A morte de Dudu Braga, nesta quarta-feira (8), foi em decorrência de um câncer no peritônio, descoberto há um ano. O peritônio é maior membrana do corpo e reveste a parede abdominal. Foi um câncer do tipo que matou a apresentadora Hebe Camargo, em setembro de 2012.
Dudu Braga, filho de Roberto Carlos, contou na semana passada que descobriu o câncer no peritônio por causa de três pontinhos que apareceram na membrana. O diagnóstico foi obtido há um ano, ele se submeteu a tratamento e foi curado. Até que a doença voltou em julho deste ano e começou a inflamar o aparelho digestivo com mais facilidade, necessitando de medicação intravenosa e quimioterapia.
A doença se tratava de uma metástase de um câncer que ele teve anteriormente, no pâncreas, do qual foi curado. Com o tratamento recente, o tumor nem regrediu nem progrediu, e por isso era considerado estável. No entanto, sem cura; irreversível.
Ao UOL, o cirurgião oncológico João Siufi Neto, dos Hospitais São Luiz Itaim, BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo e na Clínica Medicina da Mulher, explicou que o câncer no peritônio é, geralmente, fruto de metástase, que se trata de uma uma nova lesão tumoral, formada a partir de outra, mas sem continuidade entre as duas.
Sobre sintomas, o médico contou que são variados. A pessoa pode, inclusive, não ter sintoma, ou apresentar um volume abdominal e, em caso mais sério, sofrer de uma obstrução do trânsito intestinal.
Hebe Camargo
A apresentadora Hebe Camargo, que faleceu no dia 29 de setembro de 2012, também enfrentou um câncer no peritônio. No caso dela, primário - ou seja, não se tratava de metástase. Em 2010, quando diagnosticada com a doença, ela brincou: "Grávida eu sabia que não estava, porque não tinha feito nada para engravidar. Fizemos os exames e deu que eu estava com câncer no peritônio. Até eu falava 'periscópio'. Falei: 'Nunca soube que eu tinha peritônio. Não é periscópio?'".
Hebe Camargo se submeteu a tratamento com remédios e quimioterapia, uma vez que não é possível tirar todo o peritônio da pessoa, e ficou curada. Mas, a doença voltou no ano seguinte, em 2011, levando a apresentadora a novas sessões de quimioterapia. Com o avanço da doença, que não regredia, passou por cirurgias em 2012, ano em que faleceu.
O câncer primário de peritônio, membrana que produz uma secreção que faz com que os órgãos do abdômen deslizem uns sobre os outros sem machucá-los, é um dos mais raros no Brasil. Atinge cinco pessoas em cada grupo de 100 mil pessoas.