleição para um ambiente de muita disputa."
Empréstimos
O prefeito também rebateu críticas da oposição sobre os empréstimos realizados para obras públicas. De acordo com um levantamento, o valor já chegou a R$ 3,3 bilhões.
"As operações têm sido feitas com aval da União. O empréstimo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), por exemplo, teremos 20 anos para amortizar, com seis anos de carência e taxas de juros internacionais, bem reduzidas. A Prefeitura tem capacidade de endividamento para isso."
Chuvas
O gestor argumentou que essas obras são essenciais para conter os desastres causados pelas chuvas - sua gestão enfrentou um período intenso de mortes por deslizamento, em 2022.
"O presidente Lula nos repassou algo em torno de R$ 60 milhões e tivemos a maior operação do BID com uma cidade, com R$ 1,5 bilhão, aproximadamente, para a proteção de encostas. Temos em execução mais de 3 mil obras."
Centro
O gestor também defendeu as ações do Recentro, gabinete criado para recuperação econômica e da área central. "A gente mergulhou tudo o que tinha de imposto municipal para poder viabilizar essa área: Imposto Sobre Serviços (ISS) de 2% para hotelaria e para retrofits; IPTU zero para moradia".
"Porém, aqui no Brasil não temos impostos únicos: ainda existe carga tributária federal a estadual. Você precisa pagar taxas absurdas para fazer um retrofit em um prédio de 300 anos, que conta com várias exigências diferenciadas. Acho que isso não está certo. É preciso de modelos de incentivo e a reforma tributária precisa liderar esse debate."
Trânsito
"Avançamos em diversas frentes, desde a mobilidade ativa, com obras de requalificação em calçadas, implantação de ciclovias e urbanismo tático. Temos mudanças do sistema viário, pois localizamos pontos críticos de cada localidade. Implantamos semáforos adaptativos, que abre de acordo com o fluxo de carros. Construímos pontes: estamos na reta final da Ponte da Iputinga e temos a Ponte Areias-Imbiribeira".
Cultura
João Campos também defendeu os altos investimentos em ciclos festivos, sobretudo no Carnaval - na terça-feira (2), nessa mesma sabatina, o pré-candidato Gilson Machado disse que "reduziria a verba".
O socialista também garantiu acabar com a inadimplência da Prefeitura com o ECAD, escritório que recolhe verbas para compositores que tiveram músicas executadas em eventos públicos.
"São mais de 24 anos de litígio judicial, mas virou um tema recente e que está no nosso radar. Para mim, é uma pauta nova que está sendo trazida, de imediato, para a equipe começar o diálogo. Vamos respeitar e buscar esse acordo. A nossa equipe está instruída a intensificar o diálogo".
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