Presidente estadual do PSB rebate Raquel sobre FEM de Eduardo Campos: 'falta de compromisso com a realidade'

Sileno Guedes afirmou que governadora tem 'prática antiga de não reconhecer programas exitosos'. Raquel afirmou que fundo 'não virou realidade'.

Publicado em 04/12/2024 às 12:16
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Uma declaração da governadora Raquel Lyra (PSDB) sobre o antigo Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Municipal (FEM), proferida durante evento com prefeitos eleitos, no Recife, não foi bem recebida pelo PSB, partido do ex-governador Eduardo Campos, criador do fundo.

Na última segunda-feira (2), Raquel disse que não reeditaria o fundo porque ele "não virou realidade nos municípios pernambucanos" e que até hoje "projetos estão enganchados".

O atual presidente estadual do partido, Sileno Guedes, afirmou que o FEM foi uma das principais políticas municipalistas dos últimos anos em Pernambuco, e que a fala de Raquel mostra "profunda falta de compromisso com a realidade".

"Por meio do Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Municipal (FEM), mais de 870 obras foram concluídas no estado, totalizando mais de R$ 400 milhões em repasses. Só em Caruaru, cidade da qual ela foi prefeita, R$ 9,3 milhões do FEM viabilizaram a entrega de 11 obras de urbanização, pavimentação e drenagem", defendeu Sileno, que também é líder do PSB na Assembleia Legislativa de Pernambuco.

No discurso da segunda-feira, Raquel Lyra afirmou que não recebia recursos do fundo estadual quando liderava a prefeitura de Caruaru, no Agreste, o que também desagradou Sileno.

"Quando a segurança melhorou em Caruaru, após medidas como a criação do Batalhão Integrado Especializado de Policiamento (Biesp), a então prefeita atribuiu os resultados ao seu programa municipal, que não deu certo lá e nem vem prosperando em sua versão estadual. Sem ter o que mostrar, a governadora prefere atacar políticas públicas de governos anteriores", atacou o dirigente.

"Não reconhecer o papel de programas exitosos é prática antiga da governadora. Esse governo não tem noção e não sabe diferenciar o que é uma ação de Estado de uma ação política. Isso é evidenciado quando se encerra programas como o 13º do Bolsa Família e o Mãe Coruja e quando se deixa a CNH Popular se arrastando e o Ganhe o Mundo bastante atrasado", completou.

Críticas ao evento

Sileno também criticou o evento realizado pela governadora na última segunda. Na visão dele, os gestores ouviram menos propostas do que esperavam.

"Alguns viajaram 700 quilômetros e acabaram vendo slides requentados e sendo apresentados de longe a um secretariado repleto de desconhecidos, ainda que o governo tenha começado há dois anos. A governadora deveria ser mais cuidadosa, pois os diagnósticos de seus assessores sobre o encontro de ontem não condizem com o que se fala fora dos microfones, no Pernambuco real e descontente com sua gestão", disparou o líder pessebista.

Ele ainda confrontou uma das principais bandeiras apresentadas pela governadora, que frequentemente reafirma ser municipalista.

"Ser municipalista é ter compromissos efetivos. É promover uma repartição de receita que permita aos municípios a decisão sobre suas prioridades e a possibilidade de se desenvolver e gerar empregos para sua gente, e não apenas convidar prefeitos para uma foto. Que parceria é essa que paralisa a execução de convênios firmados e não renova sequer cessões de servidores aos municípios através de convênios de cooperação?", questionou Sileno Guedes.

Rodrigo Fernandes/JC
Raquel Lyra comandou evento "Mudar Juntos" com prefeitos - Rodrigo Fernandes/JC

Aliados e opositores

O dirigente do PSB também criticou a relação do governo com prefeituras de campos ideológicos de oposição. No dia do evento, vale lembrar, um documento atribuído à gestão Raquel, vazado pela Folha de São Paulo, enumerava as cidades consideradas aliadas ou opositoras pelo estado.

A governadora, em entrevista na chegada ao evento, afirmou não ter conhecimento desse arquivo. "A primeira decisão é de trabalhar junto com os municípios, independente de coloração partidária", falou a gestora na ocasião.

Sileno, porém, criticou a postura do governo. "Este é um governo que não compreende que não existem prefeitos aliados ou adversários. As eleições foram encerradas e só haverá outras em 2026. Até lá, todos têm o mesmo propósito. O fato é que, no lugar do FEM, ao qual todos têm acesso, querem voltar à época do pires na mão, com as prefeitas e prefeitos suplicando auxílio", declarou.

"Repito o que disse o prefeito de Garanhuns, Sivaldo Albino, expressando sua indignação: 'a montanha pariu um rato'", concluiu Sileno Guedes.

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