REDES SOCIAIS

Algoritmo do TikTok pode ter ajudado a escalonar ódio contra o filho de Walkyria Santos?

Morte do jovem de 16 anos, filho da forrozeira Walkyria Santos, é mais um caso para discutir discurso de ódio nas redes sociais

Cadastrado por

Augusto Tenório

Publicado em 04/08/2021 às 18:06 | Atualizado em 04/08/2021 às 18:35
A cantora Walkyria Santos - Reprodução/Instagram @walkyriasantosoficial

Nesta semana, o choro de Walkyria Santos quebrou a barreira digital, fazendo lacrimejar os olhos de quem assistia nas redes sociais o desamparo de uma mãe que acabara de perder o filho. O jovem, com apenas 16 anos, foi encontrado morto após ser alvo de ataques homofóbicos. Ele havia publicado no TikTok vídeos de uma brincadeira com um colega e a forrozeira falou em "ódio na internet" ao comentar o ocorrido.

Vídeos mostram o jovem comentando a repercussão da brincadeira nas redes sociais. Ele se diz heterossexual e conta ter publicado as imagens somente para ganhar "umas 500 visualizações" no TikTok. Como ele fala, porém, "500 visualizações pularam para mil, depois para 10 mil...". O que isso pode dizer sobre a rede social?

No final de julho, chamou atenção um relatório do The Wall Street Journal sobre como o algoritmo do TikTok funciona para conhecer o usuário de forma rápida e "efetiva", para oferecer o conteúdo. A publicação criou mais de uma centenas de contas automatizadas, com identificadores específicos de idade, moradia e interesses.

Em alguns casos, o TikTok precisou de menos de 40 minutos para perfilar os interesses dessas contas. Isso significa que o algoritmo é eficiente em mostrar a cada usuário conteúdo relevante para o seu interesse, seja por causa do seu gosto ou desgosto, para mantê-lo na plataforma o maior tempo possível.

Essa efetividade acende alertas pois, se vários usuários homofóbicos estão afunilados, interagindo com uma publicação específica, cresce a tendência desse conteúdo chegar à contas similares. Reportagem recente do Business Insider mostra como campanhas de ódio podem funcionar na rede social.

Não adianta, porém, colocar a culpa somente no algoritmo de uma rede social. O mecanismo está em constante atualização, visando impedir a distribuição do discurso e ódio. Esse conteúdo se espalha, primeiramente, porque alguém concorda com ele e se sente confortável para colocá-lo nos meios digitais.

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