Daniel Coelho acusa João Campos de manipular déficit habitacional e negar creches em parceria com governo Raquel

Em sabatina à Rádio Jornal, candidato do PSD à Prefeitura do Recife prometeu parcerias com governo estadual e faixa exclusiva para motos

Publicado em 04/09/2024 às 15:26 | Atualizado em 04/09/2024 às 18:44

O candidato do PSD à prefeitura do Recife, Daniel Coelho, foi sabatinado pela Rádio Jornal na manhã desta quarta-feira (4). Ele iniciou a conversa dizendo que o atual prefeito e candidato à reeleição, João Campos (PSB), estaria em "desespero" por receber críticas nesse período eleitoral.

"Da semana passada pra cá, tudo que eu falei, ele me colocou na Justiça. Ele me acionou 11 vezes na Justiça, perdendo praticamente tudo. Mas há um desespero. Ele não está acostumado com a crítica, não está acostumado com o contraponto", disse Daniel, que é apoiado pelo governo estadual no pleito municipal.

"A eleição é sobre 150 mil pessoas que não têm o que comer hoje à noite. A eleição é sobre o Recife ter se tornado, nos 12 anos de João Campos, Geraldo Júlio e do PSB, a segunda capital mais desigual do Brasil", completou.

HABITAÇÃO

Daniel também acusou a gestão PSB de modificar propositalmente os números do déficit habitacional da cidade no site oficial da prefeitura. Segundo ele, o número anterior seria de 71 mil, e foi alterado para 54 mil — quantitativo apresentado por João Campos (PSB) na sabatina à Rádio Jornal na última segunda-feira, quando o prefeito rebateu a acusação de Daniel.

"Esse debate ficou muito grave. A gente está incomodando tanto que, a poucas horas antes da sabatina aqui da Rádio Jornal, eles foram e alteraram o site da prefeitura, manipulando o número. Até a meia-noite de anteontem eram 71 mil e mudou. Eu tenho os prints. De 00h01 ele mudou os números. Isso é atitude de ditador, você querer mudar os números dentro de um processo eleitoral. É brincadeira a tentativa de manipular", denunciou Daniel Coelho.

"Ele [João Campos] já me acionou na Justiça porque eu falei 71 mil no guia e ganhei. Mas o mais grave é que, seja 71 mil ou 54 mil, não muda, não tira as famílias que estão debaixo da ponte. Não resolve o problema ele baixar o número", continuou o candidato apoiado pelo governo estadual.

"João Campos fez 1.772 habitações, nenhuma com projeto apresentado por ele, todas apresentadas por prefeitos anteriores, inclusive da época do PT. Eu fui líder da oposição ao governo João Paulo, não tô falando de aliado, não. Estamos falando do prefeito que menos fez. Não adianta ele querer mudar o número, porque isso não vai mudar o quadro", completou Daniel.

O candidato do PSD seguiu falando de habitação criticando os gastos da prefeitura com eventos. "A gente teve ano passado investimento em habitação de R$ 13 milhões, em 2023. Gasto com festas foi de R$ 250 milhões. Se tem alguém que acha isso correto, tem um candidato e o número dele é 40. A gente precisa acordar para o que está sendo feito", concluiu Daniel Coelho.

CRECHES MUNICIPAIS

O candidato também afirmou que pretende estreitar a relação do município com o governo estadual, afirmando que a gestão João Campos deixou de aceitar propostas da gestão Raquel Lyra para a criação de creches.

"É muito mesquinho ficar governando fazendo disputa. Alguns falam que João Campos não teve oposição e me cobram e até me cobram 'por que você não falou antes?' Eu era secretário de Turismo até ontem. Ninguém nunca me viu criando dificuldade com a prefeitura do Recife. Pelo contrário, a gente fez ações em conjunto. O que a gente não explica é, por exemplo, o governo do estado estar procurando município para fazer três creches e o município negar, isso tá acontecendo hoje. Até agora sem resposta. Cozinha comunitária também não consegue fazer porque eles não respondem. É ruim quando a gente cria esse ambiente de briga", afirmou Daniel.

Ele continuou reforçando a denúncia de que haveria irregularidades no programa de creches mantidas pela gestão atual em parcerias público-privadas, já criticadas também por Dani Portela e Gilson Machado. Embora tenha afirmado que poderia manter o modelo em conjunto com o governo federal, Daniel Coelho disse que faria de outra forma.

"A gente tem uma demanda urgente a ser feita na cidade do Recife, que é fazer creche decente. A gente vai procurar para a gente acabar com essa máfia das creches da cidade do Recife. Isso é um assunto muito grave que está acontecendo. O modelo do jeito que é proposto pelo governo federal pode funcionar. O problema é a cabeça arcaica de quem está fazendo aqui, um modelo coronelista, em que tudo é feito no toma lá, dá cá. Ele não está cumprindo com o modelo. Fazer a parceria com o governo federal, pegar dinheiro do Fundeb e abrir com parceria público-privada, nós vamos fazer, mas vamos fazer dentro da legislação", declarou.

TRÂNSITO

Questionado sobre suas soluções para o trânsito do Recife, Daniel Coelho voltou a defender a criação de um corredor exclusivo para motos e o investimento da prefeitura no transporte público.

"Esse aumento no número de motos na cidade, não só nos aplicativos mas também com usuários individuais, a gente tem um contingente imenso e a cidade não se preparou para debater isso. A gente tem a proposta de estabelecer os espaços específicos para moto, sem inventar a roda, copiando o que está sendo feito na França, em São Paulo, que é demarcar o espaço da moto, o corredor da moto entre as faixas de carros", disse Daniel.

"Em vias a partir de três faixas você já tem o corredor informal, quando as motos passam no meio dos carros, e aí acabam acontecendo os acidentes. Os corredores exclusivos não tiram o espaço dos carros, têm ganho de velocidade e têm melhoria na proteção das pessoas. A gente não altera o volume de veículos, mas organiza. Isso pode ser aplicado em avenidas como Agamenon Magalhães, Abdias de Carvalho, Boa Viagem, Domingos Ferreira, avenidas largas", detalhou o candidato.

Sobre a regulamentação dos transportes de aplicativo, Daniel informou que não enxerga problema, mas defendeu maior investimento por parte da gestão municipal no transporte público.

"A gente já tem regulamentação tanto federal como municipal, e não vejo que problema está nisso. O problema é não preparar o trânsito para essa demanda. Quando o trabalhador começa a ganhar dinheiro quer logo comprar um carro e uma moto para não depender de transporte público. A moto se transformou no principal transporte de grande parte dos trabalhadores. A opção do transporte público que temos é ineficiente e o Recife é a única capital que não investe no transporte público no Recife", afirmou.

ALAGAMENTO

Sobre os alagamentos da cidade, Daniel Coelho reconheceu que o problema é complexo e que é preciso pensar de forma abrangente, não buscando soluções individuais para cada ponto da cidade.

"Antes precisava chover para alagar, mas hoje a maré alta já alaga. Temos 21 pontos de alagamento crítico no Recife, como a Abdias de Carvalho, por exemplo. Por que isso? O problema é complexo, não vou querer apresentar solução fácil. Alagamento é sobre macrodrenagem, é pensar o bairro como todo. Ou seja, eu preciso olhar de cima e pensar como é que eu resolvo o escoamento do bairro. Ou eu resolvo a dragagem na região como um todo ou aquilo vai ser enxugar gelo", apontou.

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