Queda da aprovação de Lula em Pernambuco é significativa, mas não tem relação com 2026, avalia João Paulo
Deputado estadual e liderança do PT no estado avalia que aprovação do petista na Quaest não tem relação com o palanque duplo montado no estado
A queda de oito pontos percentuais na avaliação de Lula em Pernambuco revelada na pesquisa Quaest desta quarta-feira (11) é vista como preocupante para alguns aliados locais do petista, embora o índice positivo do presidente ainda seja considerado confortável no estado, somando 65% contra 33% de reprovação.
No cenário geral, Lula somou 52% de aprovação entre os brasileiros, contra 47% de reprovação.
“Apesar do índice alto, a queda de oito pontos é significativa, mas isso tem relação também com o resultado eleitoral do PT. Acredito que o resultado eleitoral do PT em Pernambuco poderia ter sido bem melhor”, avaliou o deputado estadual e ex-prefeito do Recife João Paulo, uma das maiores lideranças petistas do estado, lembrando que o PT só elegeu seis prefeitos no pleito deste ano.
A avaliação da administração de Lula também caiu no estado, segundo a pesquisa, indo de 52% para 48%. Apesar disso, Pernambuco seguiu como estado com maior índice de avaliação positiva entre as cinco capitais pesquisadas.
Um dos fatores que pode estar contribuindo para isso, não só em Pernambuco, mas a nível nacional, são os problemas na comunicação institucional, criticados até pelo próprio presidente. Na pesquisa desta quarta, por exemplo, 62% dos entrevistados não tinham ouvido falar do pacote fiscal anunciado por Fernando Haddad no final de novembro.
“Acho que ainda é influência das fake news, das mensagens transmitidas à população, inverdades. Acho que o governo está tendo muita dificuldade na comunicação dos grandes avanços sociais que o governo trouxe nesses dois anos de governo”, apontou João Paulo.
“O apoio dele ao estado, à governadora Raquel Lyra, aos prefeitos, melhorou muito a qualidade de vida dos pernambucanos, mas não está tendo a visibilidade necessária. Apesar de reconhecer que a governadora tem sempre falado do quanto o presidente abriu as portas dos ministérios para ela, em prol do povo pernambucano”, avaliou João Paulo.
De fato, a governadora Raquel Lyra tem intensificado a aproximação com o governo federal. Nesta quarta, por exemplo, ela fez questão de citar o presidente no anúncio do lançamento dos editais para obras no Trem 2 da Refinaria Abreu e Lima.
“Seguiremos firmes no trabalho, sempre em diálogo com o governo federal, com o presidente Lula, para os investimentos essenciais no nosso Estado”, afirmou Raquel, que, conforme apontam os rumores, deve migrar para um partido da base lulista para colar ainda mais no presidente.
Palanque duplo
Na visão de João Paulo, o palanque duplo montado por Lula em Pernambuco, num momento em que ele se aproxima de Raquel Lyra ao mesmo tempo em que tem o prefeito João Campos (PSB) na sua base, não respinga na aprovação do presidente.
"O povo não entenderia o fato de Lula ser presidente e não apoiar o prefeito do Recife, como também não aceitaria o fato de ter estado na eleição do presidente e ele não ter aberto as portas para a governadora. Agora, o que tá faltando é o prefeito do Recife reconhecer publicamente os investimentos do governo federal na cidade”, disparou o deputado, se esquivando de observações a respeito do próximo pleito.
“A eleição para governador é uma e para presidente é outra. Em 2026, o presidente vai saber separar e a conjuntura daquele momento é o que vai definir”, avaliou.
No próximo sábado, o PT de Pernambuco vai realizar um encontro com integrantes das bancadas municipal, estadual e federal para discutir os passos do partido a partir de 2025. Nesse encontro, o partido deve estudar ações para ampliar o reconhecimento das ações de Lula no estado e no diretório local.
"O partido tem que cumprir o papel. Os partidos que fazem a base tem que se empenhar mais, mas acima de tudo, os governantes municipais e a governadora do estado, podemos reforçar, ter o reconhecimento do que o governo Lula vem fazendo pelo povo", concluiu João Paulo.