Frente Popular confirma candidatura de João Campos à prefeitura do Recife; aliados alfinetam candidatura apoiada por Raquel Lyra

O ato,realizado no Clube Português, conta com a presença de várias lideranças políticas nacionais, como o vice-presidente Geraldo Alckmin

Publicado em 04/08/2024 às 12:07 | Atualizado em 04/08/2024 às 17:09

Com informações do repórter Emannuel Bento, do JC

A Frente Popular do Recife realizou, na manhã deste domingo (4), a convenção que oficializa a candidatura à reeleição do prefeito João Campos (PSB), que tem como vice em sua chapa, Victor Marques (PCdoB). O ato está sendo realizado no Clube Português e conta com a participação de várias lideranças políticas locais e nacionais, e representantes dos 12 paridos da base de apoio ao candidato, além da militância.

Durante os discursos, chamou atenção o tom oposicionista adotado por agora ex-aliados da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), que está apoiando o candidato a prefeito Daniel Coelho (PSD). O presidente da Assembleia Legislativa (Alepe), Álvaro Porto (PSDB), fez questão de reforçar o palanque do socialista, mencionando que na política "é preciso ter lado".

Para quem não se recorda, a governadora foi eleita sem ter declarado em quem iria apoiar no segundo turno da campanha presidencial, em 2022. A postura de neutralidade diante da disputa entre os então candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), até hoje gera inúmeras críticas. 

"Aprendi que para se fazer campanha, para se fazer política, a gente não pode fazer política em cima do muro, nós temos que ter lado. Por isso tem que ter lado, por isso que não sou de ficar em cima do muro", disparou Álvaro Porto, que não esconde o tensionamento da relação com a correligionária. 

"Ontem, em uma convenção, disseram que iria incomodar e fazer raiva, mas a gente sabe que eles estão incomodando e fazendo raiva ao povo de Pernambuco com o Governo do Estado que não faz entrega. Por isso que o povo do Recife vai dar 'a maior pisa' da história da capital pernambucana. Recife precisa de você, Pernambuco precisa de João Campos. Por isso estou aqui trazendo meu apoio e apoio do grupo político para essa vitória", concluiu o presidente da Alepe em seu discurso. 

A convenção mencionada por Porto foi a do ex-secretário de Turismo e ex-deputado federal Daniel Coelho. Que teve sua chapa, composta pela ex-secretária da Mulher Mariana Melo, como candidata a vice-prefeita, oficializada nesse sábado (3). 

MUDANÇA DE PALANQUE

O ex-prefeito de Petrolina Miguel Coelho (União) também marcou presença no evento partidário, reforçando o seu apoio a candidatura de João Campos. Ele, que declarou apoio a Raquel Lyra no segundo turno das eleições de 2022, oficializou a entrada do seu grupo político com a indicação do seu irmão, o deputado estadual Antônio Coelho (União) para assumir a Secretária de Turismo e Lazer do Recife. 

"João, estou aqui hoje em nome do nosso partido União Brasil, e fiz questão de poder vir com membros do nosso partido para deixar claro que a gente acredita que não existe pessoa mais preparada para poder liderar e continuar cuidando do povo do Recife, que é o prefeito João Campos", declarou o ex-prefeito.

Miguel Coelho também relembrou a sua trajetória política quando disputou a reeleição em 2020. Reeleito prefeito pelo MDB, Coelho venceu com 76% dos votos válidos. Na ocasião, o ex-gestor disse que venceu porque não deu "ouvidos aos adversários". Vale lembrar que a gestão de Miguel Coelho fazia oposição ao PSB estadual, liderado pelo então governador Paulo Câmara. 

"Por que consegui isso? Porque eu não dei atenção para os adversários, eu foquei nas pessoas, olhei nos olhos das pessoas e perguntei como eles queriam que a nossa cidade continuasse crescendo. E você é uma revelação não só pelo nome que carrega, mas pelo talento, pela habilidade e pela competência que já demonstrou para a liderança da nossa capital", disse Miguel Coelho. E completou: "Para os adversários que lhe criticam, deixe eles falando sozinhos. Até porque Marília [Arraes], quem hoje está criticando João Campos, prometeu mudança em Pernambuco, mas só deu desculpas até hoje e nada fez para melhorar nosso Estado". 

UNIÃO DOS DIFERENTES

"João Campos é Marília Arraes e Marília Arraes é João Campos". Foi assim que a presidente do Solidariedade em Pernambuco e ex-deputada federal finalizou o seu discurso durante a convenção da Frente Popular do Recife. Adversária do prefeito do Recife em 2020, Marília afirmou que entende a política como a "união dos diferentes". 

Ela que saiu do PSB e ingressou no PT para disputar a Prefeitura, levando o pleito para o segundo turno, com 27,95% dos votos válidos, mas não alcançou a vitória, explicou que a reaproximação entre os dois começou a ser desenhada em um momento crítico da democracia brasileira. 

"A construção da nossa unidade começou no momento mais crítico do país, em que a democracia estava ameaçada, os direitos do povo brasileiro, do trabalhador, cada vez sendo mais atacados. Foi aí que João Campos e todo seu partido, declararam apoio ao nosso projeto em 2022. Independentemente do resultado das urnas, a política é feita pelo nosso lado e pelos nossos sonhos", declarou Marília, que naquele ano disputou o segundo turno, agora pelo Solidariedade, com a governadora Raquel Lyra. 

"Meus sonhos são os mesmos de uma mãe que sai de madrugada com um filho e não tem como ser atendida em um sistema de saúde. De uma mulher que precisa de uma creche para ter seu filho bem acompanhado. Esses foram os sonhos que sempre me moveram e que me moveram também em 2020, João", disse a dirigente.

"Mas fico muito feliz porque quem torce pelo 'quanto pior, melhor' nem deveria estar na política. Tem gente que está aí em cadeiras por onde passou muita gente forte, que está torcendo pelo 'quanto pior, melhor' para nossa cidade. Aqui a gente torce e fica feliz quando o povo tá bem", disparou. 

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