DESTAQUE PERNAMBUCANO

De deputado federal a ministro de Lula, Sílvio Costa Filho vira quadro majoritário aos 42 anos

Este ano, quando ninguém esperava, tornou-se ministro do presidente Lula e já é citado como um dos mais fortes postulantes para o Senado em 2026

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TEREZINHA NUNES do BlogDellas Especial para o JC

Publicado em 13/07/2024 às 10:07
O ministro Silvio Costa Filho - GUGA MATOS/JC IMAGEM

“Filho de Silvio Costa”- essa era a forma como o então pedagogo Sílvio Costa Filho era chamado aos 21 anos quando tomou posse como o vereador mais jovem da História do Recife. Dono de colégio na capital, Sílvio pai acabou enveredando pela política e levou junto os filhos. De vereador, Sílvio Filho – também chamado de Silvinho – chegou a deputado estadual e em 2018 elegeu-se deputado federal, reelegendo-se em 2022 em quarto lugar no estado, só perdendo para os evangélicos André Ferreira e Clarissa Tércio e para Pedro Campos.

Este ano, quando ninguém esperava, tornou-se ministro do presidente Lula e já é citado como um dos mais fortes postulantes para o Senado em 2026. O que explicaria tão meteórica carreira? Expressões populares como “dá nó em pingo-d’água”, “faz do limão uma limonada” são corriqueiras nas conversas entre políticos quando se referem a ele e à sua habilidade no dia-a-dia. O seu companheiro de partido, deputado Augusto Coutinho, diz que ele é “muito esforçado, trabalhador e atencioso com todos à sua volta e tem uma agenda diária que varia das 14 às 16 horas”, um “workaholic”, expressão inglesa usada para qualificar as pessoas viciadas em trabalho.

Apesar de ter tido o apoio do pai para entrar na política, hoje traça seus próprios caminhos. Tem um estilo completamente diferente de Sílvio pai que ficou conhecido pelos embates na Câmara Federal quando atuava na defesa da presidente Dilma Housseff na época do impeachment e enfrentava aos berros os opositores. Muito mais comedido, no entanto, ele não deixou de ser beneficiado pela aproximação de Silvio Costa com o PT. “Silvinho é o único petista que conheço filiado ao Republicanos”- diz um deputado estadual amigo do ministro.

Na verdade, para chegar a ministro dos Portos e Aeroportos do Governo Lula, ele conseguiu aliar a proximidade do pai com o presidente ao fato de fazer parte de um partido de centro-direita, que apoiou Bolsonaro, embora ele próprio nunca tenha escondido o voto em Lula. Nos bastidores, ele atuou, fortemente, para levar o Republicanos para a base de Lula. Conta-se nos corredores do Congresso que, sabendo que o único nome do Republicanos capaz de ganhar assento na Esplanada dos Ministérios era ele próprio, Silvinho lutou com unhas e dentes pela aproximação do presidente nacional do partido, deputado Marcos Pereira com o presidente Lula. Até chegar lá.

Mesmo formado em pedagogia com especialização em administração, ou seja, sem as necessárias qualificações técnicas para gerir um Ministério como que lhe foi entregue – antes foi cotado para outras pastas como Ciência e Tecnologia - Silvio Filho, segundo ex-colegas deputados federais, em poucos dias dominou o assunto ao ponto de dar entrevistas citando pormenores da pasta e se referindo aos portos e aeroportos brasileiros – grandes e pequenos – como se estivesse convivido no ramo há muitos anos.

Recentemente, quando ocorreu a tragédia no Rio Grande do Sul, seguida de um colapso no sistema de transportes que parecia não ter solução, ele se deslocou para o estado, discutiu estratégias com as equipes do Governo Eduardo Leite, e foi o único auxiliar do presidente – além de Paulo Pimenta, que cuida exclusivamente do Rio Grande do Sul - a prestar contas diariamente do trabalho de desobstrução dos aeroportos tomados pelas águas. É bastante elogiado em Porto Alegre pelo que feito no estado.

Quando entra em um Governo, ele não economiza na defesa pública do seu comandante. Era assim como foi secretário do governador Eduardo Campos. Em todas as entrevistas que dá não fala apenas do trabalho de sua pasta mas de quase todas as áreas de atuação do Governo Federal, creditando tudo ao presidente. Esse seu afã chegou a ser motivo de burburinho entre ministros com assento no Palácio do Planalto, preocupados com a relevância que suas entrevistas estavam ganhando e pela abrangência das mesmas.

Da mesma forma que pegou um ministério sem expressão ao qual conferiu status de pasta importante, Silvinho está transformando o Republicanos em Pernambuco – partido considerado pequeno e até então dominado pela Igreja Universal – em legenda de média para grande. Conseguiu trazer para o partido o deputado federal Augusto Coutinho que, como ele, se reelegeu em 2022 e é o atual líder da bancada pernambucana na Câmara dos Deputados, e ajudou a eleger dois deputados estaduais Mário Ricardo e William Brígido.

Ele aproximou-se do prefeito do Recife, João Campos, com o qual tem rodado o estado nesta campanha municipal e celebrado parcerias com o PSB. Sua relação com os socialistas é tão estreita que na Assembléia se diz que a legenda “está virando um puxadinho do PSB”. Mas foi a partir disso que o Republicanos está apresentando candidatos a prefeito em 80 municípios e pretende chegar a comandar mais de 40 municípios em 2025. Isso credencia ainda mais Silvinho a garantir uma vaga de Senador em 2026, numa lista de pretendentes que já passa de seis.

Não à toa ele tem divulgado bastante os investimentos de seu ministério para Pernambuco. Na área de Portos anunciou o aporte de R$ 366 milhões em Suape para serem utilizados em obras de dragagem e na conclusão do molhe. Também em Suape serão investidos R$ 1,6 bilhões dentro do programa Navegue Simples que trata de arrendamentos portuários. No Porto do Recife vão ser investidos R$ 120 milhões em dragagem além de R$ 60 milhões advindos do leilão de três terminais no mês de agosto. Na área de Aeroportos já foram anunciados R$ 140 milhões para ampliação do Aeroporto de Caruaru e R$ 56 milhões para o de Petrolina.

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